"As coisas são como são, insondáveis assombrações, amores que dilatam poros, porões." - Washigton de Resende
Ally's POV;
Will era um doido com um discurso de doido. O incrível era que só ele não percebia isso, ou percebia e ignorava, não sei o que se passa na mente de assassinos controlados.
Jeremy era outro maluco. Isso todo mundo percebia inclusive o próprio, o que me poupa o trabalho de ter de dizer isso a ele.
O porque de eu estar dizendo isso?
Bem, deixa ver se consigo explicar: acabamos de sair de um bueiro maligno e paramos perto das montanhas gigantes que cercam Badlands. A única saída é por um desfiladeiro, o qual estamos acampando perto. Agora é noite e Rick falara que haviam lobos ali por perto. Há boatos de que Victoria e sua trupe de cachorrinhos estão vindo agora mesmo nos matar, e por onde acha que eles irão entrar? Isso mesmo, pelo desfiladeiro. Ficaremos encurralados e se conseguirmos escapar, seremos comidos por lobos, e parece que nem Will, nem Jeremy que reclama de tudo, vêem isso.
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Se eu fosse Will, iria embora o mais rápido que podia e deixava a mim e as outros pra trás. Ele não tem mais nada aqui: não tem mais amigo porque matou a ex-noiva dele; não tem mais amiga porque ameaçou tirar a vida dela; não tem nem namorada porque também queria matar o melhor amigo dela. Na verdade eu nem queria ser o Will.
- Acha que vamos morrer? - Rick pergunta pra mim.
Estávamos todos um do lado do outro, em silêncio, vigiado por guardas com feições duras e estranhas. Horas antes um deles deu uma singela piscada pra mim e tive que ser obrigada a falar que gostava de mulheres, o que também não era mentira, mas pareceu que só fiz aumentar ainda mais seus fetiches estranhos de héteros.
Olhei pra Rick. Ele encarava o chão, não parecia o mesmo Rick de três dias antes. O Rick tímido mas corajoso e que apesar de tudo, sacrificou sua vida ótima para ajudar pessoas como nós. Eu me sentia meio que em dívida com Henrique, já que apoiar nossa causa e nos trazer até a saída - mesmo que Will tenha nos pego - pode ter destruído toda sua vida profissional. Ele merecia uma recompensa.
- Eu não sei. - dou de ombros o máximo que consigo, pois tenho mãos fortes de um homem a segurar-me mais forte a cada pequeno movimento que eu faça.
- Você se importa? Se a gente morrer? - perguntou, ainda olhando pra baixo, seus olhos verdes parecendo apagados agora. Neguei com a cabeça. - É por causa dele?
Fiquei parada. Meu corpo todo se paralisou de uma vez e os pelos da minha nuca se arrepiaram só de sequer pensar nele. Só de ter o seu rosto vívido em meu cérebro, me assombrando como um fantasma. Tomando cada parte de mim.
Ren.
Eu ainda podia vê-lo cada vez que eu fechava os olhos, cada vez que eu estava cansada e precisava de alguém em quem me apoiar. Cada vez que eu precisava dele. Isso parecia me quebrar um pouco mais e, droga, eu não queria pensar nele. Eu nunca fui sentimental. Eu nunca me apaixonei nesse nível.
