Capítulo 12: Onde é a sua casa? pt.3

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Tyler passara quase uma hora e meia no piano do santuário, e apesar de ter gostado do que escrevera - realmente gostado muito - o processo o deixara se sentindo mais sozinho do que nunca em algum tempo.

Assim que ele estava indo em direção a porta da frente, conformado em voltar para casa, ele ouviu a voz de uma mulher chamar o seu nome de dentro do corredor.

"Tyler, querido! É você?" a voz disse, reverberando duramente pelo espaço escuro e vazio.

Tyler mal tivera tempo de se virar antes de algo - ou melhor, alguém - colidir com as suas coxas, envolvendo apertado os braços ao redor de seu quadril e dando um gritinho de alegria.

"Rubes!" ele rufou, bagunçando o cabelo da garotinha que se pendurava em suas pernas. A mãe de Ruby se aproximou deles, levemente sem fôlego de correr atrás de sua filha.

Muitas famílias de sua velha igreja tinham se mudado para a congregação de New Albany quando ela abriu, e a família de Ruby foi uma delas. E apesar de Tyler estar passando muitos dias da semana aqui, ele perdera os últimos domingos - para o desgosto de sua mãe - por causa de festivais em outros estados com Josh, Mark e Michael.

"Era você que estava tocando o piano ali?" a mãe dela disse, com os olhos arregalados e radiantes para Tyler.

"Ah," ele se assustou, surpreso, as bochechas corando levemente. "Sim, senhora. Era eu."

"Por favor, querido. Eu te conheço há quase dois anos agora," A mãe de Ruby riu. "Você pode me chamar de Carol."

Tyler acenou, escondendo o lábio inferior atrás dos dentes. Ele fora geneticamente programado para nunca chamar adultos pelo seu primeiro nome, apesar do fato dele próprio ser quase um adulto agora, e Carol ser significantemente mais nova que seus pais. Até mesmo a mãe de Josh teve que praticamente bater em sua cabeça nas primeiras vezes que eles se encontraram antes dele conseguir parar de chamar ela de "Sra. Dun."

"Mas sério, Tyler," Carol continuou, sorrindo calorosamente. "Você soava maravilhosamente. Era uma música da sua banda?"

"Não - bom, sim -" Tyler se corrigiu. "Ah. Essa é uma nova, eu acho..." ele parou. Ele estava lentamente reparando que aquela era a primeira vez que ele via Ruby ou sua família desde que ele escrevera uma música sobre eles. Ele não pensara sobre isso na hora, mas agora que ele estava cara a cara com a sua mãe, Tyler estava começando a sentir como se tivesse ultrapassado algum tipo de limite, como se ele devesse ter confirmado com eles primeiro. Parecia quase rude ou presunçoso incluí-los em uma de suas letras pra começo de conversa. Isso, ele percebeu, era porque ele devia se manter escrevendo coisas sobre sua própria cabeça - isso era tudo o que ele poderia ou deveria querer saber.

Obviamente, era essencialmente tarde demais; a faixa já estava gravada, licenciada para ser lançada no iTunes, e gravada em todos os CDs. Ele não conseguia se retificar disse de nenhuma outra forma a não ser...

"Nós vamos fazer um show semana que vem?" Tyler exclamou, a voz se elevando em sua tola tentativa de parecer animado. "Ah, a... minha banda. Nós vamos tocar no colégio." Ele apontou para a rua. "A Escola de New Albany... ah. No sábado."

Carol parecia legitimamente surpresa, e sem saber como responder.

"Tem uma... é - tem uma música." ele tentou explicar, se mexendo desconfortável. "No novo álbum que estamos lançando. É - eu achei que vocês iriam gostar de ouvi-la, você e seu marido, em particular. Se vocês quiserem vir. Não vai ser bagunçado nem nada, só.. crianças do ensino médio, e talvez pais e tal, e... é."

Ela sorriu, as sobrancelhas ainda grudadas em uma confusão aparente, e Tyler começou a desejar que ele tivesse mantido a boca fechada.

"Eu adoraria isso, Tyler," ela finalmente disse, surpreendendo-o. "Obrigada. Vai ser onde você se formou, eu imagino?"

"Ah," Tyler hesitou. "Não, na verdade. Eu me formei na Worthington Christian."

"É verdade, é claro" Carol disse vivamente abanando a mão. "E seus irmãos ainda estudam lá?"

Ele coçou a cabeça estranhamente, escorregando de volta para dentro da sua aparência de garoto-educado-de-igreja. "Só a Madison agora, senhora."

Ela acenou concordando, no momento em que Ruby começou a puxar a barra da camiseta de Tyler, a esticando para baixo para chamar a atenção dos adultos novamente.

"Já chega disso, mocinha Ruby," Carol disse, colocando um braço ao redor dela enquanto Tyler endireitava a camiseta, sorrindo. "Foi ótimo te ver de novo, Tyler. E eu ficarei ansiosa para ver sua banda tocar."

"Ah. Ob-ah. Obrigado," Tyler balbuciou estranhamente. "E ei..." Ele se ajoelhou, tomando uma das pequenas e gordinhas mãos de Ruby. "Foi bom te ver, anjo."

Ruby se inclinou, arregalando os olhos e se balançando levemente, até sua testa bater desajeitadamente contra a de Tyler.

"Tchau," ela disse simplesmente, antes de sorrir imensamente.

Tyler sorriu, abaixando a voz até um sussurro. "Tchau."

Ele se endireitou, esticando uma mão para arrumar o seu cabelo enquanto Ruby e sua mãe andavam de volta pelo corredor, de mãos dadas. As duas olharam por cima do ombro antes de desaparecer pela porta, Carol com um caloroso sorriso, e Ruby com aqueles sábios, infinitos e exaltados olhos.

"Se cuide," Carol pediu, ao virar a esquina, deixando Tyler sozinho mais uma vez.

"Sim," ele disse baixinho, um sorriso bobo alcançando seus lábios. "Vocês também."

Dreamers at Best - TRADUZIDA PORTUGUÊS BROnde histórias criam vida. Descubra agora