Capítulo 13

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Igor chegou atrasado ao colégio porque teve que passar em casa para escovar dentes e comer alguma coisa. No intervalo, ele percebeu que Rodolfo não tirava os olhos dele, e aquilo estava o assustando um pouco. O que ele queria?

Quando Karla foi conversar com outras pessoas sobre o desaparecimento da amiga, ele foi até o pátio e se sentou perto de Igor.

— Olá... Você deve ser o Igor, né? O amigo de Fabricia?

— Sim, sou eu. — respondeu Igor, com o olhar no celular.

— Você sabe para onde ela foi?

— Não, cara. E por que quer saber? — perguntou, encarando ele.

— Todos querem saber, né? Não vê como está à amiga dela? A Karla só fica chorando pelos cantos.

— Isso te incomoda?

— Não... Na verdade, me incomoda que ela esteja sofrendo pela Fabricia: Uma garota que deve estar por aí se divertindo com o sofrimento dos outros.

— Quem é você para dizer como a Fabricia se sente em relação a isso tudo? Nunca foi amigo dela.

Igor levantou-se furioso e saiu de perto dele. Rodolfo ficou sem graça e voltou para perto de Karla.

Dona Soraya foi até a delegacia para denunciar o desaparecimento de sua sobrinha. O delegado Ítalo disse que ela poderia ficar tranquila, que eles iam procurar a jovem pela cidade e qualquer noticia que tivessem, iriam avisá-la.

Antes de ir para casa, ela foi até a uma gráfica com uma foto de Fabricia e mandou que eles fizessem vários cartazes sobre o desaparecimento.

Logo foi para casa já com os cartazes em mãos. Tinha deixado algumas encomendas de lado para se concentrar nisso. Igor chegou do colégio e a viu em frente a sua casa.

— Olá, dona Soraya.

— Olá, Igor. Você poderia me ajudar?

— Claro... — disse ele, olhando para os cartazes.

— Vamos pregar esses cartazes em vários estabelecimentos...

— A senhora já procurou a policia?

— Sim. Eles vão procura-la pela cidade.

Igor se sentiu mal em fazer tudo aquilo, mas continuou mentindo e ajudando dona Soraya a pregar os cartazes pela cidade.

Depois de terem acabado os cartazes, dona Soraya o agradeceu e ele foi para casa. Igor almoçou e colocou um pouco de comida em uma vasilha para sua amiga. Antes de sair, dona Valquíria perguntou:

— Aonde vai, Igor?

— Eu vou à casa de um amigo...

— Depois que a Fabricia sumiu, você não para de ir a casa desse novo amigo...

— Mãe, eu não tinha só ela de amiga... Posso ir agora?

— Vai lá...

Quando ele chegou até a casa abandonada, Fabricia estava lendo um livro. Ele se assustou e perguntou:

— O que aconteceu? Você lendo livro...

— Meu celular descarregou...

— Quer que eu o leve para carregar?

— E se sua mãe vê-lo?

— Fique tranquila. Eu vou coloca-lo no quarto e ela nem vai saber.

— Obrigado! Você está sendo um anjo para mim, Igor. — declarou ela, beijando a bochecha dele.

— A sua tia também...

— Por quê?

— Olha o que ela e eu espalhamos pela cidade! — disse ele, mostrando o cartaz a ela.

— Não brinca! Minha tia fez isso? — perguntou ela, pegando o cartaz.

— Sim. Ela mandou fazer muitos desses... Agora você está sendo procurada, Fabricia!

— E agora? Não vou poder nem sair um pouco dessa casa?

— Ainda dá tempo de desistir...

— Para com isso, Igor. Eu vou até o final!

Karla chegou do colégio e ficou deitada em seu quarto, olhando algumas fotos dela com Fabricia. Tentava ligar para a melhor, mas não dava nada. Walter estava no trabalho, e dona Ivone tinha saído para fazer compras.

De repente, alguém bateu na porta. Karla levantou-se e foi atender. Ao abrir, viu Rodolfo em sua frente.

— Oi. Posso entrar?

— Pode...

Rodolfo entrou e sentou-se no sofá. Karla fechou a porta e sentou-se perto dele.

— Eu vi um monte de cartazes da Fabricia pela cidade... Foi você?

— Não... Deve ter sido a tia dela.

— Ué... Você tinha dito que a tia não gostava dela...

— Talvez seja só da boca para fora, porque acho que ninguém deseja que um parente desapareça.

— É... Você tem razão. — olhou ao redor — Você está sozinha aqui?

— Sim. Os meus pais saíram.

— Hum... O que acha de vermos um filme de terror? Eu trouxe alguns no pen drive e pensei em ver com você.

— Seria muito bom... Coloca aí!

— Ótimo! — ele se dirigiu até a televisão e colocou o pen drive.

Rodolfo esperou para que ela oferecesse ver o filme no quarto, mas isso não aconteceu. Então teve que se contentar em ficar perto dela na sala mesmo.

O filme começou, e Karla não estava muito bem. Ela acabou se lembrando das vezes em que assistia filmes com a melhor amiga. Também havia se lembrado de que prometeu a ela que nunca ia deixá-la. Mas como continuar prometendo se Fabricia não disse nada sobre a fuga? Será que a melhor amiga respeitava os seus sentimentos? E será que o que Rodolfo dizia de que Fafá poderia estar rindo de todos não poderia ser verdade?

Rodolfo notou a tristeza no olhar dela, e a puxou para deitar-se em seu colo. Karla deitou-se no colo dele e fez força para não chorar, enquanto ele acariciava o seu cabelo.

Em seguida, ele deu um beijo na bochecha dela e declarou em seu ouvido:

— Eu estou aqui... Nunca vou te deixar.

Karla se levantou e olhou para ele.

— Não prometa isso, por favor.

— Mas é o que eu sinto em fazer... Eu já te disse que você é um muito especial para mim e vai continuar sendo sempre.

Karla ficou sem graça, e ele se aproximou dela.

— Karla, eu acho que não é mais segredo para ninguém o que eu sinto por você... Eu só preciso de uma chance para te mostrar que eu posso cumprir essa promessa.

— Eu não sei, Rodolfo...

— Por favor, vai tentar... Eu te amo, Karla!

Os dois ficaram se olhando. Em seguida, ele se aproximou ainda mais e tocou os lábios dela. Karla não queria beijá-lo, por estar ainda indecisa. Mas se entregou ao poucos ao beijo dele.

Depois do beijo, ele fez uma pergunta:

— Isso foi sim? Você aceita mesmo namorar comigo?

— Aceito.

Ele sorriu e a abraçou.

— Você não irá se arrepender, Karla. — e a encheu de beijos.

O cara dos meus sonhos (Romance lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora