O cara dos meus sonhos (Romance lésbico)

Capítulo 1

2016

Karla dormia em seu quarto. Era domingo, e no dia seguinte, ela teria que ir enfrentar o primeiro dia de aula no terceiro ano. Estava um pouco ansiosa para que novos garotos aparecessem em sua turma. E talvez um deles pudesse ser o cara dos seus sonhos. Não custava sonhar, pensava.

De repente, ela escutou um barulho de uma pedrinha colidindo com a sua janela. Balançou negativamente a cabeça já imaginando quem seria àquela hora e levantou-se da cama.

Ao abrir a janela, ela confirmou sua suspeita. Fabrícia estava lá embaixo, com um sorriso no rosto.

— Por favor, me deixe entrar. — implorou Fabricia.

— Tá bom! Eu vou abrir a porta para você.

Karla apenas de pijama desceu a escada e destrancou a porta da sala. Fabricia entrou e acompanhou a amiga até o quarto. Elas andaram sem fazer barulho para não acordar os pais da garota ruiva.

No quarto, Karla trancou a porta e olhou para a amiga.

— Me deixa adivinhar... Você saiu escondido da sua tia para sair com as suas putas, não é?

— Me desculpe, Karla. — tentou se aproximar, mas Karla sentou-se na cama, com uma cara emburrada.

— Me desculpe, por favor! Eu prometo que não faço isso mais. — disse, se agachando na frente da amiga e pegando as mãos dela.

— Não prometa! Você nunca muda, Fabricia. Será que não vê que essas garotas só querem curtir e mais nada?

Fabricia levantou-se e sentou-se ao lado dela.

— Eu também gosto de curtir, sabia? Não sou quem nem você, que espera o cara dos sonhos.

Karla olhou para ela com uma cara séria.

— Então é isso? Vai abusar de mim só porque eu espero o cara certo?

— Karla... Eu não quis dizer isso...

— Mas disse! Será que não entende que nem todo mundo é como você?

— O problema é que você idealiza demais as pessoas. O cara dos sonhos não existe! Isso aqui é real. As pessoas são reais! Então só existem pessoas reais que não são perfeitas, mas querem algo com você.

— Chega! Não quero mais ouvir o que você acha. Você não entende nada disso. Ok? — declarou Karla, saindo da cama.

— Ok. — concordou Fabricia, se levantando do lugar. — Eu acho melhor eu ir embora...

Karla se aproximou dela, com pena.

— Não... Não vá. Eu sei como é a sua tia. Ela vai odiar se você acordá-la no meio da noite.

— Ok. Mas me promete que vai esquecer o que eu te disse?

— Prometo! — prometeu, sorrindo.

Fabricia sorriu e deu um abraço nela, e lhe beijou o pescoço. Depois do abraço, ela pegou nas mãos da ruiva e disse:

— Você não merece uma amiga mala como eu.

— Não fala assim... Eu agradeço a Deus todos os dias por ter te encontrado naquela ponte.

— Eu também agradeço, sabia? Se não fosse você, eu estaria agora em um abismo.