Carona

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Ótimo, não bastava parecer uma idiota falando com ele mais cedo, depois disso ele devia achar que eu era uma fofoqueira que queria xeretar a vida dele, que maravilha.

Depois de comermos, ficamos assistindo série até tarde.

No dia seguinte, a Becca levantou primeiro que eu e me acordou. Arrumei-me rapidamente e fui fazer café, eu já estava sentada esperando quando a Becca terminou de se arrumar.

Já estávamos dentro do elevador quando o Caíque saiu do apartamento dele e fez sinal para que segurássemos o elevador para ele.


- Bom dia, Babi. - Só alguns segundos depois ele pareceu se lembrar da Becca. - Bom dia, Becca.

- Bom dia. - Respondemos juntas.

- Vocês estão indo para a faculdade?

- É...

- Então, acho que a gente se vê por lá.

- Você vai fazer o que lá? - Minha boca destrambelhado perguntou demonstrando o maior interesse.

- Tenho que entregar uns papéis para finalizar minha transferência.

- Então por que você não vem com a gente? - A Becca soltou.

- Não, eu não quero atrapalhar. - Ele sorriu.

- Imagina, a Babi vai adorar te dar carona... Quer dizer, a gente ia adorar te dar carona. - É oficial, eu queria matar a Rebecca naquele momento.

- Vocês tem certeza?

- Claro, não vai ser incômodo nenhum. - Eu concordei.


Quando estávamos quase chegando ao carro, a Becca parou.


- Droga, eu esqueci uma coisa. Vou voltar, mas podem ir sem mim, eu vou com meu carro depois.

- Tem certeza, amiga?

- Absoluta, podem ir.


Estranhei porque a Becca não é do tipo que esquece as coisas, na verdade eu sou esse tipo, vivo esquecendo tudo, mas ela não. Porém, quando ela virou e piscou para mim (depois de o Caíque entrar no carro, ainda bem) eu entendi tudo. Revirei os olhos e entrei no carro.

Liguei o rádio e estava tocando Fat Lip do Sum 41, antes que eu falasse qualquer coisa, o Caíque falou:


- Essa banda é muito foda.

- Uou, alguém que conhece essa banda. -Eu sorri.


Lindo, gostoso, bom gosto musical, ele tinha que ter mau hálito para eu continuar acreditando em justiça divina. Cantamos a música juntos e depois só ficamos conversando.


- E então... A pizza ontem estava gostosa? - Ele perguntou quase rindo e se nós não estivéssemos no sinal eu provavelmente teria batido o carro.

- Estava. - Tentei fingir que não tinha entendido a piadinha.

- Ah... Bom, a garota também. - Ele sorriu de canto e eu fiquei com vontade de socar a cara dele.


Finalmente a justiça divina atuou, ali estava o defeito dele, se eu perguntasse naquele momento qual o nome da loira que estava lá na noite anterior ele provavelmente não saberia me responder.

Lindo, gostoso, bom gosto musical... E galinha, era uma pena, realmente.


- Eu acho que a GAROTA não é comida para estar gostosa.


Ele abriu mais ainda o sorriso e ficou me olhando.


- Ela não reclamou quando eu a chamei assim. - Revirei os olhos e apertei o volante para me impedir de jogar ele do carro. - Mas se você quiser, eu também posso te chamar assim. - Ele piscou para mim.

- Eu dispenso. - Respondi sem olhá-lo enquanto estacionava o carro.


Ao menos chegamos ao campus antes que eu cometesse um homicídio.


- Não por muito tempo.


QUE IDIOTA. Quem ele pensava que era?


- Bom, acho que a gente se vê depois. - Ele acenou e foi andando para a secretária, enquanto eu procurava meus amigos. E, não surpreendentemente, a Becca já estava lá.

- Parou em alguma rua para dar uns amassos no vizinho gato, Bárbara? - Ela perguntou antes mesmo que eu sentasse junto com eles.

- Amassos não, mas um homicídio quase.

- Oi lindas, tudo bem? Eu sou o Caio, melhor amigo de vocês, para quem vocês contam tudo, lembram?!

- Nós temos um vizinho novo, muito gato. Sorriso de tremer as pernas, uma bundinha maravilhosa e uns olhos azuis que só Jesus na causa viu. E... A Babi está caidinha por ele.

- Claro que não, ele é um idiota, machista.

- Idiota ou não, eu não me importaria que ele desse uns amassos comigo. - A Becca deu de ombros.

- Gente, que boy é esse, hein? Deu um negócio em mim aqui e eu nem vi ele ainda. - Sim, o Caio é gay, caso ninguém tenha notado.


A Sof continuava focada nos livros, mas de vez em quando parava para rir das piadas da Becca e do Caio, os dois sempre foram os palhaços do nosso grupo, eu e a Sof sempre fomos o bom senso. Esquivei-me de dar explicações de porque o nosso vizinho era um idiota até dar a hora da prova.

Oceanos nada pacíficosOnde histórias criam vida. Descubra agora