Numa escala de 0 a 10

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Tentei tirar esses pensamentos da cabeça e fui me arrumar. Quando cheguei ao shopping o Miguel já estava me esperando.


– Oi. – Ele sorriu.

– Oi... – Fiz uma pausa tentando pensar em um bom jeito de começar a falar o que eu queria. – A gente tem que conversar.

– Ah não... Nada bom sai de uma conversa que começa com "A gente tem que conversar". – Ele riu.

– Não é verdade.

– Ah é? Diz uma conversa sua que começou assim e terminou bem.

– Bom argumento, mas eu espero que essa seja exceção.

– Eu também. – Ele sorriu.

– Ok, eu não sei como começar a falar isso.

– Do começo seria uma boa.

– 'Tá. – Eu ri. – Ontem a Sof foi lá em casa e a gente estava conversando coisas aleatórias da vida até que a gente começou a falar sobre você.

– Então é isso que vocês fazem quando estão sozinhas, falam da gente.

– Talvez. – Nós dois rimos. – Enfim, conversa vai, conversa vem, ela deu a entender que você estava esperando que a gente evoluísse para alguma coisa mais.

– Bom, não posso dizer que ela mentiu...

– Pois é, aí que está o problema. Eu adoro nossas conversas, você é lindo, beija bem...

– Mas?

– Mas eu não consigo te ver como nada além de meu amigo. E eu estou me sentindo bem filha da puta por isso. De verdade, mas eu não vou te dar esperanças sabendo que não existe possibilidade. E se você não quiser mais olhar na minha cara, eu vou entender, não vou gostar, mas vou entender.

– Eu não vou fingir que gostei, mas ao menos você foi sincera comigo e eu agradeço por isso. – Ele sorriu. – Só uma pergunta.

– Claro. – Concordei com a cabeça.

– Eu tive algum concorrente nessa história toda?


Hesitei um pouco antes de responder.


– Talvez. Mas não foi a única razão para eu te ver só como amigo.

– Ah, entendi.

– Então, amigos ainda?

– Amigos ainda. – Ele sorriu e me abraçou.


Ainda ficamos um tempo perambulando pelo shopping e conversando. Quando eu cheguei em casa, a Becca estava cozinhando e o Caíque estava no sofá vendo TV.


– Se você pretende mudar para cá é melhor começar a ajudar no aluguel. – Falei sentando ao lado dele.

– Haha, para a sua informação eu vim ver se você já havia chegado e a Becca me convidou para jantar aqui.

– Hm, sei.

– Então, como foi no shopping? – Ele perguntou sem me olhar nos olhos.

– Foi bom, por quê? – Levantei a sobrancelha.

– Nada ué. – Ele deu de ombros.


O que me aliviou bastante já que ele parecia ter superado o ciúme bobo de mais cedo. Apesar de não dever satisfação a ele, lá no fundo eu estava me sentindo mal por ter "trocado" ele, mas meu assunto com o Miguel era importante demais para ser adiado. Pelo menos, ele havia entendido.

Oceanos nada pacíficosOnde histórias criam vida. Descubra agora