Luas e Folhas

A última pétala

Dezoito anos de idade.

Quando você há muito tempo sabe que algo terrível vai acontecer, você sempre pensa que esta preparado para quando esse algo chegar, mas quando chega, quando realmente acontece, tudo que se passa na sua cabeça é que você precisaria de mais tempo. E esse foi o pensamento que Stiles teve quando passava das 2:30 da madrugada e seu pai estava lhe ligando.

Quando seu telefone tocou e ele viu o nome do seu pai na tela ele já sabia do que se tratava a ligação, e diferente do que se esperava, ele não estava preparado.

Stiles mal teve tempo de pegar roupas necessárias e ou do que precisava, pegou tudo que encontrou pela frente e jogou dentro de uma mochila qualquer. Chamou um táxi direto para o aeroporto, e pegou o primeiro voo de volta para Beacon Hills.

Quando ele chegou em sua casa, esperava encontrar apenas o seu pai lhe esperando, mas não foi assim. Ao atravessar a porta ali estava Melissa e Scott, e também todos os Hales, ou quase todos.

Tália e Robert estavam na cozinha e pelo cheiro estavam fazendo chá, Melissa e Laura estavam na entrada do jardim, enquanto Cora e Scott conversavam no sofá. Derek não estava ali, não que Stiles tenha visto. Mas ele não deu muita atenção, estava mais preocupado em correr para o quarto de sua mãe, e foi o que ele fez ao larga sua mochila e avançar escada acima.

Ao chega no batente do quarto, ele não precisa bater e nem abrir a porta, ela já estava aberta.

Tudo que ele vê primeiro são ervas para todo os lados, espalhados sobre a cômoda e prateleiras, depois galhos de espessuras diferentes que vinha se espelhando da cama de Claudia até o chão, e por fim sua mãe, pálida e sonolenta, mas sorrindo quando seus olhos encontraram o de Stiles.

– Stiles. – ela sussurra. Nessa hora seu pai se levanta, que até aquele momento estava deitado junto a sua mãe.

Stiles não responde e nem se aproxima, fica apenas ali parado, olhando para sua mãe pelo que parece muito tempo, até que algo nele se acende então começa a funcionar em modo automático, como sempre faz nessa situação. Stiles caminhava de um lado para o outro, pegando frascos e potes.

– Eu vou conseguir fazer a poção, ela sempre funcional, vai funcionar agora.

– Stiles. – sua mãe o chama novamente. Mas ele não escuta e muito menos diminui o ritmo para sua na busca das ervas necessários no quarto de seu mãe. – Querido pare.

– Não, isso não está acontecendo eu não vou permitir que isso aconteça. – Ele aperta firme as dedos tentando lembrar os nomes corretos enquanto começa a misturar alguns ingredientes. A algum tempo ele vem testando vários na universidade e tem funcionado bem, tem feito sua mãe se sentir mais forte, então pode funcionar hoje de novo.

– John. – Claudia sussurra para seu marido. E ele caminha tão derrotado quanto Stiles. E pega seu filho pelo ombro o impedindo de fazer qualquer movimento.

– Vamos Stiles, sua mãe está tentando falar algo para você. – John não tem certeza de onde tirou forças para arrasta com delicadeza seu filho até a cama de Claudia, mas ele fez.

– Eu não quero ouvir. Não chegou a sua hora, me recuso a acreditar nisso. – Nesse momento Stiles soa infantil e derrotado, mas ele não se importa, ele não quer se despedir de sua mãe, não quer dizer adeus para alguém que deveria estar para sempre ao se lado.

– Mas você precisa. Você é um homem agora. – Claudia usa o ultimo grão de energia que lhe resta, para acariciar as bochechas de seu único filho. Todo seu pulso está enrolado em galhos finos de cores opacas e cinzas, pequenas folhas estão murchas ou completamente secas. – Tudo que está acontecendo comigo já estava previsto, e escrito nas palavras da vida. E não será magia que vai impedir isso.

– Mas mãe... – Stiles começa e se agarra a mão de sua mãe. Fazendo os pequenos galhos verdes se enroscarem aos frágeis do pulso de Claudia. – Eu posso tentar você me ensinou tão bem, e tenho aprendido mais a cada dia.

– Sim, e você aprendeu devidamente tudo que eu pude te ensinar. Mas acontecerá coisas em sua vida que eu não estarei mais aqui para te guiar, então quando eu for, encontre conforto onde eu sempre encontrei, e você achará suas respostas. Seu pai sempre estará aqui e nossos amigos mais antigos também. – Ela sorri fraca e distante. Stiles não segura mais as lágrimas, que começa a deslizar pelo seu rosto. Ele não tem nem certeza do porque estava se segurando, ele nunca precisou ser outra pessoas perto de sua mãe, nunca precisou se segurar.

– Claudia. – John sussurra como um aviso, e sua mulher sorri.

– As coisas vão mudar meu pequeno, você pode não entender e até mesmo não gostar. Mas como tudo que aconteceu que já aconteceu em sua vida, você vai dar o seu melhor, sempre. E espero que não me odeie. – Stiles não entende porque dessas palavras, ele nunca seria capaz de tal sentimento por sua mãe.

– Eu não vou conseguir sem você, minha magia não é tão forte, ela só funciona porque você existe.

– Ela ficará mais forte. Você é poderoso querido, e a faísca que eu carrego em mim, agora ela se acenderá em você. Eu te amo, e tenho tanto orgulho da fada que se tornou e da que tenho certeza se tornará. – E essa foram suas ultimas palavras, antes de sorrir e fechar os olhos.

Stiles não percebeu na hora, tudo que sua cabeça registrou foi sua mãe cansada, indo dormir depois de um dia exaustivo. Então quando ele soluçou o nome dela pela terceira vez, ele percebeu que ela não acordaria mais e que não acariciaria suas bochechas.

Antes que Stiles pudesse perceber estava correndo para lugar nenhum em especial. Tudo que queria era sair de lá, era deixar sua mente correr para longe da verdade. Então ele não parou de correr, não até seu corpo atingir algo com muita força. Seus olhos se assustaram quando encararam o que estava a sua frente.

– Derek? – Ele sussurra em uma mistura estranha de sentimentos. Surpresa, raiva, dor, alivio.

– Stiles eu sinto... – Mas ele não termina, ou melhor Stiles não o deixa terminar. Ele empurra Derek com força tomando distancia, antes de olhar em volta e perceber que estava na floresta atrás de sua casa.

Stiles se perguntava como Derek havia chegado ali, mas nada diz.

– Vá embora, você não deveria estar aqui, eu não te quero aqui. – Ele dá alguns passos ara trás, e fecha os dedo em punho. As folhas a sua volta começam a tremer em seus pés, o vento fica mais forte a sua volta, e a temperatura cai gravemente. Derek permanece parado apenas o observado.

– Stiles, se acalme. – Ele decide dar alguns passos à frente.

– Eu não preciso da sua piedade. – Um soluço escapa a cada palavra. Stiles não reconhece mais a sua voz, e quase não recolhe o outo a sua frente. Seus olhos estão tão embaçados com as lagrimas, sua cabeça está girando tão rápido, e o mundo a baixo de seu pés parece que vai se abrir caso ele se mova.

Em algum momento ele sente cascas de arvores lhe atingindo as costas, e demora um pouco par perceber que tudo a sua volta está um caos. Ele mal tem tempo de reagir antes de sentir os dedos de Derek em seu pulso.

– Fique calmo, por favor. – Derek implora em ternura.

– Tudo que sinto agora é que estou sozinho e perdido. – Stiles não tem certeza do porquê falou isso, porém ele não tem forças para se importar agora.

– Mas você não está, eu prometo. – Derek diz e lhe dá um sorriso fraco. E perturbador essa sequência de acontecimentos.

Stiles gagueja sem palavras, e o mundo ao seu redor parece entrar no eixo de novo, nem que seja por breves segundos. E ele se deixa levar, respirando fundo, e olhando para seu inimigo mais íntimo, ele relaxa. Então sem razão nenhuma ou sem entender do porquê desse movimento, Stiles joga os braço envolta do pescoço do outro. Derek não esperava por isso, mas não se afasta quando é pego de surpresa pelo braços de Stiles lhe puxando para perto, ele acaba envolve seus braços na cintura de Stiles, o segurando forte, o ancorando a algo real, nem que seja naquele pequeno momento.