Ariella (A proposta) - 2° LIVRO

*CAPÍTULO 11*

Ariella Young

Abraço Manuela com força que chora em meu ombro descontroladamente. Nicolas me observa emocionado e me chama novamente ao ouvir o nosso vôo ser chamado pela segunda vez. Manu se afasta e segura as nossas mãos. A encaro piscando os olhos diversas vezes para não chorar de novo.
- Voltem mais vezes, por favor. - ela suplica em desespero.
Sorrimos juntos.
- Voltaremos. - Ele avisa dando-lhe um beijo na bochecha. Seguro a mala pronta para ir embora de Salvador. Que cidade maravilhosa. Amei cada detalhe.
- Não esqueça de me visitar.- eu disse, acenando com uma das mãos. Manu assente se distanciando. Nicolas caminha ao meu lado preparado para entrar no avião que já está perto de embarcar. Volto a olhar para trás a vendo parada nos observando. Uma nova etapa da minha vida está prestes a começar. Um novo capítulo. Estou com medo, nervosa, ansiosa, aflita. Espero que tudo se ajeite já que finalmente vou poder exercer a profissão que amo. Ao entrar no avião sigo o Nicolas que está logo a minha frente a procura do nosso lugar. Algumas pessoas já se encontram em seus aposentos.
      Novamente estamos voltando na companhia aérea de primeira classe. Tudo é muito chique, principalmente os cardápios. Nicolas transforma a sua poltrona em cama e faz o mesmo com a minha para que eu possa recuperar o sono pelo menos no percurso inteiro.
- Você precisa relaxar. - Ele avisa acariciando o meu rosto.
- Eu preciso sim. - confesso com as vistas cansadas.
- Tente dormir um pouco. A viagem não será longa. - disse Nicolas, pondo seus fones no ouvido.
- Tem razão. - murmuro.
- Vai querer beber ou comer alguma coisa? - ele pergunta, olhando o cardápio. Nego com a cabeça.
- Não. Tomei café antes de sair... Ah, Nicolas... Queria perguntar uma coisa.- falo, retraída.
Seus olhos me fitam.
- Queria ou ainda quer perguntar? - ele indaga, sorrindo. Passo a língua nos lábios. Encaro meus dedos sem saber como prosseguir com a conversa.
- Quero. - eu disse, com firmeza. Nicolas endireitou os ombros para me olhar, ergueu o queixo e tirou os fones do ouvido. Posso ver que está curioso. Sua jaqueta preta de couro exala um cheiro masculino, forte, gostoso... Me fazendo lembrar da noite que o beijei.
- Ary! - sua voz me desperta, já que permaneci calada o observando.
- Oh! Foi mal, estava distraída... É... Eu queria saber o que aconteceu entre você e Oliver enquanto eu estive presa? - Perguntei, apreensiva.
- Por que essa pergunta agora? - Nicolas franziu a testa.
- Eu sei que vocês precisam manter o contato por causa da empresa, mas... Mesmo quando estavam próximos um do outro não se falavam com frequência. Agora, ele vive te ligando.- minha voz some. Basicamente, não seria bem uma pergunta, já que é perceptível essa mudança entre eles. Antes os dois nem se olhavam quando se viam. Muito menos, se cumprimentavam.
- Não somos amigos, Ary. - ele disse pensando nas situações que passamos.
- Mais algo mudou, não é? - insisto.
- Não sei, acho que não. Na verdade, tudo o que ocorreu nos aproximou. Realmente, Oliver não olhava muito na minha cara, então da minha parte tudo está tranquilo. Não sei a dele. - Nicolas responde dando de ombros. Assinto.
- Oliver sabe... Que estou aqui com você? - Pergunto, nervosa. Não deveria perguntar já que eu mesma pedir que não falasse dele para mim. De alguma forma, ainda fico apreensiva em relação ao que ele pensa sobre mim - se é que pensa alguma coisa - Depois do que fiz. Acho que a única vontade que Oliver pode ter é fingir que não existo.
- É claro que sabe, se ele ligou para você pra falar comigo. - ele explicou sorrindo.
- É verdade... - resmunguei.
- Dimitri o primo dele curtiu as nossas fotos que postei no avião antes de embarcar no Brasil, e me contou que mostrou ao Oliver. Só não contei antes, porque era um pedido seu não saber nada sobre ele.
- É, eu sei. - consentir.
- Então, em uma reunião pelo Skype Oliver me perguntou se você estava no Brasil comigo. Foi a primeira vez que ele demonstrou interesse em saber sobre você. Apenas isso.- Nicolas explicou me deixando perplexa.
- O quê? Nossa! Ele não demonstrou surpresa quando atendi... Agora sabendo disso, me surpreende que tenha perguntando por mim. - confessei.
- Para ser sincero, acredito que Oliver perguntou mais para saber se somos um casal, não sei... Talvez, pensou que eu diria que estamos juntos. - ressalta, Nicolas. Arregalo os olhos.
- Mais não somos. - rebato, rapidamente atraindo seu olhar.
- É tão ruim assim ser minha namorada ou esposa? - ele pergunta surpreso pela minha reação.
Reviro os olhos dando risada.
- Não é isso seu bobo. - retruco com insegurança.
- Está preocupada com o que Oliver pensa sobre nós. - Nicolas afirmou pensativo.
- Não. - minto, sem hesitar.
- Você é uma boa atriz, mas não consegue mentir para mim.
- Quem disse que estou mentindo? Não me importo com o que o Oliver pensa ou deixa de pensar sobre minha vida. - eu disse, asperamente.
- Tem certeza? - ele me olha desconfiado.
- Mais é claro, oras. E a partir de hoje não quero mais saber dele. Nem mesmo ouvir o seu nome. - Resmungo. Fecho os olhos.
- Deveria ter feito isso a muito tempo.- Nicolas balbucia. O encaro de novo.
- Por que diz assim? Sabe que não foi fácil mesmo que eu tenha te pedido isso. - falei com um semblante triste.
- Me preocupo com você. Se a solução para te ver bem, for essa. Eu aprovo.- ele toca na minha mão de leve. Sorrio, com ternura.
- Você é um amor, Nick. Como é amoroso. Meu Deus! Que sorte a minha em tê-lo.- eu disse com voz de dengo.
- Eu sei disso. - Nicolas afirma, sorrindo. Reviro os olhos.
- Que convencido. Tem notícias do Paul? - Pergunto assim que lembro do seu amigo.
- O que tem? - ele pergunta com a testa franzida.
- Quero saber se está bem. - Dou de ombros.
- Está melhor que eu. Mais alguma pergunta? - sinto ciúmes no ar.
- Não, não. É que... Bateu saudade dele.- eu disse reprimindo uma risada. Seus olhos me encaram, demoradamente. Sua expressão não é nada agradável.
- Vai dormir, Ary. Está com tanto sono que está começando a falar besteiras.- Nicolas resmunga pondo o fone no ouvido de volta. Sorrio, ficando de costas para ele. Observo a paisagem pela janela, enquanto ajeito minha cabeça no travesseiro macio. Penso em Diogo. Depois do nosso encontro, nunca mais nos falamos. Deve ter me esquecido. Fui apenas mais uma diversão que ele passou em Salvador. É melhor assim. Não estava querendo algo mais. Bocejo. Acho melhor tirar um cochilo antes que o avião chegue no Rio de Janeiro.  O trabalho começa.