Capítulo 19: (In) decisão.

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Não duvidava mais das boas intenções daqueles quatro, mas relembrar tudo que passei até aqui, trouxe uma angustia sem tamanho. Não fazia idéia de o que eles queriam dizer quando falaram em fechar aquele lugar. Não podem estar falando sério, quatro contra um bando de bandidos sem escrúpulos? É suicídio, e ainda tem 'ele' aquele homem de olhos sem vida.

Não tinha duvida de que ele viria atrás de mim se souber que foi eu que dei com a língua nos dentes. E não queria estar por perto se isso acontecer, mas como poderia ir embora se prometi esperar?

Mas se eu for agora... Será que eles viriam atrás de mim? Será que Edward ficará decepcionado com minha deserção?

- Ora! Porque estou preocupada com a reação dele? - Bufei exasperada comigo mesma. - A final nem o conheço direito. - "Ele também não te conhecia quando arriscou o pescoço ontem a noite." Minha consciência argumentou.

Levantei da cama e passei a caminhar pelo quarto, lutando comigo mesma, não devo ficar aqui, não irei suportar está aqui se caso algo dê errado e um daqueles quatro se machuque, ou... Aconteça algo pior.

Não quero ter que perder mais ninguém! Vou embora enquanto ainda consigo e tenho coragem para isso. Abri o guarda-roupa de Madison e de lá retirei um casaco grosso, espero que não estejamos muito longe da cidade, na noite passada ficamos dando voltas por causa dos vampiros que nos seguiam.

Desci sorrateiramente torcendo para não encontrar com ninguém, a casa parecia vazia, andei nas pontas dos pés, meus passos pareciam retumbar em meus ouvidos. Mas aparentemente as vozes vindas de um cômodo a esquerda abafavam meus passos de elefante.

Abri a porta e corri pelo caminho de pedra direto para o portão, o frio beijava minha face, respirei aliviada por ter pego um casaco que conseguisse me manter aquecida. Olhei para o grande portão só me restava esse obstáculo para ultrapassar, no muro havia um único botão, que deduzi que servisse para abrir, o apertei e o portão abriu sem fazer ruídos.

A minha frente só via neve e mais neve, olhei mais uma vez para trás, o portão se fechava lentamente. Sacudi a cabeça afastando os resquícios de indecisão, rumei em frente, com certeza uma hora ou outra encontraria a estrada.

Na primeira meia hora, vi tamanho da burrada que havia feito. A neve que entrava dentro das botas começou a derreter em contato com a minha pele, molhando meus pés e assim fazendo com que o frio me atingisse.

A imensidão branca a minha frente parecia aumentar junto com o frio e o medo de está rumando para a morte certa.

- Será possível que só faço besteira? - Abracei o corpo tentando conservar o calor.

O que aquele programa de sobrevivência que assisti na ultima vez que vi TV, dizia mesmo a respeito de sobreviver em um ambiente gelado? Ah... Tentar conservar a temperatura do corpo, e ficar atento para que nenhum membro congele ou sofra queimaduras causadas pelo gelo. Bom... Falar é fácil.

Deixei que minha mente vagueasse, em uma tentativa desesperada de esquecer o frio. Foi assim que lembrei da primeira vez que meus pais me levaram há um parque de diversões, acho que tinha uns cinco anos na época, e havia conseguido a proeza de me perder deles.

❄❄❄

"Papai, papai! Quero ir na roda gigante." Meu eu infantil quicava nos braços do homem robusto que mais parecia um panda.

"Quando for um pouquinho maior meu bem." O sorriso escondido pela barba se abriu na face corada dele.

"Grande quanto? Desse tantão?" Abri os bracinhos.

Guardiões Vol 1. (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora