CAPÍTULO 12

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28 de Setembro
Querido Diário,
É. Segunda feira. Dia do nosso grande professor das trevas, que só sabe dar broncas. Também é o dia de entregar a primeira parte do trabalho. Então, a Lucrécia havia trazido a cartolina, o Marco com o material para colar as imagens e a Anna com os textos para relembrar do que nós tínhamos estudado, e eu...
—Porque você não trouxe as folhas? A gente podia desenhar e recortar para colar na cartolina...ia ficar legal—sugeriu a Anna.
—Pois é, só que a Laura, ela dorme muito tarde, e esquece que no dia seguinte tem aula! Por isso chega atrasada e esquece o que trazer!— bufou a Luh.

Não era eu que estava de TPM? Tudo bem, elas tem razão... Mas fica difícil não ver os vídeos no YouTube. E ainda mais não ler aquele livro que a Luh tinha me emprestado.

—Gente, isso não é uma tragédia! Pelo menos eu ajudei vocês a planejar o trabalho.—tentei concertar.

O professor tinha entrado. Todos sentaram nos seus lugares. Geraldo estava com uma gravata borboleta(pra variar),um terno azul e uma blusa vermelha com bolinhas laranjas. Os seus cabelos estavam colados,parecia que um camelo tinha lambido. Que ridículo. Não só eu odiava aquele professor. Até os inspetores, os outros professores, os alunos mais velhos, ou seja, a escola inteira.
—Eu espero que dessa vez vocês não me decepcionem.—falou ele.
Os primeiros a entregarem foi o grupo do melhor amigo do Marco, o Stefano. Sinceramente, eles são os melhores em fazer os trabalhos. Tudo lindo,caprichado,acho que não teriam problemas com o SDT(Senhor Das Trevas).

(...)
Chegou a nossa vez. A Anna abriu a cartolina e o Marco já veio ajudar. A Luh iria começar a apresentar e em seguida, o resto contaria com suas palavras, o que entenderam do trabalho. De repente senti uma dor na barriga de novo. Eu logo pensei que fosse o nervoso, que já iria passar. Porém, a dor continuava, e eu precisava me lembrar do que  estudei.
—Laura!—chamou a minha atenção, o professor.
—Sua vez..—falou baixo o Marco.

Naquele momento, me deu um branco...Tinha me concentrado só nas dores que tinha até esquecido o que  iria falar. Todos ficaram me olhando, e isso só me deu mais nervoso.
Olhei para a Lucrécia que já tinha se estressado. Ficamos num silêncio absoluto, até que eu disse:
—Bom, er... Na Roma,er...quero dizer, na Itália, não, não, na cidade de Nápoles...—parei, respirei fundo, mas..—espera Eu preciso pegar os cadernos e...
—Nem pense!!—gritou o professor. Congelei— Laura, me diga uma coisa, você se lembra do que estudou com os seus colegas?—perguntou. Engoli em seco. Será que eu conto a verdade?
—Eu... sim, quero dizer, não. Quero dizer, claro, óbvio, mas é que eu esqueci...
Percebi que no fundo da sala tinha um pessoal rindo baixinho, e mais na frente, os alunos cochichavam..
Minha dor só aumentando...
—Professor, não estou muito bem. Posso ir ao banheiro?—perguntei tímida.

Ele me encarou por uns minutos e disse:
—Se você sair dessa sala, o seu grupo perde um ponto.

Os três me olharam. A Lucrécia implorou para eu não fazer isso, a Anna disse para eu fazer um esforço em lembrar das coisas e o Marco... bom, ele não disse nada.

A dor continuava. Isso tinha que acontecer justamente hoje? Podia ser de manhã, e assim não ia a escola.

Alguns minutos se passaram, então eu perguntei onde o nosso grupo tinha parado. Eles me disseram, então, o que eu tinha lembrado, falei em voz alta.

Graças a Deus o intervalo tinha chegado. Senti um desconforto nas calças,não sei o porquê. Peguei meu lanche e quando fui sair da sala, o Marco chegou em mim.
—Laura, não queria dizer isso para você, mas pra não passar vergonha, vai direto no banheiro, porque as suas calças estão sujas...

Fiquei espantada e instantaneamente senti o sangue escorrer... Fiquei desesperada e com muita vergonha. Corri ao banheiro e me limpei toda. O chato é que eu não estava com nenhum casaco para me cubrir por perto. Senti alguém entrar no banheiro, então, tomei coragem, dei uma olhada em quem tinha entrado e me dei de cara com quem? Com a Emma.

—Oi Laura!
—Ah, oi. Como vai?
—Bem. E você?
—Er... mais ou menos.. preciso de um casaco urgente.
—Ué, porque?
—Não me pergunte o porque...
—Ah, já entendi.
—Já?? É, como assim??
—Normal. Passei por isso.

Ela tirou o casaco que estava nela.

—Ah muito obrigada!
—Não há de quê.

Amarrei na cintura e de repente, senti a porta se abrindo de novo. Era a Lucrécia.

—Então você estava aí?—perguntou ela olhando pra Emma.
—Como vai,Luh?
—Não me chama de Luh! Esse nome é apenas para os amigos íntimos. Você não é nada minha.

Olhei para elas duas, observando a cena. A Lucrécia parecia mesmo chateada com ela.

—Vem, Laura. Não converse com pessoas que não valem a pena.

Fiquei com pena e disse  que ia devolver depois. Em seguida, sai do banheiro com a Luh.

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