*CAPÍTULO 13*

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Oliver Walker

Entro no escritório apressadamente. Ponho a pasta preta em cima da mesa. Sento na cadeira devagar e solto um suspiro profundo. Encaro o meu novo lugar de trabalho que estive durante esses oito meses. É incrível como sinto falta dos meus funcionários. Até da Lucy. Não sei quando voltarei para os Estados Unidos - para ser sincero não está nos meus planos voltar, por enquanto não agora -, Abro a tela do notebook no momento que o telefone toca em cima da mesa. Atendo.

Ligação ON
- Bom dia, Senhor Oliver. O detetive Breno esta aqui. - avisa o secretário.
- Mande-o entrar. - ordeno.
- Tudo bem.
Ligação OFF.

Coloco o telefone no gancho, e me encosto na cadeira. Breno abre a porta do escritório com um sorriso no rosto. Depois que assumir o caso do arrombamento aqui na França, chamei o Detetive para tomar as medidas necessárias já que era Munique Cerqueira que cuidava desse caso. Ele carrega seu notebook nas mãos e caminha na minha direção. Levanto-me da cadeira e ponho meu óculos de grau - que antes não tinha costume de usa-lo - Breno deposita o notebook na mesa e estende a mão para me cumprimentar.
- Quando soube que queria me ajuda. Fiquei feliz. É bom revê-lo, Oliver.- Breno disse com um sorriso.
- A Munique pode ter alterado alguma coisa. Principalmente, as imagens da câmera de segurança. Não dá para confiar nas provas que ela encontrou... Não depois do que aconteceu nos Estados Unidos.- confesso.
- Eu sei, por isso que trouxe algo que você vai gostar.
- O quê? - Pergunto, curioso.
- As provas apresentadas pela Detetive Munique não eram falsas, porém ela ocultou a principal foto que mostra o rosto do indivíduo que arrombou a vinícola.- Breno explica mostrando a foto do homem no notebook. Arregalo os olhos.
- Foi esse desgraçado? Por que ela o protegeria? Será que eles tem algum vínculo? - Pergunto cerrando os dentes.
- É uma possibilidade. Ah! Consegui descobrir o endereço também.
- Que eficiência. - elogio surpreso pela sua competência.
- Obrigado, Oliver. O que pretende fazer agora? - Breno pergunta, pensativo. Passo a mão no queixo.
- Não quero envolver a polícia nisso, e não quero que meu nome esteja na imprensa de novo. - eu disse pensando nas providências que tomarei.
- Vai deixa-lo sair ileso? Ele precisa ser preso. - ele retruca, inconformado.
- Quero visita-lo.- afirmo com o semblante sério.
- Tem certeza, Oliver? Acho que não é uma boa ideia.
- Anote o endereço dele para mim, por favor. Irei hoje mesmo. - peço, enfurecido.
- Quer que eu o acompanhe? - Breno pergunta com insegurança. Nego com a cabeça.
- Não. Dessa vez, irei sozinho. - eu disse pegando o meu celular.
- Seja cauteloso, o rapaz pode ser perigoso.- ele aconselha, preocupado.
- Eu sei. Vou me prevenir. - respondo. Observo Breno anotar o endereço em um papel com um olhar desconfiado.
- Aqui. -Pego o endereço da sua mão, e analiso por um tempo o nome que está escrito. Conheço o lugar.
Que estranho... Parece que estive lá recentemente. Não lembro como.
- Qualquer coisa aviso. - informo saindo do escritório ao seu lado.

~*~

Paro o carro em frente ao condomínio escrito no papel. Logo reconheço. Foi aqui que deixei Apolline. Aquela mulher louca. É muita coincidência morar no local desse indivíduo que arrombou minha vinícola.
Examino o local por um tempo. Leio o endereço que está no papel e certifico-me se é exatamente esse aqui. Pelo visto, o rapaz é bem de vida. Mora em um lugar nobre. Saio do carro olhando em volta e ponho a mão no bolso. Se as coisas não se resolverem no diálogo. Tentarei não partir para a briga. Me aproximo da portaria tranquilamente. Olho para o segurança que se mantém de pé enquanto faz o seu trabalho.
- Boa tarde!
- Boa tarde, Sr. Oliver! Em que posso ajuda-lo? - Ele pergunta se aproximando. Acredito que já né conhece, pois não mencionei meu nome. Com o reconhecimento da minha marca de vinho é difícil alguém não conhecer. O cara parece ter dois metros de altura. .
- Estou a procura de um rapaz. - eu disse tentando lembrar o nome. Porra! Não é possível que Breno esqueceu de me falar.
- Como ele se chama? - o porteiro pergunta.
- Não sei. - respondo, baixo.
- Não tenho como ajuda-lo desse jeito. Tenho que saber quem é o morador, porque são muitas pessoas que moram nesse condomínio. Facilitaria rápido o encontro. - ele explica de braços cruzados. Assinto.
- Boa Tarde, Charles. Pode deixa-lo entrar. Eu o conheço. - ouço uma voz feminina soar atrás de mim. Viro a cabeça lentamente vendo Apolline me olhar com um sorriso no rosto.
- Não estava o impedindo de entrar, imagina... É Oliver Walker! Estava só querendo ajudá-lo. - O segurança comenta sorrindo. Dou uma risada fraca e concordo umedecendo os lábios.
- Oh, sim! Acho que posso me encarregar disso. - Ela responde atraindo minha atenção. A encaro franzindo o cenho. O porteiro abre o portão, e me da passagem. Ando a passos curtos olhando em volta do condomínio imenso.
- Alguns franceses são um pouco rígidos quando o assunto é segurança. Depois de tantos atentados, eles não deixam qualquer pessoa entrar assim, mas pelo visto deve ser seu fã. - Apolline explica ao meu lado deixando um sorriso esnobe escapar.
Reviro os olhos.
- Eu sei as regras francesas. Moro aqui. - respondo, ríspido.
- Não terei um Obrigado de novo? - ela pergunta erguendo a sobrancelha.
- Mora realmente nesse condomínio? - Pergunto, desconfiado.
- O que pensa? Que estou te seguindo? 
- Não seja convencida. - resmungo.
- Respondendo sua pergunta, moro sim... E mesmo que não tenha perguntado sou psicóloga. Se quiser uma consulta... Pode me...
- Não preciso disso. A única pessoa louca aqui é você, e talvez, precise mais do que eu. - eu disse com um sorriso irônico. Seus olhos me fuzilam.
- Oh! Tem certeza? Poderia indicá-lo a um psiquiatra. - ela rebate na ironia.
- Era só o que me faltava.- passo a mão no rosto impaciente.
- Bem, você é um homem com uma  personalidade forte. O que sente quando trata as pessoas com mero desprezo? Te faz sentir melhor? - ela perguntou parando de andar. Faço o mesmo. Tiro uma carteira de cigarro do bolso e a viro de cabeça para baixo dando duas batidas leves contra a minha mão. Removo um cigarro assim que o vejo sair da carteira. Coloco a parte do filtro nos lábios, e acendo-o com um isqueiro puxando o ar aos poucos para acende-lo uniformemente. Tiro-o da boca, e assopro. A fumaça sai naturalmente. Para ser sincero, não tenho costume de fumar. Mas quando estou nervoso ou ansioso com alguma coisa meus sentimentos afloram tanto que a única alternativa para me acalmar é fumar. Lembro quando Ariella soube disso pela primeira vez... Arrancou o cigarro da minha boca sem se importar com a minha fúria. Puta merda! Lá vem os pensamentos direcionados para ela. Que merda.
Apolline me encara seria.
- Não vim para uma consulta. - aviso colocando o cigarro na boca de novo.
- O que veio fazer aqui? - ela cruza os braços. Algumas pessoas passam por nós, e observo o movimento.
- Preciso encontrar uma pessoa. Talvez, você o conheça. - eu disse, a vendo sorrir com ironia.
- Só direi alguma coisa em relação a essa pessoa com apenas uma condição.
- Eu me viro sozinho. - Dou-lhe as costas caminhando pelo condomínio sem rumo. Não faço ideia aonde esse cara mora. Sei apenas a sua aparência.
- Eu ajudo. - Ela diz, rapidamente. Para na minha frente. Nos olhamos por alguns minutos.
- Conhece esse cara? - Mostro a foto do rapaz que o Breno imprimiu. Seus dedos seguram a folha. A observo.
- Eu já o vi uma vez por aqui. Não sei em qual casa ele mora. Eu posso perguntar para alguém e...
- Pergunte sem demora. Não tenho muito tempo. - ordeno enfiando uma das mãos dentro do bolso enquanto a outra segura o cigarro. Apolline inclina o corpo para frente, e começa a gargalhar sem parar. A encaro com um semblante sério. Não entendo o motivo da sua risada.
- Posso saber o que é tão engraçado?- Pergunto.
- Você! - ela da de ombros.
- Você só pode ser louca. - afirmo.
- Olha, Oliver. Não aceito ordens. Se quer realmente a minha ajuda tenha paciência, porque farei do meu jeito.
- Que seja! Apenas faça isso lo... - não consigo terminar de falar quando vejo um rapaz se aproximar de uma casa verde a minha frente. Arregalo os olhos ao reconhece-lo. É o mesmo homem da foto. Desgraçado. Jogo o cigarro no chão, e corro em sua direção deixando Apolline para trás. Ele destranca a porta da sua casa distraído sem perceber minha presença. Apresso os passos, e ponho meu pé entre a porta o impedindo de fecha-la.
- Ei... Preciso falar... Com você. - Tento recuperar o fôlego.
- Quem é você? - O rapaz pergunta, desconfiado.
- O dono da empresa que você quis prejudicar, filho da puta. - eu disse, tesionando o maxilar. O rapaz tenta fechar a porta bruscamente. Dou um chute com tanta força que faço a porta se abrir de uma só vez o fazendo cair no chão.
- O que você quer? - Ele pergunta, assustado.
- Não tente fugir, muito menos mentir para mim. Já sei tudo sobre você. - eu disse, ocultando um pouco. Na verdade, não sei quase nada da sua vida, porém ele não precisa saber disso.
- O que está fazendo? Está atraindo atenção dos vizinhos. - Apolline grita atrás de mim chocada com minha atitude.
- Saia daqui. Será possível que vai se meter em tudo que faço? - Perguntei irritado tirando a minha concentração.
- Não temos o que conversar. - o rapaz avisa ignorando a presença de Apolline. Faço o mesmo e o encaro.
- É só você escolher. A conversa ou a cadeia. - eu disse, sem paciência.
- Parem com isso pelo amor de Deus. Querem ser presos? - Ela grita novamente ficando entre nós.
- Tudo bem. Que seja uma conversa rápida. - O rapaz da mais passagem para eu entrar na sua casa. Passo a mão na testa e observo a sua residência antes de dar o primeiro passo. Apolline faz o mesmo andando logo atrás de mim. Seguro o seu pulso a impedindo de continuar.
- O que está fazendo? Fique lá fora. - eu disse, com grosseria.
- Quero evitar um desastre.- ela avisou de braços cruzados.
- Saia daqui, Apolline. É uma ordem.- alterei a voz. O rapaz senta no sofá nos observando sem entender.
- Saia comigo hoje. - seu convite me surpreende.
- O quê? - indago, surpreso.
- Isso mesmo. - ela assente.
- Posso falar uma coisa? - Felipe ergue uma das mãos para atrair a nossa atenção.

- Não!- respondemos em uníssono sem encara-lo

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- Não!- respondemos em uníssono sem encara-lo.
- Saia comigo e ponto final. É uma forma de você me retribuir o que fiz para deixá-lo entrar aqui. - Apolline cochicha mordendo os lábios.
Solto um suspiro.
- Combinado. Saio com você... Agora, me espera lá fora. - aponto para a porta franzino o cenho.
- Mande o endereço para mim. Você tem o meu número. - Ela pisca o olho e se afasta indo embora da casa. Passo a língua nos lábios com um sorriso de canto pela sua ousadia.
Mais que mulher insistente.
- Será que agora você pode dizer o que faz aqui? - O rapaz questionou agoniado. Assinto. Fecho a porta devagar. Sento no sofá olhando cada cômodo antes de encaro-lo.

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