Tenho que confessar uma coisa, mas que isso nunca chegue aos ouvidos do Caíque, porque ele já é convencido o suficiente só com as coisas que ele sabe. Ele realmente é um príncipe, ao menos se comporta como um de vez em quando, como no nosso piquenique. Passamos a tarde quase toda no parque só comendo, conversando e nos beijando. Quando voltamos para casa já passavam das 18h00.
Ele foi me deixar na porta do meu apartamento e claro que nós ainda enrolamos um pouco para entrar, o que só aconteceu porque ele ainda precisava preparar o jantar e na escala de prioridades, comida vem antes de beijos.
Ainda fiquei assistindo TV durante um tempo antes de ir tomar banho para começar a me arrumar. Pus uma saia branca colada e uma blusa azul lisa, calcei uma rasteirinha e fiz uma maquiagem leve. Peguei meu celular e minhas chaves e fui até o apartamento do Caíque.
Reuni toda a minha força de vontade para agir normalmente quando ele me atendeu de camisa social PRETA e bermuda branca. Claro que eu não ia perder a oportunidade de fazer uma piadinha.
– Qual o sentido de se arrumar para ficar em casa?
– O mesmo de se arrumar para dar 10 passos no corredor... Impressionar o contatinho.
– Ah é, que horas que esse teu contatinho chega? – Levantei a sobrancelha.
– Chegou já, melhor contatinho que eu já peguei.
– Idiota.
Não consegui não rir e ele me puxou pela cintura para me beijar. Como sempre ele puxou a cadeira para eu sentar. O jantar estava ótimo, mas dessa vez eu não bebi para não passar a vergonha que nem da outra vez. Quando terminamos de comer foi que eu comecei a prestar atenção aos detalhes, ele tinha colocado velas na mesa e tinha uma música suave tocando ao fundo, tipo aqueles jantares românticos bem bregas, porém confesso que sempre tive uma queda por coisas bregas.
Ficamos no sofá conversando e nos beijando até que as coisas foram esquentando e nós fomos parar no quarto, o que aconteceu lá vocês devem imaginar. E foi perfeito, tanto que nós repetimos a dose, acabei dormindo lá e acordei no dia seguinte com o sol batendo no meu rosto. Olhei para o lado, mas o Caíque não estava mais lá. Olhei no relógio da cabeceira e já passava das 8h30min.
Desesperei-me porque tinha ficado de ir buscar a Rebecca no aeroporto, que era longe horrores do meu apartamento, às 9h00. Catei minhas roupas no chão e me vesti apressada, quando saí do quarto encontrei o Caíque fazendo café na cozinha.
– Já levantou?
– Como já? A Rebecca vai me matar, fiquei de pegar ela no aeroporto às 9h00.
– Eita, quer que eu te leve?
– Não, vou só passar no meu apartamento rapidinho e vou.
– Certeza?
– Tenho. A gente se vê depois.
Despedi-me dele e fui ao meu apartamento trocar de roupa. Quase sofri uns quatro acidentes no caminho até o aeroporto, mas consegui chegar só 10 minutos atrasada, a Becca já estava me esperando.
– Desculpa o atraso amiga, acordei tarde.
– Percebi. – Ela me olhou com a sobrancelha levantada. – Espera aí... Você está atrasada e com uma maquiagem que, claramente, é de ontem. Nós duas sabemos que você tem TOC com a pele, o que poderia ter sido mais importante do que tirar a maquiagem ontem à noite e, ainda por cima, ter feito você se atrasar? Talvez ter dormido com o Caíque?
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Oceanos nada pacíficos
RomanceEu nunca fui uma pessoa que me destaquei, não era a mais bonita ou a mais inteligente ou a mais engraçada, eu era normal, comum, eu diria. Não que eu esteja reclamando disso, eu gostava do comum. Eu não posso reclamar da minha vida, sério, nunca foi...