XII - Nocaute.

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Forcei os olhos a abrirem, mas minhas pálpebras pesavam como se fossem feitas de chumbo ou de algo de igual peso. Com um pouco de esforço consegui abri-los, pisquei algumas vezes para que os contornos do local onde me encontrava entrasse em foco. O lugar estava iluminado pelos raios solares que entravam pela janela. O quarto parecia muito com o que estava hospedada na casa de Sky; porém não lembrava desse bip irritante perto de mim. Talvez isso signifique que de alguma forma ainda estou viva, a morte não pode ser tão barulhenta.

Conforme a sensibilidade retornava a meus membros dormentes, senti o desconforto de uma agulha intravenosa em minha mão e um tubo saindo de meu nariz. Vários outros fios estavam ligados a mim, em uma reação instintiva tentei arrancá-los e me livrar da sensação incomoda.

- Não. Nada disso. - Dedos longos seguraram minha mão.

- Sky? - Virei à cabeça encontrando com o rosto belo dele. Ele estava sentado em uma cadeira do lado esquerdo da cama, por isso não o vi ao acordar. - Ah Sky... Eu... Eu... Tive tanto medo. - O coração acelerou fazendo a máquina bipar loucamente.

- Shhhhh, calma, está segura agora. - Respirei fundo tentando fazer o ritmo cardíaco desacelerar.

- Como vim parar aqui? Não consigo lembrar direito. - As lembranças estavam um caos. Alguns fios de memória dançavam aleatoriamente em minha cabeça.

- Eu a trouxe... Foi por pouco que... Se tivesse demorado alguns segundos a mais... Desculpe-me.

- Você não teve culpa. - Queria desesperadamente dizer-lhe o quanto estou grata e levar embora a culpa estampada em suas feições e voz. - Salvou minha vida mais uma vez, obrigada Sky.

- Não há de quê. - Ele repousou a mão sobre a minha. Um ato tão simples; mas suficiente para fazer o monitor cardíaco enlouquecer loucamente com meus batimentos acelerados não podia ser menos constrangedor.

- Por quanto... Tempo fiquei fora do ar? – Pigarreei tentando disfarçar a vergonha.

- Uma semana. - Arregalei os olhos.

- Ok. Posso desistir da escola. Uma semana sem assistir aula é o mesmo que decretar meu fracasso estudantil. - Gemi consternada.

- Não conhecia esse seu lado dramático. - Tive vontade de bater nele. Como podia achar meu desastre acadêmico ser divertido? Emburrada olhei para janela. - Mady, olhe para mim. - A contra gosto obedeci. - Os bombeiros fecharam a escola por tempo indeterminado, aparentemente as fundações do prédio foram bastante danificadas.

- Então... Não estou ferrada?

- Não. - O imortal parecia está segurando o riso.

- Que alívio. - Tomada por uma coragem desconhecida sustentei o olhar dele. O rosto perfeito estava marcado por olheiras profundas e escuras. Pela primeira vez em toda minha vida senti raiva de verdade. Raiva pelos responsáveis por trazer sofrimento tanto para mim, quanto para ele.

- Deveria descansar. - Consegui dizer.

- Estou bem Mady. - Ele parecia resignado como se já tivesse tido essa conversa mais de uma vez. - Conversei com Edward... - Está tentando mudar de assunto. Estreitei os olhos mostrando que havia percebido a intenção dele e fui ignorada com sucesso. - E concordamos que você precisa ser preparada. Vamos ensiná-la a se defender e mostrar como usar seus poderes de guardiã.

- É. Já chega de ser saco de pancadas. - Preparei minha jogada. - Mas quem vai me treinar?

- Eu e Edward. É claro.

- Hum... - Os olhos azuis desconfiados pairaram sobre mim, não permiti que isso desviasse minha linha de raciocínio. - Você? - Queria que minha incredulidade parecesse verdadeira.

Guardiões Vol 1. (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora