Capítulo 11

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Era umas dez e meia da manhã. Dona Soraya chegou em casa e deitou-se no sofá para descansar. Tinha feito uma entrega em um endereço longe. Mas desta vez não chegou a fazer bolhas em seus pés. Ela olhou ao redor e percebeu que tudo estava quieto demais, então gritou:

— Fabricia!

Gritou mais duas vezes e nada da sobrinha aparecer na sala. Então resolveu levantar-se com bastante raiva e ir ao quarto dela. Mas ao chegar, a cama de Fabricia estava toda arrumada e estava faltando algumas peças de roupas no guarda-roupa.

— Não é possível! Será que essa menina fugiu? E cadê aquele amiguinho dela?

Muito longe dali, Igor caminhava por um bairro quase deserto com a melhor amiga.

— Ainda não acredito que você está fazendo isso... É loucura! — comentou ele.

— Não é loucura. Eu não vou conseguir ficar longe da Karla, então vou ter que fazer isso para que ela não corra perigo.

— Não teria que fazer isso, se você dissesse toda a verdade para ela.

— Não, Igor. O Rodolfo é perigoso e pode mata-la.

— É? Eu vou dar uma surra nele amanhã no colégio.

— Não faça isso em hipótese alguma. Entendeu?

— Ok. E enquanto isso, você foge da sua própria casa e aquele merda fica com a Karla? É isso o que você quer?

— Não. Mas nem sempre a vida te deixa escolher. — suspirou — Já estamos chegando?

— Sim. Mas é arriscado você ficar lá... A casa está totalmente abandonada.

— Não se preocupe, eu vou saber me virar...

— Essas frutas que eu te dei logo vão acabar. Por isso, não deixe de me avisar para trazer mais comida.

— Obrigado. Mas não penso em ficar nesta casa para sempre...

— Aleluia! Quando você volta para casa?

— Eu não vou voltar, Igor. Já está decidido. E não posso ficar aqui por muito tempo, porque minha tia, provavelmente, vai mandar a policia atrás de mim.

— Penso que ela vai soltar fogos de artificio... — ele riu e voltou a ficar sério novamente — Desculpe... Você pode até achar que está salvando a Karla, mas não está! Ela vai ficar com um cara, que ela acredita ser perfeito, só que na verdade, não passa de um cara covarde que bate em mulheres.

— Igor... Nada vai me fazer desistir agora, então...

Eles pararam em frente a uma casa com um grande capim na frente. As duas janelas de vidro estavam quebradas e a porta estava fechada.

— É aqui? — perguntou ela.

— É. Eu vim quando tinha dez anos com uns amigos... Eles me disseram que o homem que morava aí se suicidou quando a namorada se separou dele.

— Por que a namorada dele não o quis mais?

— Dizem que ela o viu beijando outra mulher...

— Cara, por que as pessoas traem, né? É muito melhor ser verdadeiro com a pessoa que está ao seu lado.

— Vamos entrar? — pegou um canivete no bolso da calça jeans — Trouxe o canivete do meu pai, caso tiver alguém aí...

O cara dos meus sonhos (Romance lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora