Fearless (Breathless - 2)

Capítulo 31 pt 2 - Separados nós caímos

- Névoa Venenosa? – Jeremy me encarou.
- Sim. – assenti, sem olhar pra ele. – É um plano da Ashes, eu já tinha lido sobre nos Arquivos Confidenciais.
Ele ficou quieto por um momento e eu só pensava em escapar dali o mais rápido possível, mas ninguém se movia. Eu temia o que ele iria falar em seguida, porque eu sabia como Jeremy era. Ele era um herói.
- Não podemos deixar a cidade morrer, Tess. — murmurou.
Eu não era uma heroína.
- É o destino dela, Jem. – encarei seus olhos azuis. – Isso estava planejado mesmo antes de virmos pra cá, a diferença é que vai acontecer mais cedo.
- Destino é algo relativo. – cruzou os braços. Conhecia esse gesto: ele estava decidido em não mudar de ideia.
Bufei.
- Jeremy, essa cidade nem consta mais no mapa. – resmunguei. – Vamos embora.
- Alguém importante me disse que não é porque não notam você, que isso significa que não exista. – Rick falou. - Eu morei aqui por 10 anos, sei que essa cidade é só um fantasma do que costumava ser, que as pessoas aqui são egotistas e cruéis, mas é porque a ASHES os deixou assim. Ela tirou a esperança deles. Devolva-a.
Jem descruzou os braços e caminhou até mim, os galhos quebrando sob seus pés.
- Por favor, Tessie. – pediu.
Tessie. Aquele apelido novamente. Uma sensação estranha no meu estômago veio, como se eu sentisse algo quente, algo como um abraço no meu corpo. Encarei Jeremy, que mantinha seus olhos firmes no meu. Mesmo com todos os arranhões e cortes, as perdas e o desespero que essa cidade tinha causado a ele, ainda queria salvar o lugar. Eu admirava ele por essa abnegação, porque eu justamente não era assim.
Suspirei.
- Eu tenho um plano.

~o~

Voltamos para a base do Will mais discretamente o que podíamos. Scott mantivera a sua promessa e até agora ninguém nos pegara, pelo menos não enquanto caminhávamos pela mata ou quando adentramos o terreno de volta, escondendo-se atrás de três carros capotados. No caminho falei sobre o plano que era bem simples na teoria, porém complexo na prática. Victoria estava crente de que ou saímos do território de Badlands ou nós fomos mortos pelos lobos, o que significava que a mesma só se preocuparia com o nosso paradeiro depois. Com a promessa que havíamos feito à Scott de que ele não nos delataria, uma brecha se mantinha aberta para que nós entrássemos furtivamente e atacássemos a área. Para isso seria preciso que um grupo distraíssem Victoria e seus cavaleiros e outro pegassem o armamento necessário no arsenal restante da base do Will; quando já tivéssemos tudo em mãos atacaríamos ou tentaríamos, soltando os prisioneiros e dando espaço para Melanie e Lawrence tentarem invadir a ASHES. Era um plano aberto a muitas falhas, mas era o que tínhamos.
Ergui meu corpo mais um pouco acima do carro para observar a área, sem fazer barulho. Os guardas de Victoria levavam os capangas de William em uma fila de indiana, todos algemados e completamente indefesos. A mesma observava tudo com seus quatro cavaleiros atrás, seus olhos analisando cada um e digitando algo em seu tablet. Scott olhava de um lado a outro, procurando por algo, ou alguém.
Procurando por nós.
Alexia sorriu ao meu lado.
- Ele deve saber que estamos aqui. – sugeriu. – Só não em que lugar.
- Questão de tempo. – dei de ombros e olhei por cima da lataria do carro. – Droga.
- Que foi? – Ally perguntou atrás de mim.
- Sem sinal do Will. – falei e voltei a olhar. Depois de um tempo percebi que elas estavam quietas. – Que foi?
- Nada. – Ally apenas disse e voltou para onde o grupo estava, um pouco mais atrás.
Revirei os olhos. Eu não estava preocupada com Will, só queria saber onde ele estava por curiosidade, nada mais. William Jones Golden já era passado pra mim, um fantasma do que costumava ser, assim como essa cidade fora.
Olhei para os outros. Lawrence e Miih discutiam algo sobre firewalls e o tempo necessário para desbloquear a senha e hackear a conta da ASHES. Jeremy e o restante discutiam como iriam distrair o grupo de soldados da Victoria.
- Entenderam o plano pelo visto. – observei as estratégias que Jem tinha desenhado no chão. – E falem mais baixo, temos quatro mutantes ali.
- Sim, falaremos. – Jem sussurrou e sorriu. Não pude deixar de sorrir também.
- Quando vamos agir? – Rick perguntou, seus olhos verdes se movendo de um lado para o outro.
- Não sabia que indies lutavam. – Cal brincou e Rick deu um sorriso tímido.
- Também não sabia
- Quanto mais cedo melhor. – Jem falou.
Chaz arranhou a garganta.
- Que tal agora? – falou atrás de nós.
- Sem pressa, né. – Jem revirou os olhos e marcou um X no chão.
- Então a gente deixa eles levarem os super-gênios?
Eles?
- Quê? – olhei para trás e suspirei surpresa.
Os quatro cavaleiros estavam parados bem atrás de nós, com Lawrence e Melanie em seus braços. Scott sorriu.
Estávamos muito ferrados.
- O bom filho a casa torna. – Scott disse, abrindo os braços. – Venham pro papai.
- Você disse... – comecei e ele fez um gesto indicando silêncio.
Olhei para Jeremy, que tinha os olhos fixos em Avalanna, assim como Ally em Ren. Rick ficou a frente de Cal, enquanto Alexia e Chaz seguravam suas armas na direção dos quatro. Eu apenas tinha uma faca na minha mão e um plano que não funcionaria mais.
- Soltem eles! – Alexia gritou.
Karla aumentou seu aperto em volta do pescoço de Miih.
- Se entreguem e ninguém morre.
- Hoje não, querida. – Alexia atirou nela, que desviou da bala em pleno ar. Melanie aproveitou o momento e conseguiu escapar dos braços de Karla, assim como Lawrence de Ren. Miih correu junto com Law, e Avalanna e Ren se viraram para segui-los, se eles fossem pegos já eram nossas últimas chances. Só tive tempo de pegar a faca que segurava e lança-la na direção de Avalanna, que girou e a pegou no ar, entortando-a com as mãos em seguida.
- Não me obrigue a ataca-la. – falou, firme.
Ao meu lado, Alexia e Chaz atiravam nos cavaleiros, enquanto Ally e Rick corriam atrás de Ren, que seguia Miih e Law até Victoria.
Olhei para Avalanna.
- Não estou obrigando ninguém. – me levantei devagar. – E nem precisam atacar. Só queremos impedir essa cidade de pagar por algo que não fez.
- Já viu o que essa cidade se tornou agora? – ela franziu o rosto, vindo na minha direção.
Karla e Scott foram na direção dos outros que atiravam, junto com Jem e Cal que procuravam qualquer coisa para para-los. Eu tinha que enrolar mais ou tentar mata-la de uma vez, e por Deus, eu sabia que a última opção não era viável.