CAPÍTULO 15

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-É muito legal esse filme.-falou o Marco.
Ele tinha me convidado para ver um filme na sua casa. E claro, eu aceitei, até porque, não tinha nada para fazer nesse sábado.
-Verdade.-falei.
Nós estávamos sentados no sofá com o computador entre as pernas. Eu,segurando a pipoca quentinha que estava quase acabando.

Mais ou menos vinte minutos se passaram e o filme havia acabado. Nós nos levantamos e fomos para o quarto dele.

-Você dorme com sua irmã mais nova no mesmo quarto?

Ele ficou vermelho na hora.

-S-sim. Mas é só porque ela tem medo de dormir sozinha.

Ri.

-Tudo bem, meu irmão também quando tem medo vem correndo pra minha cama!

Ele deu um sorriso.

-Por que você não está conversando mais com a Lucrécia?
-Como assim?
-Tipo assim. Você não conversa mais com ninguém da escola. Antes você sempre estava com a galera da nossa sala, e até mesmo a escola inteira.

Parei um pouco para pensar. Verdade, nem mesmo os outros colegas das outras salas, estão puxando assunto comigo.

-E então?-disse Marco me tirando dos meus pensamentos.

-Não sei. Acho que o pessoal ficou entediado de conversar comigo.

Ele olhou com uma cara torta.

-Entediado?
-Sim.
-Tá louca? Óbvio que não.
-Não sei. Mas é o que parece.
-Você é muito legal! Duvido que eles tenham se entediados.
-Hmm.
-Que?
-Nada.
-Fala!!
-Nada!
-Laura?
-Marco?
-Fala logo vai!-ri.
-Sei lá ué.

Silêncio. Marco quebra o gelo.
-Tá. Não vai me falar. Ok.
-Tava só pensando...
-No que?
-Curioso.
-Sou mesmo.
Ri.
Se passaram mais alguns minutos parados no meio do quarto sem falar nada, até que...

-Fala uma frase em português.
-Que?
-É, eu quero aprender.
-Mas... er.. tá.. o que por exemplo?
-Sei lá, o que você quiser.
-Hm..
-Já sei.
-O que?
-Fala o que você pensa de mim, só que em português.
-Que??-Ri.
-É, ué. Qual o problema?
-Tá bom.

Pensei bem.

-Te acho muito engraçado.
-O que você disse?
-Disse que te acho engraçado.
-Sério?
-Sim.

Ficamos quietos por um momento.

-Gosta de música?-falou.
-Claro.
-Faded?
-Amo!!
-Também! Adoro músicas eletrônicas.
-Gosta de músicas clássicas?
-Algumas. E você?
-Sim. Algumas trilhas sonoras também.
-Quer escutar uma música?
-Sim, porque não?
-Ok.

Ele pegou a caixa de som e depois de uns minutos começou a tocar uma música que eu não conhecia.

-Que música é essa??-gritei,pois o som estava muito alto.

Não sei, mas parece que o pessoal da minha escola gosta de escutar música alta em casa. Até me lembro do dia em que dancei junto com a Luh na casa dela.

-Não conhece??-falou ele que estava pulando.
-Não-falei sem graça.
-Se chama "Me too".

Fiquei parada observando ele dançar loucamente. De repente me veio um ataque de risada, não sei bem o motivo, comecei a rir tanto que a minha barriga até doeu.
-Tá rindo do que?
-Nada não.
-Ah, duvido você fazer melhor!
-Eu? Haha, nem duvide.
-Por que?
-Não sei dançar.
-Sei...
-É sério!!
-Vai dança um pouquinho... Mesmo se não sabe, até porque nem eu sei dançar.
-Ah, melhor não.
-Vai por favor!! Faz isso por mim!

Nesse exato momento lembrei da Lucrécia. Saudades das maluquices dela... lembrei-me também de que ela falou pra mim que não importa se você não dança bem, e sim se divertir é o essencial.
Sorri e comecei a pular, mas tipo, uns três pulinhos, nada demais. O Marco começou a rir, e depois eu girei a cabeça de um lado e do outro, fazendo com que meus cabelos longos voassem.
O Marco que estava dançando, tinha parado e começou a me observar. Corei.

-Que foi?
-Nada, continua.
-Se você parar eu paro.
-Tá bom.

Revirei os olhos e sorri. De repente ele pegou as minhas duas mãos e levou-as aos seus ombros. Ele soltou as suas mãos que estavam nas minhas e segurou a minha cintura. Uma música calma começou a soar.
Fiquei vermelha.
-Er... O que você tá fazendo?-ri.
-Vamos dançar, não? Assim você aprende comigo.

Encontrei seus olhos verdes fixos nos meus. Seus cabelos castanhos lisos estavam todos bagunçados. Fofo.

Ele começou a me ensinar alguns passos, mas eu, desajeitada como sou, pisei várias vezes nos pés dele.
-Você tá bem?
-S-sim.-disse ele disfarçando a dor.
Ri.

Depois de vários minutos me ensinando passos e mais passos, nós paramos para descansar. O Marco foi até a cozinha pegar dois copos de água para nós. Assim que voltou, nós bebemos em um só gole.
-Que sede.-falei deixando o copo na escrivaninha dele.
-Pois é. Quer sair?
-Pra onde?
-Aqui embaixo da minha casa. Vamos passear um pouco.
-Tudo bem.

Vestimos os nossos casacos e descemos as escadas.

A gente estava procurando um lugar pra sentar e conversar, e quando encontramos, ele falou:

-Você ainda não me explicou bem por que parou de conversar com suas amigas.
-Eu não sei bem o motivo.
-Ué, por que?
-Sei lá. E também por que você quer saber?
-Ah, eu sou seu amigo. Me preocupo com você.

O encarei.

-Realmente, você não precisa se preocupar comigo.
-Por que?
- Sei me virar.
-Então tá, grandinha.
-Você tem muito contato com a Lucrécia?
-Tinha.
-O que aconteceu?
-Ah, não sei. Se afastamos.
-Vocês eram muito próximos?
-Não, não muito. A gente só conversava nas horas vagas do Colégio, ou até mesmo em encontros de amigos da nossa sala.
-Ah, entendi.
-Mas então? Por que você quer saber?
-Não nada, só pra saber mesmo.
-Laura. Fala logo.
-O que??
-Eu sei que você tá escondendo algo.
-É talvez.
-É?
-Quero dizer, não muito...er... Não!!
-Laura. Eu sou seu amigo. Te prometo que não conto a ninguém.
-Ninguém mesmo?
-Sim. Ninguém mesmo.
-Tá bom. Er... sabe... a Lucrécia... ela gosta...de...
-De?
-Você...

Ai. Droga, droga, droga.
Por que?? DEUS MAS SERÁ QUE EU SOU BURRA?
Eu confiei tanto nele que esqueci que a Luh tinha dito pra eu nunca contar a ninguém.

-Como assim??
-Er... Marco... Por favor... Não conta pra ela. Minha vida vai por água a baixo.
-Não. Não vou. Só não quero magoar ela.
-Ué, como assim?
-Porque eu gosto de outra pessoa.

(...)

O dia caiu e a noite surgiu. Entramos de volta na casa dele e em seguida me despedi, pois já devia estar em casa.
Caminhando de volta, fiquei pensando no que o Marco havia dito naquele momento. E depois sorri.

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