Não tenho nada para fazer além de protelar lavar a louça e fazer o jantar para meus monstrinhos (vulgo genitores) e lamentar profundamente minha existência e o fato de minha namorada estar longe demais para me mimar devidamente nessa TPM horrível e deprimente, por isso resolvi não revisar e disponibilizar logo mais um capítulo para meus bolinhos (vulgo vocês)
Boa leitura!Annabeth não voltou a tempo do aniversário de Scarlett, que fora comemorado com mini cachorros quentes feitos por Hazel e Calipso (Piper estava muito cansada por estar visivelmente no fim da gravidez), onde a menina provou refrigerante pela primeira vez e ficou acordada durante toda a noite por causa do açúcar.
Também não voltou a tempo de ver o nascimento de Georgia, filha caçula de Jason e Piper, com seus ralos cabelos castanhos e olhos de caleidoscópios que provavelmente era a coisa mais linda que Nova Roma - e talvez o mundo mortal - já vira.
Percy mal dormia a noite, preocupado com o paradeiro da filha de Atena e evitando seus pesadelos, que já não conseguia diferenciar do que era real ou não. Havia colocado Scarlett na creche, tanto para o sossego de Piper – que tinha um bebê e uma criança teimosa e ciumenta para cuidar – quanto para que pudesse passar mais tempo longe de casa.
Ele agora se dividia entre o trabalho e a guarda na entrada do Acampamento Júpiter, onde esperava que Annabeth fosse irromper bravamente a qualquer momento.
Mas não fora assim que aconteceu.
Percy estava exausto e pronto para trocar de turno quando uma figura aos trapos aparecera quase desfalecida.
Estava molhada, enlameada até o rosto, de onde um corte partia pela lateral da face da altura da sobrancelha até a lateral do busto. Os cabelos eram um emaranhado de lama e teias.
Percy ofegou, largando o posto e correndo em seu auxílio. A figura sorriu, se permitindo desabar em seus braços.
-Desculpe – ela balbuciou, os olhos cinzentos opacos se fechando.
-Annabeth... – Percy quase não conseguira dizer.
Ele olhou para trás, esperando algum perigo que não viera, então correu com Annabeth nos braços, abandonando seu companheiro de vigília na entrada.
Will estava de plantão aquela tarde, esperando que fosse apenas mais um dia pacato. Contrariado, o filho de Apolo arregalou os olhos quando viu Percy correr em sua direção e capturou uma maca que um legado estagiário carregava para levar a outro curandeiro, ignorando sua interjeição indignada.
-Deite-a aqui – ele ordenou antes que Percy pudesse dizer qualquer coisa, avaliando Annabeth sem sequer pestanejar.
-E-e-ela está...? – Percy gaguejou, não conseguindo completar a pergunta.
-Ela desmaiou de exaustão – Will disse-lhe, passando a examinar o corte. – e isso aqui é bem recente, com sorte eu consigo fazer isso não infeccionar e mal vai dar para notar a cicatriz.
O curandeiro jogou néctar no corte e se virou para Percy.
-Ouça – disse – preciso que traga coisas dela para cá enquanto dou um jeito nisso.
Percy balançou a cabeça freneticamente.
-Eu volto logo – disse, já correndo porta afora.
Ele correu para casa, onde jogou as primeiras coisas de Annabeth que achou e que pensou que ela poderia precisar em uma mochila e arrumou uma pequena bolsa para Scarlett.
O semideus praticamente voou até a creche, onde a ruivinha o esperava com suas marias chiquinhas tortas no topo dos dois lados da cabeça, semelhantes a dois algodoes doces vermelhos.
-Vamos ver a mamãe, pirralha! – ele disse, mal podendo conter a excitação em sua voz.
-Mamãe voltou? – Scarlett perguntou, pendurada em seu colo, sua voz saíra tão fina que era visível sua animação.
-Voltou!
-Oba! – ela deu um gritinho e disse – Saudade mamãe.
-Sim, também senti saudades – ele disse em concordância – mas Annabeth está cansada, então você tem que ficar quietinha, entendeu?
-Entendeu, papai – ela disse sem fôlego devido o balançar de seus passos rápidos.
Chegaram logo, procurando com o olhar onde estaria Will.
-Aqui, Percy – ele chamou, acenando do fim de um corredor, entre as cortinas de um cubículo.
Percy não demorou em alcança-lo.
-Essas são as coisas dela? – Will apontou a mochila.
-Sim, acho que está tudo aqui – balbuciou.
Will tirou a mochila de seus braços, a jogando para uma mulher franzina e loira que aguardava a seu lado. A mulher entrou no cubículo sem se pronunciar.
O filho de Apolo encarou Scarlett.
-Por que trouxe a menina? – ele perguntou.
- Ninguém ficaria com ela. Você sabe – Percy bufou.
Will massageou as têmporas.
-Certo – ele disse. A mulher baixinha saíra do cubículo – Veja bem, não sei quando Annabeth vai acordar, provavelmente só amanhã a noite, mas por hora parece que está bem. O corte está cicatrizando e colocamos um braço quebrado no lugar. Também teve uma concussão. Parece que quebrou duas costelas e fraturou o tornozelo novamente quando estava fora, mas já estavam praticamente bons quando chegou.
-Podemos ficar com ela?
Will puxou a cortina e a segurou aberta. Lá estava Annabeth, já limpa e vestida nas roupas que Percy levara. Sua feição estava serena em seu sono profundo, o que fez Percy suspirar em alívio.
-É mamãe! – Scarlett exclamou em alegria do colo de Percy.
-É mamãe – Percy repetiu, abobalhado.
-Chão! – Scarlett pediu e Percy a desceu em um ato automático.
A menina correu para o lado da cama de Annabeth, mas não alcançava nem o colchonete, então tentou escalar. Percy a segurou.
-Ela está dormindo, pestinha – a avisou.
-Ah – ela fez, parecendo chateada, mas sorriu logo em seguida levando o dedinho aos lábios em sinal de silêncio – shh.
Percy sorriu diante da compreensão da ruiva.
-Isso mesmo – disse – shhh.
Percy deu um beijo no topo de cabeça de Annabeth, pegando Scarlett novamente nos braços e se sentando com ela no poltrona.
-Vamos comer e dormir para esperar ela acordar, tudo bem?
-Aham – a menina fez.
O filho se Poseidon abriu a bolsa de Scarlett e tirou uma mamadeira com suco de laranja e um pacote de bolachas a base de leite de soja que Scarlett gostava.
-Desculpe, é o que temos para hoje – ele disse, mas a menina se limitou a pegar os biscoitos e devora-los.
Quando se cansou de mastigar, pegou o suco e se recostou em Percy, já fechando os olhos. Ele sorriu.
-Boa garota – disse, dando-lhe um beijo na testa. Segredou-lhe – Também quero dormir logo para chegar amanhã...
Dormiram. Percy sentado na poltrona e Scarlett deitada sobre seu colo. Percy nunca achara tão bom dormir em uma posição desconfortável quanto naquele momento.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Lullaby
FanfictionPercy e Annabeth enfrentam um mundo totalmente diferente e assustador ao se depararem com o desejo da paternidade e maternidade; um mundo envolvendo lágrimas, revoltas, mistério, brigas, confusão, frustrações e... uma juba ruiva, é claro! **história...