Domini

3. Escolhas

O fim de tarde de sábado chega. Alex pensa em sair esta noite. Tomar um drink e ver o movimento. Paquerar? Talvez.

Não tem grandes ambições. Sempre foi um cara mais caseiro e tranquilo. Sair para ele é apenas uma forma de espairecer. Como ficou o dia todo dentro de casa, nada mais justo.

Decide tomar um banho.

A água quente cai sobre seu corpo e o efeito é relaxante. Escorre de seus ombros largos para o peito, descendo pelo abdômen e pernas. Por minutos, ele apenas fica ali desfrutando disso. Pensa em Luciana e Marcela. "Essas duas estão me deixando louco!". Tenta esquecer, mas sua mente o trai a todo momento.

Termina o banho, se enxuga e sai. Com a toalha enrolada na cintura caminha até o seu celular que deixou sobre a mesa da sala, numa última de esperança de receber um convite de alguém.
Entre mensagens dos amigos combinando o churrasco de domingo e de alguns colegas de trabalho que compõe seus grupos de WhatsApp, a notificação de Regina se destaca.

Regina: Oi. Espero que meu dom esteja mais calmo. Sempre que precisar estarei aqui ;)

Alex esboça um sorriso, mas logo se pergunta se está sendo justo com Regina. Ela é uma pessoa adorável e como sub sempre foi exemplar. É muito difícil esquecê-la e sabe que é algo recíproco.

Resolve não pensar nisso agora. Termina de se trocar.

Já passam das 20h quando Alex decide sair. Ao chegar na garagem do prédio, não consegue deixar de reparar na vaga de Luciana. Está vazia. Estranhamente isso lhe deixa um pouco decepcionado, mas logo abstrai.

Ele sai com o carro e agora dá uma volta pela cidade sem rumo definido. Percebe que não planejou o que faria, só tem a certeza que gostaria de comer algo.

Resolve ir a um tradicional pub irlandês que sempre frequentou. Sempre gostou de se sentar ao balcão e curtir a música boa do lugar tomando uma pint de cerveja. A comida não é a melhor do mundo, mas é gostosa o suficiente para completar o clima.

Então estaciona o carro e chega ao local, que ainda está vazio. Apenas uma das mesas está ocupada por um grupo de amigos que observam quando ele entra. Fato que ele ignora  enquanto se dirige ao balcão.

Repara que a sua direita, no extremo oposto, um outro cara toma sua cerveja com uma expressão vazia, quase ausente. Se lembra porque gosta tanto daqui: é um ótimo lugar para almas errantes. Aqui você até pode conhecer alguém, mas se não acontecer estará num lugar em que não vão julgar sua solidão.

Alex cumprimenta a bela bartender que já o conhece bem. Trocam sorrisos. Ele pede a sua cerveja costumeira e enquanto ela está de pé, retirando-a da torneira, não deixa de reparar no seu corpo, que sempre chamou sua atenção.

De qualquer forma, Alex nunca atravessou a fronteira da simpatia com a moça. Mal se lembra do seu nome e até se pergunta se um dia ela o disse.

Ela coloca a cerveja no balcão com um sorriso e volta a suas tarefas no bar. Durante o primeiro gole, Alex não deixa de reparar na bunda bonita que ela tem, marcada por uma calça jeans justa. Novamente isso dispara a imagem de Marcela e seu shorts apertado no supermercado.

Balança a cabeça negativamente de forma sutil e passa a olhar para a TV ligada na parte superior, numa tentativa de desligar o cérebro.