CAPÍTULO 14

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Cheguei na escola com uma cara de sono, com os cabelos desarrumados por motivo de preguiça, um hálito de cebola, e nem tive a preocupação de me maquiar e tirar as olheiras. Todos me olhavam de uma forma diferente, e eu nem me importando, pois queria mesmo é dormir. Abri a porta da sala e vi todos conversando sobre a matéria do teste de amanhã. Sentei-me no lugar mais vazio da sala, lá no fundo, num cantinho isolado. Abri minha mochila e peguei o caderno de Matemática. Escrevi tudo que tinha perdido, pois cheguei atrasada.
Percebi que a Lucrécia estava trocando bilhetinho com a Anna e me olhando ao mesmo tempo. Deviam estar falando de mim. Mas quer saber? Não me importo. Abaixei minha cabeça nos meus braços e comecei a pensar a mil coisas. Sobre a festa do meu irmão, Minha avó, o parque onde tinha passeado com o Marco, do professor chato de Geografia, do teste de amanhã, das minhas ex amigas, das minhas amigas do Brasil, de um cachorro, meu celular,comida,natação, desenhos e...
Definitivamente tudo.
Chegou o intervalo, todos se levantaram correndo para sair e eu nem tinha levantado ainda. Guardei minhas coisas, fui andando lentamente até a saída.

(...)

Tirei meu sanduíche do pote, e mordi delicadamente, apreciando o recheio do pão. Havia tomate, queijo e rúcula. Peguei meu suco de laranja e bebi num só gole.
Já estava ficando com tédio, olhava todos conversando, comendo, se divertindo,... a Lucrécia começou a rir, seu sorriso se alargava cada vez mais, não sei bem o motivo, mas, estava rindo de alguma piada tosca da Anna. Anna tinha seus cabelos ruivos e cacheados, olhos bem pretos e sardinhas que nem a Luh. A Luh é tão branca, que parece um fantasma. Seus olhos azuis brilhantes conquistava cada um. Os seus cabelos lisos e longos estavam amarrados num elástico Rosa.
Peguei meu caderno de rascunho na mochila e uns lápis de cores. Comecei a desenhar uma menina, um pouco triste, mas que tinha ainda seu coração vivo e feliz. De repente senti alguém sentando ao meu lado.
-Oi,Laura-levei um susto.

-Oi,Marco-falei tímida.

-Nossa, não sabia que você desenhava tão bem!-falou ele,que não parava de olhar para o meu desenho.

-Ah, imagina, isso é só um rabisco qualquer.-falei eu me esnobando.

-Um rabisco? Nossa, se eu desenhasse como você, não parava de me elogiar.-ri.

-Você aprendeu em algum lugar?
-Não, eu aprendi sozinha mesmo.
-Jura?Acho que deve ser de família.
-Pois é, meu avô desenha bem e minha mãe também.
-Eles devem ser grandes artistas.
-Hmm..Não são não...Minha mãe já trabalhou como ilustradora, mas parou faz tempo.
-Eu gosto desse tipo de desenho. Manga, sabe..

Comecei a rir.
-Não é Manga, é Mangá.
Ri de novo.
-Oh, desculpa. É quase a mesma coisa,não?
Ri mais uma vez.
-É tudo bem.
-Você pode fazer um desenho pra mim?

Seus olhos verdes estavam fixos nos meus.

-Tá.
-Só "Tá"?
-Sim, apressadinho.O que você quer que eu desenhe?
-Eu.
-Você?
-Sim, qual é o problema? Tenho certeza que eu fico mais bonito no desenho.
Ri.
-Tudo bem, vou fazer em casa com mais calma. Amanhã eu te entrego.
-Tá.
Olhei pra ele, que não desgrudava os olhos de mim.

-Você quer sair de novo comigo?
-Oi?
-É, como aquela vez! Lembra?
-Não sei.
-Ah vai, você sempre tenta fugir de mim com desculpinhas.
-Eu?
-Sim, você!
-Não, não é nada disso. Eu só preciso ver com os meus pais.
-Tudo bem, a gente conversa com mais calma no zap.

O intervalo tinha acabado. Nos levantamos e andamos até a sala.

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