Capítulo 35: Sentimentos corrompidos.

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A tarde se firmava no Reino dos elfos. Já estávamos aqui há quase três dias esperando pela resposta do conselho elfico. Essa demora estava me fazendo pensar em coisas que não devia. Caminhei para hora da Habitação que dividia com Edward. Eram as primeiras horas do dia e ele ainda dormia como uma pedra. Sentei na pequena base de madeira que viçava do lado de fora e servia como ultimo degrau.

Deixei minhas pernas balançaram no vazio. Estava há uns quarenta metros do chão. Via os primeiros focos de atividade matinal lá embaixo. Os elfos parecem tão seguros do que devem fazer, do que são... Para onde vão. Gostaria de ter essa mesma convicção. Sentia no intimo de minha alma que estávamos cada vez mais próximos do final. Para o bem ou para o mal. E não sabia se estava a altura disso.

Suspirei e olhei para o céu sempre azul. O quê poderei fazer contra seres imortais quando a luta chegar? Por que ela inevitavelmente estava batendo a porta e eu não quero ser um estorvo.

- Lizie? - Edward chamou atrás de mim. Gostaria de poder ouvi-lo se aproximar. Ele vai sacar na hora que tem coisa errada. - Faz tempo que está acordada?

- Não muito. - Tentei controlar a voz.

- Hum. - O imortal sentou-se ao meu lado. - O quê há de errado? - Escolhi ficar em silencio não iria encher a cabeça dele com minha fraqueza. - Vamos fada. Converse comigo. - Edward abraçou-me pela cintura trazendo-me para mais perto dele. O calor de seu corpo causou-me arrepios.

- Só... Estava pensando. - Engoli a covardia. Podia confiar nele. Ed saberia como ajudar a afastar a duvida. - Não sei se conseguirei... Fazer diferença em uma luta entre imortais... Sou apenas uma humana.

- Entendo. - O olhei para o guardião. As feições relaxadas, o sorriso brincalhão nos lábios e os cabelos despenteados por ter acabado de acordar tiraram meu fôlego. - Quem construiu a grande muralha da China? - Edward afogou-me com seus olhos verdes profundos.

- Ham... Os Chineses? - Franzi o cenho sem entender o quê isso tinha haver com meu dilema.

- Exato. E a ferrovia transcontinental?

- Não sei...

- Foi construída no século XIX no velho oeste em meio a uma guerra civil.

- Ed...

- Espere um pouquinho Lizie. Estou chegando ao ponto principal. - Suspirei resignada. - Os construtores dessas duas obras avançadas para o próprio tempo eram seres humanos. Certo?

- Ham ram... Eu acho.

- Te afirmo que eram meu amor. Eles não sabiam voar, não tinham super força ou qualquer habilidade sobre-humanas. Só o que tinham era força de vontade e foco em concluir seus objetivos. E te digo mais. De onde venho não há nada comparado a essas obras a outras muitas espalhadas pela terra. Os guardiões perderam a muito tempo o quê a humanidade tem de sobra: Força de vontade. Não estou dizendo isso para levantar seu moral. Cometi o erro de subestimá-la uma vez e quase a perdi e não farei isso novamente. Não sei o quê está a nossa espera, mas a certeza que tenho é que estarei lá ao sei lado.

- Obrigada Edward. - Deitei a cabeça em seu ombro. Talvez ele tivesse razão e no final das contas eu estivesse só fazendo tempestade em um copo d'água.

- Não adianta ficar sofrendo por algo que nem aconteceu ainda. - Senti a cabeça dele tocando a minha. - Não vamos seguir o exemplo do peru e morrer de véspera.

- Minha nossa Edward! Isso foi horrível! - Gargalhei alto sendo acompanhada por ele.

- É eu sei. - Ed suspirou contendo o riso. - Pelo menos tirei essa carinha preocupada.

Guardiões Vol 1. (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora