*CAPÍTULO 20*

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Ariella Young

Me encosto no corrimão da escada, e observo as meninas no sofá procurando um filme para assistir, após a saída do Nicolas. Faby me encara e ergue a mão na minha direção.
- Venha, amiga! Escolha um filme antes que a Isabel e a Kayle se matem.- ela avisa fazendo todas darem risadas. Sorrio.
- Vocês conhecem uma mulher chamada, Lindsay? - Pergunto com a testa franzida.
- Se refere a famosa atriz Lindsay Lohan? - Kayle pergunta confusa.
- Estou vendo ciúme no ar. - Brinca Caroline com um sorriso amigável. Nego com a cabeça.
- Por que a pergunta, amiga? - Isabel me olha curiosa, enquanto come um pouco de pipoca.
- É uma mulher que você não gosta? - Pergunta, Faby.
- Quanta interrogação. Custam  responder a minha pergunta? Conhecem ou não? - Pergunto dando risada.
- Não conheço. - responde Isabel, apressadamente. Todas fazem o mesmo. Solto um suspiro.
- O Nicolas foi jantar com essa Lindsay. Fico preocupada por não conhecê-la.- resmungo descendo os degraus com cuidado.
- Isso é preocupação ou ciúmes? - Caroline pergunta, sorrindo.
Reviro os olhos.
- Preocupação Carol, apenas preocupação. - Respondo me aproximando de todas. Faço uma careta.
- O Nicolas sabe se cuidar, Ariella. Fica tranquila.- Faby comenta.
- É! tem razão. Enfim, que filme escolheram? - Pergunto ao me encostar no sofá comendo pipoca.
- Me ajuda a escolher, estava pensando em... - Isabel não consegue concluir, pois as luzes se apagam por completo, restando apenas escuridão por todo o cômodo. Que legal. Todas saltam em cima de mim assustadas. Começo a gargalhar.
- Estava bom de mais para ser verdade. Faltou luz. - eu disse, aos risos.
- Logo agora que iriamos assistir um filme? - Isabel pergunta, enquanto tenta ligar o interruptor.
- Vamos sair, meninas. Não quero ficar ficar no escuro observando a vela. - sugerir ligando a lanterna do celular.
-  Opa, falou a minha língua. - Kayle fala empolgada indo pegar a chave do seu carro.
- Perfeito. - Faby concorda.

~*~

Decidimos ir a um restaurante bem movimentado próximo a casa de show que tem por aqui. Pela  quantidade de pessoas que passam pela frente do estabelecimento, acredito que deve está tendo uma bela festa. Bebo um pouco de vinho e começo a rir das besteiras que a Kayle conta para nós. Ter esse tempo com as minhas amigas me ajudam a distrair a mente, a presença de todas me deixa em paz. Viro o rosto para o lado quando noto a presença do Diogo na parte externa do restaurante com uma mulher aos beijos. Sinto um aperto no peito e ponho a taça em cima da mesa com tanta força que não sinto ela trincar. O encaro brava. Sei que não estamos mais juntos, mas vê-lo com alguém não é uma coisa boa de se ver. Além do mais, disse-me no hospital que queria voltar e era para eu pensar no seu pedido... Agora o vejo assim? Realmente, não temos importância mais. Mentiroso.
- Ariella! Está tudo bem? - Fabiana toca na minha mão ao ver a taça trincada.
- Sim. Estou bem. - Sorrio afastando a taça de mim.
- Ali não é o Diogo? - Isabel perguntou, com os olhos arregalados. Todas seguem seu olhar surpresas. Solto um suspiro e passo a mão na testa exausta.
- Eu já o esqueci. Não estou nem ai.- Encaro a mesa.
- Ele é rápido. - Caroline sussurra, pensativa. Assino. Volto a olhar para fora do restaurante mais uma vez, porém não consigo encontra-lo. Deve ter entrado na festa com a puta ao seu lado.
- Ele é um safado isso sim. Ficava correndo atrás de mim pedindo pra voltar...  E agora, está bem acompanhado. Todo homem é assim.- eu disse, com raiva.
- Não generalize, amiga. O Nicolas não parece ser um cara que aceita traição. É tão meigo, fofo. - Isabel opina.
- Namore com ele. - Diz Kayle, arqueando as sobrancelhas. Começo a rir.
- A gente nunca conhece a pessoa realmente... Nicolas é um homem maravilhoso, mas eu conheço o lado dele como amigo, não como namorado. - confesso, soltando a respiração.
- Você tem razão. - Isabel concorda.
- Vocês terminaram? - Faby pergunta, se referindo ao Diogo. A encaro.
- Sim. Ai meu Deus! Acho que vou virar freira. Não quero saber de homem nenhum na minha vida, não quero me estressar mais com essas coisas, sabe? É tão difícil ter uma vida a dois, tenho orgulho de você Carol... Por ter anos com seu marido. Me admira. - eu disse a vendo sorrir.
- Nada é flores, amiga. Só que quando os dois se amam, fazem o possível e o impossível para estarem juntos. - suas palavras tocam no meu coração. E logo lembro da minha conversa com o Diogo... Eu não estava fazendo o impossível e nem o possível para esta com ele. Pelo contrário, estava colocando Nicolas acima dele. Eu não o amava. Não o amo. Carol se levanta bruscamente e coloca o dinheiro em cima da mesa. Fico sem reação.
- Para onde vai? - Pergunto com os olhos arregalados.
- Vamos embora. Esse lugar não esta te fazendo bem. - Ela cochicha.
- Pretende ir para onde? Não é qualquer lugar que você pode ir. Lembre-se do seu marido. - Kayle murmura, abusando Carol.
- Que mulher chata, viu? - Caroline revira os olhos, e se afasta indo para fora do restaurante.
Todas fazem o mesmo aos risos.
- O Diogo ainda esta ali. - Isabel avisa, cutucando meu ombro. Olho para trás, e o encontro com a moça em frente a casa de show. De repente, cenas deitada na cama do hospital invade minha mente. Na realidade, não chegamos a terminar, por mais que eu quisesse, ele me pediu para pensar a respeito. Disse que não queria uma resposta naquele momento e agora... O vejo beijando outra? Isso é uma traição. Fico de boquiaberta.
- Não, não terminamos. Ele queria que eu pensasse a respeito. - murmuro.
- E você pensaria? - Isabel pergunta, surpresa.
- Não mais. - afirmo, determinada. Um carro passa ao nosso lado. Seu som toca uma música sertaneja romântica, e a letra chama a minha atenção.

" Continua...
Vai me pisando, alimentando teu orgulho
Toma cuidado que talvez lá no futuro
A mesma faca que me fere pode te cortar...
Eu não vou mais estar
Aqui dando uma de super herói
Refazendo tudo que você destrói
Eu vou deixar de alimentar esse teu ego.
Pode continuar. Bombardeando um coração que é só teu.
Sem perceber você vai ver que me perdeu"

Me identifico demais. Gostei.
- Essa música é para mim. Com certeza.- falo, fazendo as meninas rirem.
- Essa música é boa. - Faby elogia, dando de ombros. Volto a olhar para o Diogo na mesma hora no momento exato que ele me flagra olhando-o. Percebo que se afasta da mulher as pressas com o intuito de eu não ver.  Viro-me para Kayle e apanho a chave do seu carro. Começo a andar sem me importar com o joelho. As lágrimas escorrem pela minha bochecha de tanta raiva. Nunca da certo. Como sempre. Para ao lado do carro da Kayle sentindo alguém atrás de mim. Viro o rosto pensando ser uma das meninas, mas me confundo.
- Ariella. - ouço o tom masculino ecoar pela rua.
- Saia daqui. - exclamo.
- Me escuta, por favor.- Diogo pede, desesperado. Sua mão segura o meu queixo para me fazer olha-lo.
- Não quero. Se afaste de mim.- exalto-me.
- Não é o que esta pensando.- Diogo implora.
- Essa famosa frase não, por favor. - Digo, impaciente.
- Eu não trair você. Estamos separados...
- Oh, sério? Então, tudo bem. Continue se divertindo.- passo por ele que me impede novamente.
- Calma, não é bem assim. Sempre fui fiel a você, jamais faria um absurdo desse. Se estou aqui curtindo como você fala é porque eu lembro que tínhamos terminado. E você... Pensaria a respeito do que lhe ofereci.
- Oh, claro! Eu ficaria parecendo uma vadia em casa pensando, enquanto você na rua se chupando com outras. Você é um escroto. Não quero ter nenhum vínculo com você. Lembra que me pediu para pensar? Pois é, não pensarei mais. - me desvencilho da sua mão.
- Não faça isso, Ariella. Volta aqui.- Diogo tenta me impedir.
- A mesma faca que me fere pode te cortar... - minha voz sai em um sussurro assim que repito a letra da música que ouvir agora a pouco no  carro do rapaz.
- O que disse? - Ele perguntou, confuso.
- E quer saber? É melhor assim, amanhã mesmo estarei indo para França. Você não vai me ver nunca mais.- afirmo com um sorriso irônico sentindo um alívio por dizer isso.
- França? O que vai fazer na França? Que história é essa? - ele me olhou com desespero.
- Farei algo muito melhor do que esta com você. Divirta-se terminando de colocar chifres na minha cabeça. Meu novo status agora "Papel de corna e de trouxa". E fique ciente, eu não perdoou traição. - aviso dando-lhe as costas. Abro a porta do carro assim que as meninas se aproximam e sento no banco do carona com os olhos do Diogo fixos em mim. Kayle põe a chave na ignição e acaricia meus cabelos, assim que fecha as janelas com película escuro. Impossibilitando das pessoas terem visão na parte interna do carro. Começo a chorar deixando todo sentimento ir embora.
- Isso, amiga. Chore tudo o que tiver que chorar. Põe tudo para fora.- ela aconselha, entristecida. Coloco o rosto entre as mãos. Faby, Isabel e Carol estão no banco traseiro em silêncio.
- Vamos para a casa, Kayle. Acho que podemos assistir um filme. - Faby aconselha.
- E se não tiver luz, vamos fazer uma cabana feita de lençol e contaremos histórias de terror. - Isabel sugere com entusiasmo.
- Obrigada, meninas. - murmurei sorrindo entre as lágrimas.

~*~
Estou deitada no chão da sala vestindo uma camisa do Nicolas e um short curto preto. Como já chegamos pela madrugada a luz não foi um problema. Acho que resolveram rapidamente, pois a vizinhança já se encontrava iluminada.
Então, decidimos retornar a nossa sessão de cinema e assistimos um filme bem macabro de terror. Foi top. Bocejo esfregando os olhos. Isabel canta uma música em voz baixa enquanto Faby acaricia os cabelos da Kayle que parece sonolenta.
- Independente de algumas situações. Sair com vocês hoje foi bem legal. - elogia Caroline que ainda come pipoca. Sorrimos no momento que escutamos o portão eletrônico se abrir. Ergo a cabeça.
- Acho que o Nicolas chegou. - eu disse verificando o horário no celular rapidamente.  São quatro horas da manhã. Uau! Esse jantar foi longo, hein! Levanto-me devagar e me aproximo da janela escondida. As meninas fazem o mesmo.
- O que estão fazendo? - Carol pergunta em um cochicho.
- Bisbilhotando. - sussurro tirando a cortina da minha frente bem devagar para não atrair atenção deles. Nicolas  sai do seu carro junto com uma mulher ao seu lado que aparenta está um pouco bêbada devido a forma como seu corpo se movimenta. Reviro os olhos. 
- Será que é o que estou pensando? - Pergunto em voz alta.
Todos me olham surpreendidas.
- Não tenha uma crise de ciúmes agora, por favor. - Isabel suplica, preocupada.
- Nicolas trouxe Lindsay para dormir aqui.- comentei, enciumada. Uma mulher de pele morena, estatura baixa, e com um corpo escultural. Realmente é encantadora. A vejo esperar do lado de fora, enquanto Nicolas pega algo dentro do carro. Os dois parecem se gostar. Formam um belo casal, mas não consigo lidar ao ver ele com alguém. Sou uma amiga ciumenta, confesso. Isso me mata.

  Ariella (A proposta) - 2° LIVRO Onde histórias criam vida. Descubra agora