Capítulo 3: Medo

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"Experimento 905: Roosevelt disse: 'a única coisa que devemos temer é o próprio medo'. Ele estava, claro, completamente errado"

– Espantalho





Templarix pisou na sala de treino. Usava uma roupa colante totalmente preta. Olhou em volta, ao ver várias pessoas sentadas, em pé, conversando, com olhar desesperado. Ela, definitivamente, não era a única perdida. Tomou um susto quando ouviu uma voz muito alta dizer:

– Bom dia, metahumanos. Meu nome é J'onn J'onzz, mas vocês devem me conhecer por vários nomes envolvendo "caçador", "Marte" e "marciano". Isso não importa, agora – um homem apareceu planando a alguns metros de Rylai. Assim como ela, todos olharam para cima, a fim de prestar atenção no homem verde com uma extravagante capa azul. – Vocês foram juntos aqui por um motivo: vocês absorveram uma quantidade muito concentrada de uma substância ainda não identificada que foi espalhada pela atmosfera ontem. Não obstante, vocês são os sortudos que o fizeram e sobreviveram. Mas vocês não são todos, aqui só estão presentes os que adquiriram afiliação com... baixas temperaturas – J'onn J'onzz deu um leve sorriso ao pronunciar as últimas palavras. – Este é seu treinamento. Se vocês querem, realmente, se juntar a nós para lutar contra o mal, não será saindo por aí e congelando coisas que vocês irão conseguir – ele apontou para a direita e todos olharam. – Escolham suas armas.

Para onde ele apontou, havia várias armas. Machados, pistolas, espadas, lanças, escudos...  marreta? Templarix se aproximou. Era uma marreta gigante e totalmente metálica; o cabo era quase do tamanho da garota, sem falar na cabeça da marreta, que facilmente passava de trinta centímetros de comprimento. Era uma arma massiva. Rylai pegou o objeto sem pensar, antes, que deveria ser muito pesado. A marreta caiu em seu ombro, quase a derrubando.

– Não se preocupem com os outros treinos físicos e psicológicos – a voz do Caçador soou. – Nós iremos ensinar a vocês o básico hoje e no final haverá um teste. Se vocês se saírem bem... aí a conversa será diferente – Ele pousou. – Cada um de vocês escolheu um tipo de arma. Agora, vocês irão seguir o instrutor que lhes ensinará as habilidades básicas da mesma – então várias pessoas entraram e se alinharam ao lado dele. Aos poucos, os nomes dos instrutores foram ditos e qual arma eles ensinariam sobre também. Assim, os metahumanos foram os seguindo e se retirando do recinto. – Por último, os que escolheram armas massivas que usam as duas mãos, por favor, sigam a instrutora Alex Danvers.

A mulher de cabelo curto levantou a mão e pouco menos de dez pessoas, incluindo Rylai, a seguiram.


***


Enquanto os dias se desenrolavam lentamente, Rylai continuava seu treinamento incansável com a enorme marreta e o gelo. Com o passar das semanas (e com enorme ajuda de suas novas habilidades de metahumana) começou a se ajustar cada vez mais à forma que deveria assumir para sair em missões. Sob o olhar atento de Caçador de Marte e agente Danvers, Rylai treinou e se moldou até o cansaço.

Até que, finalmente, conseguiu lugar em uma equipe que faria uma missão menor. Era seu teste. Se fizesse tudo certo – ou se, pelo menos, não estragasse nada, poderia tentar ser algo a mais do que um simples experimento.

Ela estava caminhando para o treino com a arma quando seu comunicador chamou.

– Templarix, meu nome é Oracle – uma voz soou e, instantaneamente, Rylai parou de andar para olhar o holograma acima de sua pulseira. – Surgiu uma missão. Não posso falar muito, porque você está em fase de testes, mas saiba que você está indo nela. Esteja pronta no hangar dentro de vinte minutos. Traga sua arma – e, então, sumiu.

– Certo – Rylai respondeu, mesmo sabendo que Oracle não a tinha ouvido. Sem hesitar, segurou a marreta com força e pôs-se a correr na direção do hangar.

Ao chegar lá, deparou-se com outros três metahumanos. Chegou perto para olhar os rostos tão assustados quanto o dela. Sem surpresa, forçou um sorriso encorajador enquanto sentiu um pesar por não ver nenhum rosto conhecido.

Kyle já deveria ter acionado a polícia atrás dela. Ou talvez pensasse que ela estivesse morta.

Cinco minutos depois, eles ouviram pessoas marchando. Conforme o som foi aumentando, todos olharam para cima, vendo três mulheres pisando forte ao entrar no hangar. Desceram a rampa até próximo a eles. Uma delas, a do meio, fez algum sinal que as outras entenderam e, então, partiram. Ela os analisou de cima a baixo, dizendo:

– Meu nome é TalkieWarrior e eu estou encarregada de liderar essa missão. Alguma objeção? – Aguardou três ou quatro segundos, encarando-os. – Uma nave irá nos deixar no topo de um prédio abandonado onde alguns capangas de Espantalho estão fazendo preparativos para soltar gás do medo em Gotham. Se vocês não sabem o que é isso, não entrem na nave.

Rylai sabia o que era aquilo. Nascera e crescera em Gotham. Sempre que acordava, no jornal, lia algo sobre Espantalho, Coringa ou Pinguim. Sabia exatamente o que o gás do medo fazia. E estava com medo desde já.

– Não é um plano difícil: entrar, bater em tudo que tiver no caminho e chegar até Espantalho para que ele faça os capangas pararem de preparar o que quer que estejam preparando. Comentários, reclamações, súplicas? – Completou.

– Como iremos fazê-lo parar... se o encontrarmos... sozinhos? – Um dos garotos disse, um tanto quanto trêmulo.

– Façam o possível para não se separar – ela disse sem mover os olhos dele. – Mas se for inevitável, façam o que tiverem que fazer para pará-lo. Congelem, batam com um tijolo, arranquem algumas unhas com o alicate – tentou controlar um sorriso que surgiu com a parte final, divertindo-se com os olhos estupefatos dos quatro ali. – Mas vocês não têm permissão para matar. Sigam-me – e lhes deu as costas, indo na direção de uma nave. Como bons soldados (ou crianças assustadas), a seguiram.

Após se acomodarem na nave, a mesma partiu na direção da Terra.

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