CAPÍTULO 13

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3 de Outubro
Já se passaram algumas semanas depois daquele mico e a Lucrécia não fala mais comigo. Nem olha mais pra minha cara, não me convida mais pra sair, não fala comigo nos intervalos na escola e nem deixa eu conversar direito com a Anna.
Esses dias, eu ando muito solitária. Já tentei de todas as formas conversar com a Luh. Mas esqueço sempre que ela é uma menina complicada. O trabalho de Geografia já acabou, mas por conta daquele dia, o professor tirou dois pontos na média de cada um de nós. Fiquei arrasada, me senti culpada por tudo. O Marco já nem olhava mais pra mim. A Anna tentava conversar comigo, mas a Luh simplesmente a puxava para um outro canto.
Semana que vem já é o aniversário do meu irmão. Ele vai completar 6 anos. Inteligente como é, ele sabe quando eu estou triste. Meus pais vivem ocupados, porque eles finalmente encontraram emprego. Bom,pelo menos isso. Então praticamente vivo com meus avós e meu irmão.
Hoje de manhã, acordei as 5:50. É sábado, por isso vou me arrumar bem simples para dar uma passeada. Coloquei meus sapatos, prendi meus cabelos com um elástico e fui em direção ao banheiro. Entrando, encontro um batom vermelho. Devia ser da minha avó, ela ama colocar um batom básico. Olhei para trás para ver se tinha alguém passando, e passei escondido.

Sai do banheiro com as mãos nos lábios, para ninguém perceber que passei o batom, e dei de cara com a minha avó.
—Bom dia Laura! Dormiu bem? Acordou cedo! Gostei de ver!

Olhei pra ela com cara de sono e instantaneamente tirei as mãos da boca.

—Você está de batom?—perguntou
—Ah, desculpa vó. As suas maquiagens são muito lindas. Prometo que não faço mais isso.
—Não, não! Aliás, agora o batom é seu!
—É sério?—perguntei surpresa.
—Claro! Quando eu tinha a sua idade, amava colocar um batom básico! Me fazia sentir bonita! Meu sonho era ser atriz, e eu sempre me maquiava, fingindo ser a rica de uma novela— ela riu o que me fez rir também.
Em seguida ela segurou meu braço e me levou até a cozinha.
—Venha! Vou te ensinar a cozinhar!
—O que?Eu vou estragar tudo!
—Não vai não! Até porque você vai aprender!

Sorri.

—Vamos fazer um prato para nós no almoço. Humm, deixo pensar... minestrone?

—Amo!—falei na hora.

Depois de muito tempo, nós finalizamos. E pela primeira vez, aprendi a cozinhar um prato delicioso.

—Vamos aproveitar esse tempinho e pensar no que podemos comer na sobremesa! O que acha de comprar uns doces comigo? A gente sai rapidinho!—ela sorriu.

—Claro! Aliás, eu não tenho nada pra fazer hoje...

—Ué, mas e suas amigas? Você não tem compromissos com elas?

— Não tenho amigas.

—Mentira.

—Verdade.

—E a Lucrécia, a Anna,... o Marco?

Fiquei quieta por um momento. De repente surgiu umas lágrimas nos olhos, mas eu me segurei a tempo.

—Acho melhor nós irmos logo, vó.

—Tudo bem, eu vou pegar a minha bolsa e já vamos.—falou percebendo que tinha algo de errado comigo.

Ela saiu da cozinha e eu fiquei esperando lá em pé, sozinha. Olhando para a janela que estava em minha frente. O tempo não estava nem frio, nem quente. Quase não dava para ver o sol, porque estava se escondendo nas nuvens.

—Vamos?Já avisei ao seu irmão e o vovô que sairemos para comprar a sobremesa.

—Que bom! Deixo ajudar a senhora! Você consegue andar bem sem a bengala?

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