O Brendon Urie tá te olhando

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Admito que queria, muito, ter ficado com o Caíque no apartamento dele, mas eu viajaria de manhazinha, então teria que dormir cedo e se eu ficasse com ele a última coisa que nós faríamos seria dormir cedo.

Quando entrei no meu apartamento, encontrei a Becca falando com o boy magia no telefone, fiquei zoando com a cara dela até ela desligar e depois fomos comer. Ainda ficamos conversando até começar a ficar tarde. Dormir é uma palavra muito forte para definir o que eu estava fazendo. Fiquei deitada olhando o teto e pensando em mil e uma coisas ao mesmo tempo, como o fato de eu, talvez, estar começando a baixar a guarda para o Caíque. Não no sentido de deixar as coisas acontecerem entre nós dois, mas no sentido de ter sentimentos por ele.

Dar uns pegas nele de vez em quando era "ok", afinal era exatamente o que ele queria. Mas a partir do momento que percebi que meus sentimentos por ele talvez fossem mais que só uma paixonite passageira, eu comecei a me preocupar. Talvez lá no fundo ele estivesse realmente fazendo um esforço para mudar ou talvez fosse só ilusão da minha cabeça, o fato é que estar tão vulnerável a ele não era uma coisa que me agradava.

Há muito tempo eu não me sentia vulnerável daquela forma e da última vez não tinha acabado bem, juntando isso ao fato de o Caíque ser como ele era só fazia me preocupar ainda mais, ficar pirando por causa disso só me deixou dormir lá pelas duas da manhã.

Não é necessário dizer que no dia seguinte eu acordei com muito sono, mas a ansiedade pela viagem me fez despertar no instante que o despertador começou a tocar. Fui me arrumar e terminei antes da Becca, então aproveitei que ela ainda estava escolhendo roupa (Quem em sã consciência escolhe roupa para ir ao aeroporto?) e fui fazer café porque eu sou claramente uma viciada.

Eu ainda estava com a xícara na mão quando alguém bateu na porta. Era o Caíque que havia insistido em nos levar até o aeroporto para, segundo ele mesmo, passar os últimos momentos perto de mim. Ainda tivemos que esperar a Rebecca, não que eu tenha reclamado já que deu tempo de dar vários beijos nele. Tenho que admitir que eu realmente sentiria falta dos beijos dele quando tudo começasse a desmoronar.

A Becca finalmente terminou de se vestir, nós trancamos o apartamento e fomos. Ao chegar ao aeroporto fizemos aquela burocracia de todo voo e ainda sobrou uma hora antes de entrarmos no avião, essa uma hora se resumiu à Becca, a Sof e o Caio conversando entre si e eu beijando o Caíque e de vez em quando parando para conversar.

Estávamos em um dessas pausas para conversa quando ouvimos o chamado para o nosso voo e eu vi o olhar de desapontado no rosto dele.


– Bom, acho que está na hora. – Eu falei me levantando e ele veio junto.


Quando começamos a andar até o portão de embarque ele segurou a minha mão. Só isso, pegou minha mão e foi desse jeito até chegarmos ao local onde nos separaríamos, claro que isso foi um ato totalmente bobo que passaria despercebido para outras pessoas, mas para mim não. Em mim esse simples trajeto de mãos dadas fez meu coração bater apressado. Parece bobagem, porque andar de mãos dadas era a coisa mais puritana que nós fazíamos em semanas, mas sempre achei que esse ato é uma prova de carinho maior que qualquer outra. Inclusive me lembrou de uma frase que li em um livro uma vez: " De mãos dadas se constrói uma relação. Do que sentem falta, os amantes clandestinos? Luxúria eles têm de sobra. O que lhes falta é esta forma brejeira de intimidade: Dar-se as mãos."

Ele provavelmente nem percebeu todo o meu êxtase com aquilo, e eu achei melhor assim. Ele ainda me segurou um pouco.


– Me deixa entrar no avião, garoto. Só assim eu posso te deixar solto para pegar várias. – Ele revirou os olhos e deu um sorrisinho de canto.

Oceanos nada pacíficosOnde histórias criam vida. Descubra agora