Capítulo 3Ao chegar de volta ao dormitório, as luzes do quarto estavam acesas. Abri a porta, pensando que encontraria mais pessoas ali. No entanto, para minha surpresa, havia somente Liam. Deitado em sua cama, ele jogava vídeo game tranquilamente.
— Ué, cadê a festa? — Indaguei perplexo.
— Hoje é segunda feira, se contenha — disse ele, rindo bastante. — Quer jogar?
Eu não queria. Estava cansado. Empolgado com tudo que havia ocorrido, porém cansado. Mas eu queria conversar. Então, me sentei ao lado dele, e começamos a jogar juntos. Tínhamos um jogo antigo de simulador de voos e às vezes nos distraíamos nele por algumas horas.
— E aí, como foi? — Ele puxou o assunto.
— Incrível! — Respondi. — Mas eu não tive muita utilidade. Querem que eu ajude uma garota com matérias que ela sequer precisa.
— E o que tem de incrível nisso? — Perguntou confuso.
— A Garota!
Ele parou o jogo repentinamente e olhou para mim.
— Você se apaixonou por uma garota do ensino médio? — Seu tom de voz agora era de desaprovação.
— Eu não estou apaixonado. Cala a boca!
— Então me explica isso direito.
— Não sei se consigo explicar. É melhor mostrar!
Levantei-me, fui até minha mochila e comecei a revirá-la. Peguei meu celular, abri o aplicativo do Facebook e digitei ‘Jessica McGregor’. Liam se levantou de onde estava e veio andando até mim.
— O que você está fazendo?
— Eu vou achá-la. Quero que a veja.
Ele ficou observando a tela do celular enquanto eu vasculhava as páginas de pesquisa a fim de encontrá-la. Levou só alguns segundos até que eu reconhecesse uma foto. Jessica Hannah McGregor era o nome em seu perfil.
— É ela! — Falei entusiasmado.
— Me deixa ver — ele tomou o celular da minha mão.
— Cara, me dá isso aqui! — Exclamei.
— Calma, eu só quero ver. Nossa, ela é bonitinha — ele deu um sorriso malicioso. — Quantos anos ela tem?
— Não sei — respondi enfático.
— Como não sabe? Vocês não conversaram?
— Claro que conversamos. — Tentei arrancar o celular dele. Ele afastou a mão rapidamente.
— Você não vai adicionar ela? — Liam falou, se distanciando de mim.
— Não sei. Acha que eu devia?
— Você é lento demais! Deixa que faço isso por você.
— NÃO! — Avancei na direção dele, mas meus esforços foram inúteis. Ele já o havia feito. Quando finalmente devolveu meu telefone, ele estava gargalhando.
— É para o seu próprio bem, parceiro.
— Não acredito que fez isso — esbravejei.
— Você vai me agradecer depois.
Mas eu estava tão zangado que nem sequer respondi. Deitei-me em minha cama do jeito que estava. Naquela noite, dormi de sapatos. Mas não sem antes passar vários minutos admirando a foto dela. Aqueles olhos azuis como belas hortências, contrastando com os cabelos cor de fogo. Os lábios desenhados. O sorriso perfeitamente imperfeito, com os dentes ligeiramente desalinhados, era a única coisa que a fazia parecer mais como um ser humano normal, mas a tornava ainda mais linda! As bochechas rosadas, cobertas com sardas que se espalhavam por todo o rosto. Ela era simplesmente incrível! Adormeci pensando nela.
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Sob a Luz do Sol
Romance*Capítulos para degustação. Para versão completa acesse o site http://www.autografia.com.br/loja E adquira seu exemplar. Sob a Luz do Sol (Under the Sunlight) narra a história de um garoto negro, de classe média, nascido na pequena cidade de Fairban...