Prólogo

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2014

O vento brincava ousadamente com os seus cabelos castanhos. Ela não se importava. Só sentia dor e ninguém poderia aliviá-la daquele abismo, que estava a engolindo. Já tinha caminhado antes por aquela ponte, mas só agora lhe ocorreu uma coragem absurda de ir além.

Seria apenas alguns passos e os sonhos seriam todos apagados. Era mesmo aquilo que ela queria? Já tinha, também, pensado em outras formas de seguir. Mas aquela, sem dúvida, parecia ser a melhor opção.

Então subiu naquele monumento. Abriu os braços e fechou os olhos. Tudo agora seria vazio, solidão e medo. Fingiu que apenas seria um voo e depois acordaria em um lugar melhor.

Mas algo lhe prendeu, ou melhor, alguém agarrou em sua cintura e a tirou dali. Quem ousaria acabar com seu plano? Antes não havia ninguém ali.

Por causa do que ocorreu, ela caiu em cima de outro corpo, o mesmo que a havia agarrado.

Ela olhou para o outro rosto. Não era de alguém conhecido, nem um daqueles príncipes que salvam as mocinhas em perigo. A primeira ação foi a de se levantar. Depois iria em rumo as explicações daquela garota desconhecida, que estava em sua frente, a olhando toda assustada.

— Quem é você? — perguntou, encarando a garota de olhos azuis bem claros, com cabelos ruivos, encaracolados.

— Você nem vai agradecer, primeiro? — questionou a garota ruiva com um vestido preto.

— Agradecer pelo o quê?

— Como assim? Se eu não tivesse chegado a tempo, você...

— Eu ia ser a pessoa mais feliz desse mundo, sabia?

— Eu não entendo. Por que quer se matar?

— E por que você quer viver?

— Ora, porque eu gosto de viver!

— Mas, eu não.

— E pode dizer o motivo?

— Você já está querendo se meter demais em minha vida! Agora se me der licença, eu vou... — antes que ela fosse novamente para a ponte, a garota ruiva a agarrou pelo braço.

A garota de cabelos castanhos tirou o braço dela e perguntou:

— Olha, você está atrapalhando o meu suicídio.

— Eu atrapalho mesmo! E se for preciso fico aqui a noite inteira te impedindo!

— Você não tem o direito de fazer isso. Não é nada minha.

— Eu só quero saber o motivo. E se for tão ruim assim, eu pulo junto contigo.

A garota de cabelos castanhos deu uma gargalhada.

— Não precisa entrar comigo nessa. Eu posso até contar, mas depois você vai ter que me deixar em paz.

— Ok. Apenas diga!

A garota de cabelos castanhos olhou para a lua e desceu o olhar para o mar. Depois encarou outra vez a garota ruiva.

— O que faria se todas as pessoas que você ama fossem embora?

— Ué... A gente dá um jeito. Tem ônibus, carro, moto, avião e bicicleta para diminuir a distancia, não é mesmo?

— Não estou me referindo a este tipo de ida. Se fosse só assim, as coisas seriam mais fáceis.

O cara dos meus sonhos (Romance lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora