Rinnegan 36

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Quando acordei novamente estava deitada sobre a grama, pisquei algumas vezes para tentar colocar as coisas em foco e quando consegui, vi que minha avó estava tentando me curar. Aparentemente eu não estava morta ainda.

Tetsu apertou minha mão quando percebeu que eu estava acordada, olhei para ele e depois para o grupo de pessoas alguns metros atrás dele. Vi que eles estavam ao redor do corpo do meu avô. Minha avó estava caída sobre ele chorando e um homem com cabelo vermelho tentava consola-la. Meu pai segurava minha tia pelo combro enquanto ela chorava, ele também estava chorando, mas tinha que se manter firme pela mãe e pela irmã.

Senti nojo de mim mesma, não era justo que eu ainda estivesse viva depois de tudo o que eu fiz. Minha família toda estava sofrendo porque eu não consegui acabar com a guerra como pretendia, se eu tivesse matado o Raikage antes, meu avô não precisaria me proteger.

Minha mãe entrou na frente, me impedindo de continuar vendo o que estava acontecendo, meu avô Sasuke estava ao lado da minha avó Sakura tentando ajudá-la a me curar, mas as mãos dela tremiam muito. Comecei a chorar também e com isso toda a dor voltou, incluindo a física.

-Eu não consigo... Não...

A luz verde que vinha das mãos da minha avó se afastou de mim, permitindo que eu sentisse novamente a dor com força total. Pensei que iria desmaiar de novo, mas eu merecia sentir tudo aquilo por isso me forcei a ficar consciente.

-Eu posso leva-la para o hospital se quiserem.

Comecei a gritar de novo, mas o som saiu abafado porque minha garganta já não conseguia mais produzir sons direito, parecia que eu estava me afogando em lágrimas. Ele ainda estava aqui mesmo depois de tudo o que aconteceu, mesmo depois do que eu forcei ele a fazer. Yori viu o monstro que eu sou, por que ele não foi embora ainda?

-Calma Aria vai ficar tudo bem, nós vamos te levar para o hospital.

Tetsu não entendia que eu não queria ir para lugar nenhum, eu queria ter chakra o bastante para invocar um portal e trazer o meu avô de volta, mas mesmo que eu fizesse isso ele ainda estaria doente. Não conseguia entender porque alguém tão inútil como eu ainda estava viva quando o grande herói de Konoha estava morto.

Fechei os olhos senti alguém me pegando no colo, logo reconheci o cheiro bom de areia e sol, mas até isso tinha sido estragado pelo sangue que ele tinha na roupa.

-Vovó.

Yori parou de andar e virou para que ficássemos de frente para os meus avós. Sasuke estava tentando segurar a esposa com o único braço disponível, mas ela não conseguia ficar de pé.

-Ele disse... ele disse...

-Querida não fale nada agora, você precisa ir para o hospital.

Minha mãe estava brava, mas eu sabia que não era comigo. Deviam ter milhões de pensamentos correndo pela cabeça dela e ao mesmo tempo em que queria me ajudar, ela também tinha que cuidar da vila. Normalmente é o meu pai quem fica comigo nessas situações, mas ele não pode agora.

-Eu não quero... esquecer.

Vovó Sakura veio na minha direção e começou a me curar de novo, ela parecia estar mais calma agora, talvez seja porque quer ouvir o que eu vou dizer e sabe que não conseguiria sozinha.

-Estamos ouvindo querida.

-Ele agradeceu por terem sido a família dele.

Ela começou a chorar de novo e meu avô foi para o lado dela, pressionando-a contra o peito. Vi que tinha alguém parado atrás deles, pensei que fosse meu pai vindo me ver, mas era meu avô. Parece que agora ele também se juntou ao grupo de pessoas esquisitas com as quais eu tenho visões. Ele sorriu e acenou com a cabeça me encorajando a continuar.

Tinha um homem ao lado dele, devia ter uns 18 anos e com certeza era um Hyuuga. Ele estava olhando para a minha avó com tristeza e eu tinha certeza que estava pensando o mesmo que eu, não queremos vê-la sofrer.

-Eu preciso.

Tentei me mexer para ficar em pé sozinha e me aproximar do restante da família, mas Yori não me soltou.

-Me diga onde e eu te levo, você está muito fraca para andar.

Apontei para o meu pai e a minha tia, ele começou a caminhar naquela direção, minha mãe e Tetsu estavam atrás de nós. O homem de cabelo vermelho foi o primeiro a perceber nossa aproximação, ele tinha a idade da minha avó e apesar de alguns fios brancos a cor do seu cabelo ainda era bem chamativa.

Meu pai sorriu para mim, tentando dizer que estava feliz em me ver acordada. Tentei começar a falar de novo, não tinha sido tão difícil com os meus avós, mas eu só conseguia chorar. Tentei não olhar para o corpo e procurei em volta pelo meu avô que pelo menos parecia vivo, mas ele já tinha ido embora.

-Ele pediu desculpa para você e a tia Hima.

Dessa vez não pude complementar muito porque não entendi o motivo do meu avô ter pedido desculpa. Sabia que apesar do choro minha tia podia me ouvir, mas ela só começou a chorar mais ainda e não sabia se tinha dito algo errado.

Meu pai estava apertando ela contra o corpo como o meu avô fazia com a minha avó, se ele colocasse mais força provavelmente iria machuca-la, mas duvidei que ela tivesse força para reclamar. A pior parte seria entregar o recado para a minha avó, ela estava completamente arrasada e eu não a culpava. Durante toda a vida ela amou apenas um homem e acaba de perde-lo... Por minha culpa, não tinha nem o direito de me dirigir a ela mais.

-Eu... Eu...

Não conseguia respirar, não conseguia parar de chorar. O aperto do Yori no meu braço e na minha coxa onde ele estava me segurando aumentou.

-Eu preciso te levar para o hospital, se for dizer mais alguma coisa tem que ser agora ou nós vamos embora.

Ele não gritou, nem ao menos parecia bravo, ainda não conseguia entender por que ele não me odiava. Respirei fundo e tentei falar de novo.

-Ele disse que te ama muito vovó.

Ela virou para trás e pela primeira vez pareceu perceber que tinha alguém do lado dela. Seu olhar passou por todas as pessoas que estavam lá e o homem de cabelo vermelho a ajudou a levantar. Meu pai pegou minha tia no colo e depois a passou para os braços do meu tio Mitsuki.

-Vamos leva-las para casa, vocês também deveriam ir.

O homem de cabelo vermelho disse e Yori reagiu imediatamente a ordem. Ele e Tetsu me trouxeram para o hospital tão rápido que quase não senti a passagem do tempo, talvez fosse por que eu não conseguia sentir mais nada. Talvez eu devesse dizer alguma coisa como o meu avô, mas ninguém esperava um discurso meu e nem tinha certeza de que ia morrer, com a minha sorte provavelmente não.

O hospital estava lotado, qualquer um com o mínimo de conhecimento médico e chakra sobrando tinha sido chamado para ajudar, me perguntei quantas daquelas pessoas estavam lá por minha causa.

Meu pai chegou quando estavam me colocando na maca, colocaram uma máscara no meu rosto e me levaram para algum lugar, mas eu adormeci antes de saber onde.

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