Estava cada vez mais encantado com a pequena Sol. Desde o primeiro dia que eu a conheci a menina havia me ganhado, a esperteza em dar uma resposta, o quanto ela ficava feliz com coisas pequenas.
Quando Sarai apareceu na frente da livraria, algo se apertou dentro de mim. Por mais que eu gostasse dos seus agrados, às vezes ela ultrapassava os limites. Tudo bem que tínhamos essa relação meio estranha há anos, mas nada justificava a ela estar sempre aparecendo nos mesmos lugares que eu, principalmente se tratando de viagens de negócios.
Vendo a postura de Camille, podia sentir que ela estava receosa. Eu sabia que lá no fundo algo dela acreditava que eu poderia deixar ela na mão. Mas isso não era uma opção, se eu havia dado a minha palavra eu iria cumprir. Na hora do almoço, o tempo todo ela fazia questão de trocar provocações comigo, se ela soubesse o quanto as suas atitudes estavam fazendo o oposto do que ela planejava, que era obviamente me afastar. Estava decidido a mostrar a ela que eu era totalmente o oposto.
Além de que o seu rosto cada vez mais vermelho de raiva, me incentivam somando com a risada de Sol quando Camille ficava sem reação as respostas que eu dava as suas provocações. Estava tornando tudo melhor.
Quando terminamos o almoço, cuidei logo de iniciar as aulas com Sol, a menina que eu pensava que iria ser um desafio para ensinar se mostrou ser totalmente ao contrário. A sua prontidão em responder todas as respostas depois de eu explicar as lições que estavam previstas para o teste, me mostrou o quanto era ela esforçada e atenciosa a tudo que eu lhe falava.
- Alex, você poderia me ajudar toda semana não é? – A ajudava a guardar os lápis no estojo.
- Seria uma boa idéia, mas eu tenho que voltar para casa pequena.
- Mas você não disse que gostava do Brasil? Acho que aqui é melhor que sua casa. Mas não tem como dá certeza né... Nunca fui nela. – Comecei a rir com a indireta dela, nas duas horas em que passamos juntos no meio da aula, ela fazia questão de me encher de perguntas, procurando saber sobre a Disney, se eu já tinha visto a neve, se eu patinava em lagos de gelo.
- Quem sabe um dia você não conhece?
- Você vai me levar?
- Sol! – Ouvi Camille chamar por ela, com um olhar nada bom. Ela estava obviamente tentando colocar uma linha de bom senso na filha. Encontrei o seu olhar enquanto ela andava em direção a mesa. Recolhendo todo o material da pequena. – Acho que está na hora do Sr. Alex.
- Na verdade, você está certíssima. Meu avião sai as 17, daqui ao aeroporto vai tomar algum tempo. – Me levantei da mesa, colocando as mãos nos bolsos da calça. Olhando para o ambiente ao meu redor, sentindo a paz e calmaria que aquele local passava, podia ver ao longo da sala, algumas poltronas localizadas no centro do estabelecimento onde um pai dividia a cadeira com a filha, lendo um livro infantil. Imaginei como seria se fosse eu algum dia, com minha filha, criando lembranças. Aproveitando os momentos os simples da vida.
Eu estava em uma idade em que a maioria dos meus companheiros da faculdade tinham a típica vida americana, uma casa grande, com uma mulher exemplo e pelo menos dois filhos. Sempre estavam na correria do dia a dia, mas quando acompanhava suas vidas nas redes sociais podia notar o quanto eles eram felizes pelos seus rostos. E pelo breve contato que mantínhamos.
Lembrei de como seria quando voltasse para minha casa e encarasse o apartamento vazio, apenas com a minha presença e da empregada que ia diariamente. As vezes aos olhos de algumas pessoas podemos ter tudo, mas a verdade é que não temos nada daquilo que realmente importa. O amor...
Senti aquela mão pequena segurando na minha. Quando olhei para baixo, Sol me olhava com seus olhos, seu cabelo claro realçava o seu rosto, o sorriso completava todo o pacote. Sorri para a menina. Me perguntando o que estava acontecendo comigo, o que ela estava conseguindo fazer.
- Tenho que ir pequena. – Me abaixei, olhei bem nos olhos dela. – Lembre-se de tudo que a gente estudou! Se você tirar uma nota boa, vou garantir que tenha uma surpresa.
- Oba! – Ela pulou no meu pescoço, me abraçando com todas as forças, me deixando totalmente sem jeito com sua atitude. Os toques físicos por parte de qualquer outra pessoa que não fosse as mulheres que estavam prontas para me dá algum tipo de prazer era algo totalmente incomum na minha vida.
Sorri, em meio ao desconhecido mas que parecia tão certo.
- Anda Sol, se não o senhor vai se atrasar. – Olhei para Camille, o cabelo em um coque mal feito, os braços cruzados olhando toda a cena. Ela olhava toda a cena com um meio sorriso no rosto.
Me levantei e me aproximei dela, estendi a mão para apertar a sua.
- Até logo.
- Eu te acompanho até a saída. – Camille e Sol me acompanhavam até a porta, uma sensação estranhava tomava conta de mim, não sabia se era algo bom ou ruim. Enquanto isso mandava mensagem para o motorista para que ele viesse para a porta de entrada para me pegar.
Quando finalmente chegamos a porta, quis apenas acabar com tudo aquilo que se passava aqui dentro e fui em direção ao carro que estava a minha espera o mais rápido possível.
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Khal
RomanceTatuagens. Corpo definido. Possessivo. Charmoso. E odioso. Camille, uma amante da leitura. Sonhando como todas, com um belo romance. Até que o destino trata de dá o seu. Admiradora dos romances antigos, de época. Ela nem imagina o quanto u...