I - Janto fora e invadem minha mente.

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Arrastei-me vagarosamente até o sofá imaculadamente branco da sala de estar de minha casa onde deitei-me. Mal conseguia me mover. Os últimos resquícios de energia que ainda residiam em mim se foram completamente. Voltava de mais uma patrulha turbulenta. Essa semana não preguei o olho uma única vez e estava pagando o preço por isso, ficar acordado era um esforço que não deveria ser tão grande.

Por que Los Angeles tem que receber tantas visitas indesejadas? Talvez devesse ter ficado em Londres mesmo, lá é de longe bem mais sossegado. Acho que as mulheres do vento se divertem vendo as pessoas correndo e gritando quando começam a fazer ventanias do nada. Como se não bastasse o caos que L.A já é sem a interferência delas. E para completar, elas literalmente escapam por entre os dedos e riem da sua cara depois. É frustrante!

Fechei os olhos na tentativa de conseguir dormir e torcer para nada acontecer nesse meio tempo. Por que não há nada pior do que ser acordado por gritos histéricos dentro de sua mente. Acredite. Isso acontece com mais freqüência do que eu gostaria.

Aos poucos meu corpo foi se entregando a letargia do sono junto com formigamento familiar nas omoplatas indicando que minhas asas estavam se retraindo. A respiração também se tornou regular e compassada. Logo estava totalmente submerso no tão desejado descanso.

Logo me vi com cinco anos parado em um corredor largo e iluminado. As paredes de um tom amarelo amanteigado estavam adornadas com quadros retratando os grandes conselheiros em poses heróicas ou destruindo algum grande mal denunciou minha localização. Estava no palácio do alto conselho em Guardia. Meu eu infante mal via à hora de também ganhar um lugar ali e ser conhecido por todos de sua raça, assim os meus pais também eram.

Corri em direção as grandes portas duplas construídas em ouro maciço que levava para a sala do conselho. Do lado de fora estavam sendo vigiadas por um par de guardas responsáveis pela proteção dos conselheiros. Essa era uma honra concedida a poucos e essa minoria se enchia de orgulho, muitas vezes se tornando arrogantes achando-se dignos de serem bajulados por aqueles que consideravam inferiores.

Os dois deram passagem para mim sem pestanejar. Afinal a criança entusiasmada na frente deles era filho de um dos grandes e um dia seria seu chefe. Pelo menos era isso que na inocência da infância desejava.

A grande sala circular do conselho se encontrava quase vazia. Apenas a figura imponente de meu pai estava lá. Ele observava de maneira atenta o grande globo reluzente que pairava sobre a mesa redonda de sete lugares. O globo mostrava o que estava acontecendo em cada universo em tempo real. Assim o conselho poderia interferir e impedir grandes catástrofes de forma imediata e eficaz.

"Papai." Minha voz esganiçada de criança ressoou pela grande sala chamando a atenção do grande homem alado. Meu pai mudou sua atenção para mim ao mesmo tempo em que abria um de seus grandes sorrisos calorosos. Ele era conhecido por ser o conselheiro mais gentil e compassivo dentre os sete.

"Venha aqui Sky". Não esperei outro convite. Corri pelo pequeno espaço que nos mantinha distantes. Ele pegou-me no colo como sempre fazia e mostrou a mim o grande globo que agora mostrava um lugar árido onde dunas de areia amarelas tremulavam pelo calor.

"Onde é isso papai?" Não conseguia afastar o olhar.

"isso é a Terra meu filho". Meu pai sempre teve um grande fascínio pela terra e seus habitantes.

"O que é aquilo?" Perguntei mostrando uma grande construção de pedra sendo erguida.

"São os egípcios erguendo mais uma de suas magníficas pirâmides."

"Um dia irei visitá-las".

"Claro que sim meu grande aventureiro." Ele me fez cócegas. Arrancando risadas que logo juntaram-se as dele. Ambas ecoaram pelo grande salão. Aos poucos a voz de meu pai foi ficando distante dando lugar a outra que chamava meu nome.

Guardiões Vol 1. (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora