O táxi preto característico da cidade britânica estacionou em frente minha casa em The Bishops Avenue, Hampstead. A casa estava do mesmo jeito que a deixei há doze anos os tijolos marrons me traziam lembranças de um tempo bem menos caótico, mas bastante solitário. Subi com Mady para o quarto que seria o dela enquanto estivéssemos por aqui.
Coloquei sua mala sobre a cama e a minha no chão e comecei a desfazer a dela e a arrumar tudo no closet. Pelo canto dos olhos vi minha guardiã abri as cortinas e se recostar no beiral. Madison estava silenciosa e pensativa desde que desembarcamos, com certeza algo a incomodava.
Deixei o que estava fazendo e fui ao encontro dela. A abracei por trás e ela deitou a cabeça em meu peito ainda olhando para o horizonte.
- Para onde essa cabecinha está navegando? – Apoiei o queixo no topo de sua cabeça.
- Ed... - Ela suspirou. - Ele parecia angustiado... Você também percebeu não é? – Como poderia não ter percebido. Edward está a quase dois dias sem fazer um único comentário irônico.
- Sim, Edward ainda não sabe lidar com o que está sentindo; mas creio que ele vai resolver isso.
- Eu sei... Mas... Estou com uma sensação ruim. - Mady suspirou repousando a mão boa sobre a tipóia.
- De qualquer forma teremos respostas em breve. - Ouvi barulho de um motor parando, em seguida a porta da frente abriu e fechou com um baque surdo. - Ele chegou.
Entrelaçamos nossas mãos e descemos para a sala de estar onde encontramos Ed sentado no sofá. O guardião estava curvado para frente as mãos trêmulas escondiam o rosto de onde ruídos abafados de choro saiam. Algo de muito grava deve ter acontecido para deixar meu amigo nesse estado. Um lembrete mental: nunca duvidar do sexto sentido de uma garota.
- Ed... – Mady soltou minha mão e sentou ao lado do imortal inconsolável. – O que aconteceu?
- Eu... – A voz dele não passava de um sussurro incompreensível por causa dos soluços. – Sou um grande covarde.
- Onde está Elizabeth? – Temia a resposta; porem precisava perguntar algo me dizia que ela tinha haver com estado em que Edward se encontrava.
- A deixei no orfanato. - Bem lá no fundo sabia que havia algo mais, esperei já preparado para a bomba.
- Você pode ir visitá-la. - Mady repousou a mão sobre as costas e as afagou.
- Não... – Edward arquejou. - Apaguei as lembranças dela... Elizabeth não se lembra de mim... De nenhum de nós... - Abri a boca ao mesmo tempo que arregalei os olhos.
- Você o quê? - A guardiã parou com os afagos e olhou para Edward esperando que ele desmentisse o que acabara de dizer. - Me diz que está brincando. - Ed apenas negou com a cabeça ainda sem coragem de olhar para nós. - Como pôde?! - Madison ficou de pé em um salto.
"Isso foi... Uma violência Edward! Roubar as lembranças de uma pessoa! Por quê?! Não queria ficar com ela?! É isso?!" Até agora nunca havia visto Madison tão indignada e brava, a face da loira estava com um tom avermelhado beirando ao roxo, senti sua energia se rebelando.
- Não! Não Mady... - Edward finalmente ergueu a cabeça. Os olhos estavam tão vermelhos que as iris verdes pareciam boiar em um mar vermelho. - Fiz isso por que amo Elizabeth...
- Não! Isso não é amor Edward! - Madison fechou o punho e sacudiu a cabeça. - Você deixou seus medos falarem mais alto, essa é a verdade.
- Mady... - Repousei as mãos sobre os ombros dela. - Deixe-me conversar com ele.
Após suspirar ruidosamente Madison se retirou caminhando firma quase marchando.
- Tive medo meu senhor... Quando vi Mady baleada, imaginei Elizabeth na mesma situação... E entrei em pânico... Não poderia submetê-la aos perigos que vivemos...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Guardiões Vol 1. (Em Revisão)
FantasíaCom certeza você já se perguntou se está só no universo, se a humanidade é a única raça pensante, e a reposta é simples: Não pense demais, isso só te fará ver o que não deve, e dificultar o meu trabalho. Quem sou eu? Sou o que chamam de guardião, um...