Um convite inusitado

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Mas eu ainda consegui soltar uma resposta.


- N-não, eu ia odiar.


Ele se aproximou ainda mais de mim e eu conseguia ver cada mínimo detalhe do rosto dele e estava pronta para me derreter toda quando ele me beijasse, mas antes que eu pudesse selar nossos lábios, ele simplesmente me soltou e se afastou.


- Nesse caso, eu vou ter que me conformar. - Ele deu de ombros. - Mas acredite em mim, Bárbara, eu ainda vou te beijar, só que eu só vou fazer isso quando você pedir.


Que babaca.


- Eu nunca vou te pedir para me beijar. - Revirei os olhos.

- Ah vai e quando você fizer isso vai se arrepender por não ter pedido antes.


Ele piscou para mim e saiu andando em direção ao elevador enquanto eu fiquei parada no meio do corredor tentando entender o que tinha acabado de acontecer e o amaldiçoava mentalmente por ser um babaca incrivelmente charmoso. Antes que a porta do elevador se fechasse eu ainda pude ver o sorrisinho presunçoso dele. Passei alguns segundos obrigando o meu coração a parar de pular dentro do meu peito e só então fui para o supermercado.

Quem ele pensava que era? Como eu disse, só mais um galinha que pensava que o mundo girava em torno dele. Se ele pensava que eu algum dia iria pedir um beijo dele, ele estava muito enganado. E antes que vocês me perguntem eu não estava nem um pouco afim de que ele me beijasse, só não fiz ele me soltar porque fui pega de surpresa, só isso.

Tentei afastar esses pensamentos da minha cabeça enquanto fazia minhas compras e durante um tempo até que funcionou. Fiz compras suficientes para o resto do mês e voltei para casa e por sorte, dessa vez, sem encontrar o idiota do Caíque.

Preparei o jantar e depois de comer fiquei vendo um documentário que estava passando na TV. Acordei cedo no dia seguinte e aproveitei o dia para fazer uma faxina em casa, acabei toda suada e tomei um banho bem demorado. À tarde, a Sof me ligou e me chamou para irmos à praia. Eu aceitei na hora, adoro praia, foi um dos motivos de eu ter escolhido ir morar no Rio depois de tudo que aconteceu.

Troquei-me e em 20 minutos eu já estava saindo. Busquei a Sof em casa e de lá fomos. Escolhemos uma barraca e ficamos um pouco enquanto observávamos o mar. Eu achava aquela paisagem uma das mais bonitas da cidade.


- Então, já fez as pazes com o vizinho gato?

- Ele é um idiota. - Revirei os olhos.

- Amiga, você está tão louca por ele que chega a ser engraçado.

- Sof, você sabe que eu não sou uma pessoa preconceituosa, então se sinta a vontade para se internar em um hospício que eu vou continuar sendo sua amiga.

- Cala a boca, Babi. - Ela começou a rir, mas logo ficou séria - Olha, você não precisa esconder tudo que sente, gostar de alguém não é errado. Eu sei por tudo que você passou e é por isso mesmo que eu torço muito pela tua felicidade. E se você está afim do Caíque, não faz mal curtir um pouquinho a vida.

- Eu não estou escondendo nada, eu só não gosto dele.

- 'Tá, Bárbara, eu não vou mais falar nada, mas pensa no que eu te falei, você merece muito ser feliz.

- Obrigada amiga, de verdade. - Sorri e abracei-a.


Depois dessa conversa super sentimental eu fui dar um mergulho no mar e fiquei lá um tempo e me permiti pensar um pouco sobre o rumo que a minha vida tinha tomado. Voltei para a nossa barraca e a Sof foi para o mar, ficamos mais um tempo lá conversando e depois fomos embora.

Oceanos nada pacíficosOnde histórias criam vida. Descubra agora