Rinnegan 30

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Acordei depois do almoço no dia seguinte, meio perdida sobre que estava acontecendo na minha vida. Nunca dormi tanto, exceto da vez que estive em coma, mas não acho que isso possa ser considerado dormir, ou da vez que tive uma convulsão, mas aí acho que estava desmaiada. Também teve a vez que tive hipotermia. Bom deixa para lá, é a primeira vez que dormi tanto naturalmente.

Desci as escadas enrolada no cobertor, mas não tinha ninguém lá além de mim. Comi uma tigela de cereal ainda sonambula e fui deitar no sofá. Estava quase dormindo de novo quando a porta de casa abriu com tudo e meu coração quase saiu pela boca. Senti que estava sendo atacada novamente, sabia que várias pessoas iam entrar e tentar me levar embora. Podia sentir os meus olhos ardendo com o chakra do Rinnegan e me preparei para lutar.

-Maninha ainda bem que você está aqui, não vai acreditar.

Tetsu parou no meio da frase, finalmente percebendo que eu estava tremendo e olhando em volta como um animal sendo caçado a procura do predador. Ele levantou as mãos e deu um passo na minha direção, mas eu dei um passo para trás, precisava estar preparada quando alguém viesse me atacar.

-Aria, olha para mim. Só tem eu aqui. Não tem mais ninguém. Está tudo bem.

Tentei olhar apenas para ele, mas meus olhos ficavam dando voltas pela sala. Eu sabia o que estava acontecendo, mas estava com medo.

-Desculpa eu não devia ter batido a porta desse jeito, eu sei que você não gosta de sons altos. Eu só estava muito empolgado e acabei fazendo sem querer.

Tetsu se sentia culpado por me deixar nesse estado, eu via isso em seus olhos. Respirei fundo para me acalmar e consegui andar de volta para o sofá. Sentei e cobri o rosto com as mãos, eu estava assustando meu irmãozinho. Não podia me perdoar por fazer ele se sentir assim.

-Me desculpa.

A crise de choro normalmente vinha depois de perceber o quanto eu estava sendo idiota por agir daquela forma. Tetsu se sentou devagar do meu lado e passou o braço ao redor do meu ombro. Ficamos lá abraçados até que eu consegui parar de chorar. Ainda respirava com dificuldade quando a porta da frente abriu de novo e eu quis gritar. Meu irmão me abraçou mais forte e sussurrou no meu ouvido.

-É só o papai, está tudo bem.

Ouvi passos se aproximando de nós e senti seus dedos no meu rosto, ele queria que eu abrisse os olhos, mas não conseguia.

-O que houve.

-Eu fiz burrada e assustei ela.

Queria dizer que não foi culpa dele, eu é que era o problema, mas tudo o que consegui foi engasgar e gemer. Meu pai passou um braço por baixo das minhas pernas e outro pelas minhas costas, do mesmo jeito que Yori havia me carregado pela floresta. Imaginei estar sentindo novamente o cheiro de areia e sol que vinham do casaco dele. Fui colocada na cama e coberta, meu pai sussurrou para o Tetsu que deveria ter nos seguido.

-Pega um copo de leite quente e alguns biscoitos para ela.

Leite quente com biscoito é uma das melhores invenções do mundo. Eu sempre me sentia melhor depois de comer e mais gorda também.

-Você está bem agora Aria, eu e o Tetsu estamos aqui.

-Não... não foi culpa... dele.

Meu pai não parou de fazer carinho na minha cabeça e soltei os músculos, esticando as pernas que estavam dobradas.

-Eu sei que não, foi um acidente.

Tetsu trouxe a minha comida e depois do primeiro biscoito percebi que estava faminta, não tinha comido nada desde o ramen do dia anterior.

-Sua mãe chega daqui a pouco, ela está cuidando dos detalhes da última fase do exame amanhã.

-Era isso que eu queria te contar, desculpa ter te assustado.

Balancei a cabeça devagar, já me sentindo melhor.

-Eu estou bem, desculpe ter ficado assustada só por causa da porta.

Acenei para que o Tetsu se aproximasse da minha cama e dei um biscoito a ele, o que era um obvio sinal de que não estava brava, além de expressar o quanto eu o amo por dividir meus biscoitos.

-Quantos times passaram para a última fase?

-10, depois disso eles deram a prova como encerrada e tiraram o restante dos participantes da floresta. Tivemos vários feridos, mas ninguém morreu.

Meu pai e meu irmão estavam sentados na minha cama comigo, isso me fazia sentir segura de uma maneira que eles não podiam imaginar, faltava somente uma pessoa e me xinguei mentalmente por estar pensando nele naquele momento.

-Não é muito cedo para iniciarem a terceira fase? Você mesmo disse que vários competidores estão feridos.

-Bem, se eles não conseguirem liberação médica para competir não poderão participar da terceira fase, mas seus times foram classificados o que significa que os outros dois podem lutar.

As demais vilas deviam estar pressionando para que enviassem seus shinobis de volta para casa, ou para que as mudanças de rank ocorressem logo.

-Vocês sabem se o Daichi vai poder participar?

Meu pai parecia surpreso por me ouvir perguntando sobre um companheiro de equipe.

-Creio que não, a menos que ele queira se forçar a ir. Ria vai ficar com ele também, os dois preferem tentar de novo no ano que vem.

Isso significa que eu poderia continuar sozinha ou esperar para fazer a prova no ano seguinte com eles. Infelizmente não tenho muito tempo, especialmente se minha visão for verdade.

-Já são 28 competidores então.

-Você vai participar irmãzona?

Estiquei a mão para segurar a dele e fiz carinho com o polegar.

-Eu vou sim, só preciso de uma boa noite de sono e um café da manhã reforçado para me sentir melhor.

Apesar de ter acabado de acordar eu me sentia exausta depois da enxurrada de emoções que senti alguns minutos atrás.

-Mas primeiro você vai descer para comer alguma coisa saudável e balanceada. Vamos pedir pizza, do que você quer?

Tetsu e eu rimos da piada boba do meu pai e eu pedi a pizza que sempre comprávamos, com bastante carne. Já que mamãe ia chegar tarde ela não podia reclamar de comermos pizza. Meu pai saiu para fazer o pedido e o meu irmão deitou na cama comigo, ficamos conversando sobre besteiras até a comida chegar. Meu pai trouxe as coisas para cima e comemos direto da caixa sentados em uma roda em cima da minha cama. Esse é um daqueles momentos inesquecíveis da vida com certeza.

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