Capítulo 19
Como eu não queria passar vergonha acordando tarde outra vez, coloquei um despertador para as 8 da manhã, seguro de que acordaria antes de Jessie. E de fato acordei. Não havia mensagens dela no meu celular pela manhã, logo, concluí que ela ainda devia estar dormindo.
Levantei e fui arrumar minha mala, já que voltaríamos naquele dia. Guardei as poucas roupas que havia levado dentro da mochila e fui tomar banho. Depois que saí da banheira, enquanto estava me vestindo, ouvi a campainha do meu quarto tocar. Atendi ainda sem camisa, com a toalha pendurada em meus ombros. Eram Jessie e Jen. Ambas estavam com os cabelos molhados, como se tivessem acabado de tomar banho também, cada uma com seu celular em mãos.
— Bom dia, meninas.
— Bom dia — responderam, quase que em uníssono.
E foram logo entrando sem dizer mais nada. Fechei a porta e virei-me para elas, que já estavam prestes a sentarem-se em minha cama.
— Por acaso o seu pai ligou?
— Não — Jessie rapidamente respondeu bufando.
— Acho que devíamos ligar para ele — opinou Jen.
— Melhor não — repliquei. — Vamos esperar que ele ligue. Chega de surpresas. Já surpreendemos ele ontem e não acho que foi uma boa ideia.
— Mas está demorando demais — Jen resmungou — já são quase 10h.
— Por que não descemos e tomamos café da manhã enquanto esperamos? — sugeri.
— Não estou com fome — disse Jessie.
— É, e nem eu — acrescentou Jen.
Eu terminei de me vestir e deitamos os três na cama. Eu de um lado, Jessie no meio e Jen do outro. Ligamos a TV em um canal qualquer e ficamos assistindo em silêncio. As meninas estavam inquietas, aguardando a ligação de seus pais. Tive de convence-las a não ligar para eles mais algumas vezes até que, quando já estavam impacientes, o telefone de Jessie tocou e ela atendeu de prontidão:
— Alô, pai — foi só o que ela disse.
Jen chegou bem perto e ficou tentando ouvir o que seu pai dizia do outro lado da linha, e perguntando a Jessie, que não respondia nada.
A ligação durou apenas alguns segundos, Jessie desligou sem dizer mais nada e se levantou.
— Ele está no hotel — finalmente falou, aliviada.
Jen se levantou imediatamente e a seguiu para fora do quarto. Me levantei e acompanhei as duas até o restaurante do hotel, onde encontramos Jim. Porém o serviço de café da manhã já tinha se encerrado, por isso caminhamos até o The Garden Café, onde paramos para um brunch.
Quando nos sentamos à mesa, Jim finalmente começou a falar sobre o estado de saúde de Amelia. Pelo seu tom de voz, logo se notava que a situação não era boa. Só então fui saber o que ela tinha. Jim explicou que ela sofria de diabetes desde a adolescência, o que lhe causava sérios problemas de cicatrização, deixando feridas abertas nas suas pernas e pés, por isso ela quase não caminhava. Também havia sido acometida de um enfisema pulmonar já há alguns meses. Para piorar, além de tudo isso, o marcapasso implantado nela anos atrás para corrigir uma arritmia cardíaca, agora havia lhe causado uma endocardite e ela precisaria de cirurgia. Jim ainda explicou como Amelia estava muito fraca para suportar uma cirurgia de peito aberto, por isso eles a estavam tratando com antibióticos e esteroides até que ela estivesse forte o suficiente. Por fim, ele contou que, como ela estava muito instável para ser transportada agora, permaneceria em Nova York até o fim dos tratamentos.
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Sob a Luz do Sol
Romance*Capítulos para degustação. Para versão completa acesse o site http://www.autografia.com.br/loja E adquira seu exemplar. Sob a Luz do Sol (Under the Sunlight) narra a história de um garoto negro, de classe média, nascido na pequena cidade de Fairban...