Sweater Weather

Chapter Twenty-one - Bad boys also cry

As coisas estavam fluindo o melhor possível. Consegui um emprego em uma revista no centro de Seattle, não tão perto de casa, mas era tudo o que precisava. Nem em um mês de emprego e já estava encarregada de várias coisas.

Fechei meu guarda-chuva, parando na cafetaria mais próxima. Com o final de novembro, o frio ficava cada vez mais forte. Algumas lojas já estavam vendendo coisas de Natal e minha mãe já planejava passá-lo em Nova York com a família e claro que eu tinha que ir.

Esperei pacientemente meu café em pé, todas as mesas estavam lotadas. No inverno, o melhor lugar para se ficar, é na cafeteria.

- Katherine - escuto meu nome e pego meu café, saindo de lá, tentando abrir meu guarda-chuva para ir de volta ao emprego.

As coisas em casa estavam normais... mais ou menos.

Não falava com Logan, ele entrava e saia de casa e não nos falávamos. Ia para balada com o pessoal. Beijava algumas pessoas, incluindo Russell como uma delas. Mas todo esse tempo não falava mais do que o necessário com Logan e nem com Maddy. Eu estava frustrada na verdade.

Hoje eu ia falar com Logan e ia resolver essa situação. Não quero continuar assim com o meu melhor amigo, quero colocar todas as coisas na mesa e resolvê-las da melhor maneira possível.

- Viu as notícias? - Claire pergunta assim que entro na minha cabine.

- Que notícias? - pergunto colocando um papel, antes de colocar o meu café, na mesa.

- Vamos ter um evento em Portugal em maio - fala se aproximando com a cadeira e me entregando um papel - Vai ser um encontro com várias celebridades e revistas famosas - fala cruzando as pernas e jogando seu cabelo castanho para atrás.

- Lahan está batalhando nisso, hun - o diretor da revista estava tentando de todas as maneiras de levar a revista aos holofotes e acho que está conseguindo.

- Sim, dando umas escapadinhas ali e aqui mas está conseguindo - fala fazendo uma cara engraçada.

Rio e jogo a folha em cima da mesa e vou ao computador, trabalhar em novas coisas.

**

A ansiedade estava alta enquanto eu subia no elevador do prédio. Queria abraçar Logan e pedir perdão. Conversar com ele até a madrugada mesmo que atrapalhe o meu trabalho.

Ao entrar, deparo com a total escuridão. Logan ainda não havia chegado. Acendi a luz e joguei minha bolsa em cima do sofá me jogando em seguida, olhei meu celular em busca de alguma coisa mas nada conseguia me distrair. Esperei e esperei mas nada. Será que ele ficaria até mais tarde?

Escuto vozes perto da porta e me levanto ansiosa, vejo-o entrar sorridente e me encarar surpreso, fechando o sorriso no mesmo minuto.

- Você chegou cedo - ele fala ainda com a porta aberta.

- Sim - falo tímida - E você chegou tarde - sorrio para ele e vejo seus olhos tristes por um segundo.

- Jéssica, pode entrar - fala olhando pra porta e depois me encara apreensivo. Jéssica?

- Com licença - fala uma mulher negra com cabelos cacheados até a cintura.

- Jéssica essa é a Kath e Kath essa é a Jéssica - Logan fala com a voz estranha.

- Prazer - falo apertando sua mão, que retribui. Minha cara devia estar estranha. Pelo menos era assim que eu me sentia, completamente estranha.

- Aconteceu alguma coisa? - Logan pergunta se aproximando e Jéssica atrás.

- Não, não - falo pegando, desesperadamente, minha bolsa - Eu só ia avisar que eu hoje eu ia jantar fora.

- Ah sim - fala baixo, desconfiado e olha pra Jéssica que sorria, incomodada pela minha presença - Nós vamos fazer uns projetos aqui se você não se incomoda.

- Claro, eu vou dar privacidade pra vocês - falo passando por eles - Bom...er...projeto - desejo, abrindo a porta - Foi bom te conhecer, Jéssica - falo e aceno com a cabeça.

- O mesmo - sorri com sua voz doce.

Sorrio e fecho a porta dando uma última olhada em Logan. Assim que percebi que estava no corredor, meus olhos se encheram de lágrimas e minha garganta ardeu. Eu estava tentando não chorar até aquele momento. Quando começo a soluçar, bato rapidamente na porta de Russell mas ninguém responde. Os soluços ficavam mais altos e meus olhos estavam inundados em lágrimas. Corro para o elevador, esperando o mesmo chegar. Para onde eu iria? Que lugar eu poderia ficar sem ninguém, apenas eu e meus sentimentos? O elevador chegou e corri para ele apertando o térreo, encostando minha cabeça na parede do elevador. Parecia que meu peito ia explodir, a dor estava tão forte que parecia que eu ia vomitar. Eu não sabia o que estava sentindo mas era a primeira vez que via Logan com outra garota e parecia interessado.

Encarei o controle do elevador e vi o terraço brilhando como luzes de neon.

Era pra lá que eu iria.

Esperei o elevador descer até o térreo e felizmente ninguém subiu. Apertei o terraço e esperei, ainda aos prantos, ele chegar.

Chegando no terraço, o vento forte me surpreendeu me deixando mais encolhida no meu suéter. O céu estava pintado com um tom laranja. Quanto mais ia me aproximando, mais via uma silhueta. Pera, era Russell. Ele estava com um moletom enorme e calça jeans. Seus braços apoiados na mureta olhando para a cidade, enquanto fumava.

Me aproximo, ficando ao seu lado. Seus olhos me olham com surpresa e ele se afasta. A imagem de seus olhos vermelhos e inchados fez um corte no meu coração.

- O que você está fazendo aqui? - pergunta seco, sem ao menos me olhar.

- Precisava de um refúgio - falo baixo, encostando minhas costas na mureta, indo até o chão.

Russell me encara de soslaio e respira fundo.

- Me desculpa - fala vindo até mim. Ele senta ao meu lado, encostando seu ombro no meu.

- Tudo bem - falo secando algumas lágrimas - Larga essa merda de cigarro, por favor - falo tirando o cigarro de suas mãos.

Ficamos em um silêncio barulhento. O vento fazia meu cabelo bater sobre o meu rosto. Russell pega minha mão, acariciando ela.

- O que aconteceu? - pergunta baixo, quase como um sussurro.

- Cansada de ser quem eu sou - falo olhando para suas mãos - Queria ser menos infantil - eu tenho 24 anos e me comporto como uma adolescente.

- Eu gosto do seu jeito infantil - sussurra com ironia, aproximando seu rosto do meu pescoço.

- E você? - pergunto - O que aconteceu? - me viro, olhando para seus olhos.

Russell muda de expressão, sua testa enruga e seus dedos apertaram o meu.

- Meu pai está no hospital - fala lentamente - Me sinto culpado por isso - confessa, olhando para o horizonte.

- Você não é culpado. Nem um pouco - falo pegando seu rosto, para encara-lo - E também não é sua culpa querer dar um diferente exemplo para Rae.

- Nem ela se importa - fala um pouco mais alto - Ela está exatamente como meu pai. Com as mesmas atitudes - solta minha mão, passando pelos cabelos - Minha mãe está sofrendo, mas eu não posso fazer mais nada.

Passo a mão pelos seus cabelos e me aproximo do seu corpo.

- Então você não está mais trabalhando? - pergunto acariciando seus cabelos.

- Não - murmura, me puxando para seu colo.

- Garotos maus também choram - sussurro me encolhendo em seus braços.

Ele apenas me aperta. Sentindo o vento parar e o som do seu coração aumentar, algumas gotas caem sobre meus jeans, eram lágrimas. Levanto meu olhar ao dele, dando-o um selinho. Ele era exatamente o que precisava, eu me sentia protegida com ele.

Russell é meu refúgio.