Você não ia gostar?

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O tempo de prova passou voando e quando eu saí encontrei a Sof e o Caio nos esperando. Para minha infelicidade, o Caíque estava saindo da secretária e a boca grande da Becca gritou por ele.


- Ei meninas, tudo bem?

- Tudo ótimo, a transferência deu certo? - A Becca perguntou.

- Deu sim, próximo semestre, me aguardem. - Ele piscou.


Idiota.


- Bom, deixa eu te apresentar. Essa aqui é a Sofia.

- Pode me chamar de Sof. - Ela sorriu boba. É, parece que ninguém estava imune a ele.

- E eu sou o Caio.


Eu não me surpreenderia se começasse a sair baba da boca do Caio.

Enquanto todos eles socializavam com o Caíque, eu olhava para todos os lados e torcia para que ele fosse logo embora, mas ao mesmo tempo queria que ele ficasse para eu ficar olhando aqueles olhos azuis.

Mas que droga, o que tinha nesse garoto, afinal?


- Almoça com a gente? - O Caio perguntou e eu quase o matei com os olhos.

- Não atrapalho?

- Nunca. - A Becca soltou.


Mas que saco.

O Caio insistiu para que eu fosse sozinha com o Caíque no meu carro, mas eu não queria ser presa por matá-lo antes de terminar a faculdade, então arrastei a Sof junto com a gente, enquanto a Becca e o Caio iam no carro dela. Fomos conversando o caminho todo, e com conversando eu quero dizer que eu falava com a Sof e sempre que possível dava uma patada no Caíque, a pobrezinha tentava ser simpática com ele e introduzi-lo na conversa sempre que possível.

Por sorte, o restaurante não ficava longe, o almoço foi tranquilo, já que a Becca e o Caio tentaram coletar o máximo possível de informações do boy, não tive que me preocupar com ele, então só conversei com a Sof, quase o almoço todo. Para a minha tristeza, o Caíque teria que voltar com a gente, mas eu dei uma desculpa que iria dar uma carona para o Caio e para a Sof, então ele acabou voltando com a Becca.

Deixei-o primeiro e depois ela, fomos conversando por todo o caminho.


- Olha, Babi, que o Rodrigo não me escute, mas eu tenho que admitir que ele é lindo. -Rodrigo era o namorado de quase quatro anos dela.

- Eu sei, amiga, também admito isso, mas ele é um galinha. Ontem a noite mesmo ele provavelmente dormiu com uma garota que eu tenho certeza que ele nem lembra o nome. - Ela começou a rir e virou para mim.

- Agora, eu entendi tudo. Você ficou com ciúmes dele e agora está descontando tudo na "galinhagem" dele.

- Claro que não, Sof. Ficou louca? Não fiquei com ciúmes dele não. Só o acho um idiota machista. Acredita que ele teve a coragem de chamar a menina de gostosa? Gostosa, Sof. Que tipo de direito ele pensa que tem para sair chamando mulher de gostosa?!

- Ok, ok. Não foi uma atitude das mais bonitas, mas essa tua reação aí não me parece ser só porque achou ele machista não.

- Ah não, não pira. Claro que é por isso. Eu conheci o moleque ontem, de onde que eu tenho ciúme dele? Não pira, amiga, sério.

- Ok, se você diz. - Ela deu de ombros, mas com certeza ainda achava que era ciúmes. Depois de deixar ela, fui direto para casa e a Becca já estava na sala estudando.


Mas é claro que isso não a impediu de me azucrinar por explicações.


- Olha que coincidência, nós duas aqui sozinhas, com bastante tempo pela frente. Ocasião perfeita para me contar porque o Caíque que até hoje cedo era o vizinho gato se transformou em um idiota machista.

- Ele ainda é nosso vizinho gato, só que eu notei que ele também é um idiota machista.

- Fatos, Babi, eu trabalho com fatos. - Revirei os olhos e contei tudo, sobre a loira do dia anterior e sobre a nossa conversa no carro.

- Ah, entendi. Então você ficou com ciúmes dele e resolveu que ele é um idiota machista.

- Ai que saco, Becca. Eu sabia que você ia falar isso. A Sof falou a mesma coisa, mas vocês duas estão completamente loucas.

- Nós que somos loucas? Então me dá um bom motivo para eu achar que não é ciúme.

- Eu conheço ele há um dia, Becca.

- Ah me poupe, Bárbara, eu já transei com menos que isso. - Ela falou séria, mas não se aguentou quando eu comecei a rir do exemplo.

- Belo exemplo, Becca. Enfim, eu vou tomar banho que é bem mais proveitoso do que conversar sobre isso.


Tomei banho e passei o resto da tarde estudando, à noite ajudei a Becca a preparar o jantar e depois ficamos conversando no quarto dela enquanto ela arrumava a mala.

No dia seguinte teríamos a última prova do semestre e a Becca já viajaria de volta para casa. Acho que eu não contei para vocês que ela era de Minas Gerais e nas férias ia para casa. O Caio também, com a diferença que ele era do Pará. Depois da prova almoçamos juntos e depois fomos deixar a Becca no aeroporto, depois de um pouquinho de choro e das despedidas ela embarcou e nós voltamos para casa.

O apartamento ficava terrivelmente silencioso sem a Becca em casa, então eu aproveitei para ler um livro que há semanas eu tentava terminar. À noite, notei que a despensa estava quase vazia, então resolvi ir ao supermercado, para o meu azar o Caíque estava saindo de casa quando eu abri a porta.

E caramba, eu nunca tinha visto ele tão lindo, apesar de estar vestindo só uma camisa branca simples, uma bermuda jeans e havaianas.


- Boa noite, Babi. Vai para onde?

- Para a rua "Não te interessa", conhece?

- Nossa, quanta raiva. Isso tudo é porque eu disse que peguei a Sabrina naquele dia?

- Quem é Sabrina?

- A loira daquele dia.

- Ah, então agora ela ganhou um nome? -Ele deu um sorriso debochado de canto de boca e eu confesso que minhas pernas deram uma tremidinha.

- Depois de ligar várias vezes me xingando por não ter ligado para ela, sim, ela ganhou um nome.

- Bem feito. - Eu tentei segurar a risada, mas foi inevitável e ele acabou se juntando a mim e rindo também.

- Olha, se foi por causa disso, pode ficar tranquila que eu continuo solteirinho.

- E porque diabos teu estado civil me interessaria?

- Porque é obvio que você está louca para me beijar.

- Poupe-me Caíque, não tenho a menor intenção de te beijar. - Revirei os olhos.

- Ah não?


Antes que eu percebesse ele havia me encostado na parede e segurava meus braços enquanto alternava o olhar entre meus olhos e minha boca. Eu perdi o resto de dignidade que eu ainda tinha e fiquei toda derretida olhando para a boca dele.


- Então quer dizer que se eu te beijasse agora, você não ia gostar? - Ele sussurrou no meu ouvido. E PUTA QUE PARIU, todos os pelos do meu corpo se arrepiaram.

Oceanos nada pacíficosOnde histórias criam vida. Descubra agora