VIII - Visita ao museu.

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Sabia muito bem o motivo para meu sorriso estupidamente grande e esse motivo tinha nome e um sobrenome esquisito. Não entendia o motivo pelo qual Sky pediu para que eu ficasse em casa ontem; talvez ele tenha visto minha perseguição no final das constas e não quis fazer comentários a respeito do ocorrido.

A verdade constrangedora era que não estava mais ligando nem um pouco para a possibilidade de ter sido seguida por sujeitos muito provavelmente mal intencionados. Minha mente estava incapacitada no momento e talvez ficasse assim por tempo indeterminado. Sorri mais uma vez para o espelho do banheiro. Suspirei longamente e então finalmente desci para tomar café da manhã.

Ao chegar na cozinha encontrei mamãe preparando algo no fogão e pelo cheiro delicioso. Só podia ser bacon. Só de imaginar minha boca salivou.

- Bom dia mamãe!

- Bom dia querida. - A Clark mais velha colocou o bacon fumegante em um prato que se encontrava no meio da mesa. - Parece animada hoje. - Os olhos castanhos faiscaram curiosos. Fingi não notar. Estava mais interessada em matar quem estava me matando. Meu estomago rosnava pedindo atenção que lhe era devida.

- Ham ram. - Ataquei meu café da manhã com a voracidade de uma loba faminta. Coloquei poções generosas de geléia em uma torrada enquanto mastigava contente um pedaço de bacon.

- Hum. - Minha mãe sentou do outro lada da mesa de frente para mim e me lançou um olhar de pura curiosidade. - Essa felicidade toda tem algum motivo em especial? - Neguei com a cabeça. Agradeci mentalmente por está com a boca cheia. Caso contrário seria pega na mentira. - Claro... - A morena arqueou uma das sobrancelhas. Pelo que parece não preciso abrir a boca para ser descoberta. - Estava me perguntando hoje mais cedo onde foi parar metade do pacote de pão que estava no armário. Tenho certeza que estava completo quando saí pela manhã.

Quase morri engasgada por causa do riso incontrolável. As lembranças da tarde de ontem e de meu convidado esfomeado encheram minha mente. Forcei o alimento a descer goela à baixo antes que morresse entalada.

- Sky gosta de sanduíche de manteiga de amendoim e geléia. - Dei de ombros.

- Esse seu amigo... - Notei a ênfase na última palavra. - Lembra-me um certo alguém.

- Quem? - Agora era eu que estava curiosa.

- Seu pai. - Ela disse sem rodeios.

- Meu... Pai? Não entendi mamãe. - Quase nunca falávamos nele e em momentos raros como esse tentava extrair toda informação que fosse possível.

- A forma como seu amigo te olha me faz lembrar da maneira de como seu pai olhava para mim. - A olhei incrédula. - Estou falando sério querida. Só espero que esse rapaz não tenha que fazer as mesmas escolhas que seu pai foi forçado a fazer.

- Não estou entendendo mamãe...

- No momento certo irá entender. Agora termine de comer ou vai acabar perdendo o primeiro ônibus. - A olhei por mais alguns segundos sem acreditar que nossa conversa havia terminado. Ela não pode jogar uma bomba desse tamanho em meu colo e deixar por isso mesmo. Mas sabia que não arrancaria mais nada dela. Desse mato aí não sai mais coelho hoje.

As palavras de minha mãe ficaram girando em minha mente igual a um mosquito irritante. Ela só podia está enganada. Sky não me vê... Nunca vai me vê dessa maneira; isso é um absurdo sem tamanho.

E eu? O quê sinto por ele? No momento estou mais do que disposta a acreditar em ilusão. Uma linda ilusão insistente que teima em povoar meus pensamentos. Mordi a internamente a bochecha na tentativa de conter outro sorriso bobo, não estava a fim de ficar com cara de idiota o tempo todo e ter mais um motivo para ser a chacota da escola.

Guardiões Vol 1. (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora