Epílogo

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Seus olhos me encaravam enquanto Mía pegava de volta o copo da água.
Ele já parecia mais sóbrio, mas a pressão que seus olhos faziam em mim, me deixava tonta.
Todos saíram em silêncio do quarto e me deixaram com Russell.
- Me desculpa - escuto seu susurro escapar levemente entre seus lábios.
- Russell...eu - tento falar mas algumas crianças entram no quarto, correndo uma atrás da outra - ..te encontro no chalé - falo, deixando o quarto.

Encaro o chalé, percebendo novas flores abraçando suas paredes.
Esperarei Russell aqui, para resolver tudo de uma vez. Dessa vez um ponto final, definitivo.
Entra na casa, encontrando tudo exatamente no lugar, tirando o varal de fotos no meu quarto que não estava ali quando tinha ido embora.
Sentei na cama e automaticamente lembrei dos momentos que nos tivemos ali.
Seguro o choro, respirando fundo.
- Coloquei isso antes mesmo de saber que você tinha deixado Seattle - encaro o homem a minha frente. Suas roupas estava desgrenhadas, seus corpo parecia cansado, combinando com seu rosto e voz.
Olho o chão de madeira, sem saber o que responder. Ele havia colocado fotos nossas ali? Por deus, o que Russell estava fazendo com minha sanidade.
- Me diz, por que você me deixou? - seus passos para perto de mim, me fez encarar seus olhos cansados.
- Russell, eu realmente não estou entendendo - falo, olhando a luz do sol que vinha da janela -Você nem se importava comigo.
- Eu me importava tanto que eu tive que fazer esse sacrifico - fala alto, batendo sua mão na parede depois de se xingar - Meu pai morreu - fala e eu o encaro surpresa.
- Ninguém havia me contado - murmuro, olhando para minhas mãos.
- Ninguém sabia - fala se aclamando - Além da minha família.
- Sinto muito - falo por respeito mas não conseguia sentir nem um pouco de tristeza.
- Não sinta - ri um pouco e o assisto se encostar na parede, bem na frente da cama onde estava - Eu não sinto - confessa - Ele me fez sofrer tanto, prejudicou tanto nossas vidas que a morte era tudo o que ele não merecia - sua voz soa fria, bem longe daqui.
Fico parada, apenas escutando seu desabafo.
- No dia que fomos naquela festa - começa a falar - Quando você saiu para ir ao banheiro - seu desabafo me chama a atenção para seus olhos - Ele falou que iria te prejudicar - sua voz saiu mais fraca - Você cumprimentou aquele homem, seu chefe talvez e meu pai sorriu feito um demônio - Russell se desencostou da parede. Olhei para janela, lembrando da cena. Como seu pai me encarava intensamente, ele já estava planejando tudo! - Ele iria fazer você ser despedida e até mesmo não poder ser contratada nunca mais - fala me encarando - Acredite, ele tinha o poder de fazer isso.
- Então o acordo de vocês foi que você se afastasse de mim... - murmuro, entendendo a história.
- Eu não iria te sacrificar para poder ficar com você - se aproxima e eu me prendo mais à cama - Combinei tudo com Jace. Desde do momento que você me viria na praça até te fazer você me esperar e eu ser um completo idiota - enquanto ele falava, cenas passavam na minha mente pela visão dele.
- Você realmente foi um completo idiota - murmuro, levantando da cama.
- Eu sei - murmura perto de mim.
- Russell, por favor! - falo, não deixando ele me tocar.
- Você não me perdoa? - pergunta com a voz fraca.
- Eu já perdoei - falo me virando - Mas as coisas não voltaram a ser como eram antes - falo, me movendo para a sala - Eu tenho um emprego e uma vida agora em Portugal - falo abrindo a porta do meu chalé - Não tenho um espaço para nós - minha voz sai fraca pois não estava convicta.
- É a segunda vez que você está se despedindo de mim - sussurra, me olhando com os olhos sem brilho.
O encaro, segurando para não chorar. É difícil dizer adeus.
Seus passos foram leves e lentos contra a madeira. Seu corpo passou como um vento por mim, quase não pude senti-lo se não tivesse deixado a mesma caixa que eu havia deixado quando parti de Seattle.

- Você promete que sempre vai me ligar? - Maddy pergunta, me abraçando apertado.
- Prometo que tentarei - sorrio sincera e pego a pequena Annie em meus braços - Você vai se lembrar da tia, não vai? - pergunto, olhando para os grandes olhos castanhos.
Ela solta uma risada gostosa e eu a abraço em meu colo.
Coloco ela no chão e guardo minha mala no porta-malas do táxi.
- Eu amo vocês - sorrio, olhando para aquela família linda - Nunca irei esquece-los - sorrio, vendo Maddy derramar uma lágrima.
Entro no carro rumo de volta à realidade da minha vida.

Sweater WeatherOnde histórias criam vida. Descubra agora