Ariella Young
Me afasto do muro para sair do terraço. Acho melhor pararmos por aqui antes que a gente termine na cama. Até porque mesmo sabendo que já tivemos uma relação antes não precisamos apressar as coisas. O observo ficar pensativo. Gostaria muito de saber o que se passa na sua cabeça neste exato momento. É uma incógnita. Dou uma última olhada para a Torre Eiffel antes de ir embora. É tão lindo que se eu pudesse dormia aqui em cima só para observa-la. Fico distraída com a paisagem quando de repente, um flash é disparado no lado esquerdo do terraço. Olho na mesma direção espantada. É possível notar um paparazzo distante da mansão 3m cima de uma árvore com uma câmera na mão. Fico pasma com a invasão de privacidade. Pelo visto, nem se preocupou por ter sido flagrado. Oliver franze a testa, e se aproxima do muro na direção do rapaz fazendo menção de falar alguma coisa.
- Não diga nada, por favor!- peço, preocupada.
- Vamos sair logo daqui. - Ele ordena, indo até a porta rapidamente. Faço o mesmo. Desço as escadas com seu apoio e o vejo subir novamente só para trancar a porta com cadeados. Não demora muito para ele descer me olhando com ternura É impossível controlar meus batimentos cardíacos. Só de pensar no beijo que demos fico arrepiada, ainda por saber que fui correspondida. Fiquei muito surpresa. Não imaginava em hipótese alguma que depois de ter feito o que fiz, ele me beijaria novamente. Talvez, seja apenas um jogo da sua parte... Uma pequena brincadeira ou vingança... Não posso criar expectativas por algo que não tenho certeza. Tenho que ser cautelosa quando o foco é meus sentimentos.
- Vai ficar parada? - Oliver pergunta, ao me ver no corredor olhando para o nada - geralmente faço isso quando fico pensativa - pisco os olhos por diversas vezes e o encaro. Me desperto do transe.
- Vou para o quarto. - aviso, passando por ele que me agarra pelos braços me encostando na parede com calma já que estou impossibilitada de andar direito por causa do meu joelho. Engulo em seco com a nossa aproximação.
- Vamos esquecer o que aconteceu hoje no terraço.- suas palavras são firmes e grossas me deixando surpresa.
- Sério que está me pedindo isso?- pergunto, incrédula.
- Ariella pare de achar que eu ainda te desejo como antes, que te quero como antes ou que ainda podemos ter alguma coisa... Porque isso não vai mais acontecer. Eu não sinto mais nada. Foi apenas de momento.- Oliver retruca sem elevar seu tom de voz.- Em algum momento eu disse que você estava afim de mim? Te forcei a me beijar?- pergunto, com as sobrancelhas arqueadas.
-Não estou falando nesse sentido, Ariella. - ele rebate fazendo pouco-caso.
- Não tente colocar a culpa em mim, você me beijou porque quis, sentiu vontade. Correspondeu...
- O beijo só comprovou o que eu já sabia. - Sua voz soa com uma frieza que me afeta dolorosamente. Franzo o cenho.
- E você acha que sinto alguma coisa por você? - Pergunto, com um sorriso falso. Sim, eu ainda sinto. Só que ele não precisa saber disso.
- Olhe para mim e diga que não sente.- Oliver aproxima o seu rosto do meu me deixando seu reação.
- Não sinto. - Minto na cara dura.
- Então, está mentindo para mim? Acabou de confessar no terraço que sente algo diferente. O que é isso? Mais uma brincadeira sua? - Oliver indaga, enfurecido.
- Brincar com seus sentimentos? Está louco? Você fala que não gosta da maneira que te controlo e me beija do nada. Agora, age como se eu fosse a culpada por esse acontecimento? Para, Oliver! Então, nós dois estamos nos enganando- eu disse, inconformada.
- Não vou discutir isso com você. - ele bufa, impaciente.
- Muito menos eu. Com você não tem conversa. Acha que é o dono da razão em tudo ainda mais quando são seus sentimentos, você não é sincero. - retruco, em voz baixa para Camilla não ouvir a nossa discussão.
- Não sou sincero?- ele me tira surpreso.
- Não! Você está me falando uma coisa agora, mas seu beijo demonstrou outra.
- A única coisa que me preocupo é que amanhã essa foto vai está circulando em todas as notícias de fofoca.- ele fala mudando de assunto. Suspiro.
- Sinceramente, cansei. Vou agora mesmo tirar essa merda de gesso. Não quero ficar mais nenhum minuto aqui. - Tento passar por ele que me impede na mesma hora.
- Sabe que não suporto vê-lá aqui, mas a Munique e o Osmar estão soltos.- Oliver avisa.
- Não me importo. Dane-se eles. Te encontrar aqui foi uma consequência. Eu vim sozinha, fiquei sozinha e vou continuar só. Não tenho motivo para ficar sobre o seu teto parecendo que minha vida voltou para anos atrás. - eu disse, desvencilhando meu braço do seu aperto.
- Você sabe que não tem como tirar esse gesso amanhã, Ariella. Seu joelho ainda não está bom, pare de ser teimosa. - ele reclama se aproximando.
- Como se isso te preocupasse. Quero paz, e não estou encontrando isso aqui. - falo, começando a caminhar pelo corredor o deixando para trás.
- Não está encontrando paz? Você tem paz suficiente, a diferença é a nossa relação. - Ele diz se exaltando. Paro de andar e volto a encara-lo.
- É sobre nós dois mesmo que estou falando. A gente só vive se alfinetando não percebe? Parecemos duas crianças, e pelo amor de Deus somos maduros o suficiente. Já sofremos bastante, então tudo o que faço hoje é com intensidade e sem mentiras... Mas você ainda não está pronto para essa conversa pelo visto.- Altero mais a voz.
- Certo! Então vamos ver seu gesso amanhã e se tiver bom você faz o que quiser. - ele sugere com a testa franzida. Dou um sorriso amargo e desfaço no mesmo instante.
- Ótimo! - murmurei desviando o olhar do seu. Eu sei que ele age assim comigo como auto defesa pelo o que eu já fiz. Porque o beijo que demos no terraço não precisa sair da sua boca que ainda sente algo por mim, eu pude sentir.
Ele passa por mim para ir pra sala sem dizer mais nenhuma palavra. Faço o mesmo ficando em silêncio.
Sinto vontade de chorar, sei lá, acho que estou cansada, exausta... Só queria voltar ter a sensação que eu tinha quando estava no Brasil.
- Precisa de ajuda, Senhorita? - Ouço uma voz masculina, e olho para o lado vendo um rapaz vestido com uma farda preta. Deve ser mais um empregado da mansão. Nego com a cabeça com um sorriso amigável. Seguro as muletas e começo a me afastar.
- Mas muito obrigada por perguntar. - eu disse, amigavelmente. Ao invés de entrar no quarto, decido ir para a cozinha onde a Milla disse que prepararia um lanche para mim. Estou com bastante fome. Me aproximo da escada quando escuto vozes vindo da sala. Me encosto no corrimão e sem descer sento no degrau com dificuldade já que não posso dobrar o joelho. Nem era para eu está fazendo tanto esforço assim. O médico me aconselhou um repouso absoluto, porém estou teimando. Noto Breno sentado no sofá da sala com um notebook em mãos ao lado de mais um rapaz. Eles olham alguma coisa que não consigo vê muito bem por causa da distância. Fico curiosa, mas me mantenho em silêncio.
- Não estamos dando certeza de nada, Oliver, apenas suspeitamos que seja ele por causa das pessoas que o rejeitaram.
- E a câmera? Pegaram alguma coisa? - Oliver pergunta.
- Sim. A placa do carro. Vitor está certificando se era o Osmar ou a Munique que dirigia, mas uma coisa podemos afirmar que eles não estão aqui na França. Não tem condições de acontecer. - Breno afirma.
- Osmar e a Munique moram aqui. É uma grande possibilidade. - Oliver rebate.
- Acho que não. Porque os dois devem saber que a polícia vai procurar aqui na França primeiro.
- Ariella acredita que viu a Munique entrando em um condomínio. - Oliver avisa, pensativo.
- É algo que iremos averiguar até porque pode ser que seja ela ou não. Aliás, já que tocou no assunto... O que faz com Ariella? - Breno pergunta, enquanto digita algo no notebook. Franzo a testa por não entender a sua pergunta.
- Isso não vem ao caso. - Oliver rebate, secamente o deixando sem graça.
- Veja bem, antigamente ela foi presa pela assassinato da Karen, depois descobrimos que ela era inocente tanto na morte como no roubo, mas vê-la com o cara que arrombou a vinícola, não parece estranho? Ela teve uma relação com ele, passaram uma boa parte juntos, dormiu na casa dele e... - Percebo Oliver franzir o cenho com a última informação do Breno. Arregalo os olhos, perplexa. Não sabia que estava sendo perseguida. Começo a bater palmas no topo da escada, apoiada na parede. Todos olham para mim, surpresos.
- Parabéns, Detetive Breno. Estava me seguindo para me colocar contra Oliver novamente? - Pergunto, enquanto começo a descer devagar.
- Não foi bem assim. - ele tenta se justificar.
- Não? Está me colocando com uma suspeita. - afirmo , bufando de raiva. Desço os degraus com dificuldade.
- Estou apenas ligando os fatos, não a culpei em nenhum momento. - Ele diz olhando para Oliver que permanece calado.
- E quais seriam esses fatos?Ah... Deixa que eu mesma respondo. Acha que eu ajudei a Munique sair da prisão? Que sei onde Osmar está escondido? Que voltei para me vingar do Oliver de novo? Que ajudei o Felipe arrombar a empresa e que coloquei a porra da substância no vinho? Que tenho participação no assassinato da Mônica e da Karen?
É isso? Que tipo de detetive é você?- grito.
- Está me chamando de quê? - Breno da um passo na minha direção.
- Chega! - disse Oliver, em um grito.
- Você deve saber de muita coisa e não conta a ninguém. - comento.
- Que coisas? Acha que sou o culpado?- Breno pergunta, dando risada.
- Como a Munique saiu da prisão? Pelo que sei ainda é um mistério... As câmeras de segurança? Nenhuma do presídio a capturou fugindo? E o bilhete que encontraram na cela da Munique? Investigaram sobre a caligrafia? Sabe de uma coisa? Me surpreende você não ter nenhuma dessas respostas. - resmungo, com raiva.- Acho melhor você se colocar no seu lugar. Esse é o meu trabalho e não o seu. Se eu tenho respostas ou não acha que eu falaria? Informações precisam ser mantidas em sigilo quando o caso está em aberto. - Breno fala, gesticulando.
- Os suspeitos também, mas pelo visto você adora falar de mim. - murmuro, sorrindo.
- Assunto encerrado. Chega!- Oliver fala, irritado.
- Qualquer informação, avisarei. - disse Breno, se aproximando da porta. E o vejo sair da mansão com um semblante desagradável devido a minha presença. Encaro Oliver chateada e encho meus pulmões de ar para crítica-lo.
- Não quero discutir. - ele avisa, antes que eu inicie.
- Como é que pode? O Detetive acha que sou uma suspeita e você não falou nada. - Exalto-me.
- Não estou com paciência para...
- Não está com paciência para me ouvir, mas teve paciência para ouvir Breno falar de mim. Oliver, você mais do que ninguém sabe do que o eu passei. - eu disse, chateada.
- Não sou defensor de ninguém, Ariella. Ele é um detetive, apenas está mostrando os fatos. - Oliver demonstra irritado.
- Fatos uma porra! Não estou pedindo que seja meu defensor, mas olha o que ele disse de mim. Ainda me seguiu... Que droga! Eu não quero mais ficar aqui. - grito, caminhando em direção a porta apressadamente. Me sinto tão sozinha. Queria tanto que o Nicolas estivesse aqui comigo.
Começo a chorar de raiva ao abrir a porta quando vejo a chuva cair fortemente na rua. Não tenho para onde ir, com quem ficar... Na verdade não sei o que fazer. Dou mais um passo para frente sentindo alguém segurar a minha mão, e olho para trás vendo Oliver com um olhar preocupado.
- Fica aqui. - Ele sussurra, e segura minha mão apertando contra a sua. Fecho os olhos, e nego com a cabeça deixando as lágrimas escorrerem fluentemente pelo meu rosto. Estou cansada disso.
- Não... Eu não aguento mais. Eu perdi o trabalho, meu joelho está com problema, e...
- Esqueça isso tudo por hoje, mas não vai embora. Não vou permitir. - suas mãos seguram o meu rosto.
- É o que você mais quer. - afirmo, lembrando do nosso desentendimento no primeiro andar. Oliver desvia o olhar do meu encarando o céu nublado quando sinto um vento forte passar por nós dois balançando os meus cabelos.
- Me sinto sozinha. - murmuro, me afastando dele. Sento na escada que tem na entrada da sua mansão com uma cobertura em cima impedindo a chuva de me molhar. Deixo a perna com gesso estirada, enquanto a outra a deixo dobrada para servir de apoio para o meu braço. Passo a mão nos olhos fungando e dou mais uma olhada para o céu assustada assim que começa os estalos fortes da trovoada.
- Não precisa se sentir assim. As pessoas que te amam apenas estão distante. - Oliver avisa, sentando no degrau ao meu lado. Uau! Então, quer dizer que ele não me ama? Cada vez mais tenho certeza disso.
- É ruim ter a sensação de está sozinha. - confesso.
- Eu já me acostumei. - Oliver da de ombros, atraindo minha atenção. Ele mexe nos dedos ficando pensativo, e observo sua expressão tristonha.
- Você tem pessoas que te amam também.- seus olhos azuis me olham.
- Só a Camilla. - Dou um sorriso fraco voltando a olhar a rua pensando no que ele acabou de dizer... E eu também, mas óbvio que não falarei isso.
- Não queria ter discutido com você. Me fez sentir muito mau. - Faço uma careta deixando um sorriso escapar. Oliver assente, pensativo e sem hesitar vejo um sorriso brotar da sua boca. Um sorriso mais lindo que já vi. Meu estômago parece embrulhar de nervoso.
- Eu também sentir.- Ele confessa. Fico de boquiaberta sem saber o que dizer. O que esse homem quer fazer comigo? Me deixar louca? Uma hora diz que não sente nada e agora confessa indiretamente que se sentiu mau por ter discutido comigo? O que isso quer dizer? Talvez,eu que esteja misturando as coisas... Não sei.
- Obrigada por me ajudar mesmo não querendo. - eu disse, aos risos. Apoio a cabeça em seu ombro propositalmente, e mantenho os olhos fechados o pegando desprevenido. Oliver recua um pouco, mas não me impede de ficar encostada nele. Tento reprimir uma risada. Permaneço do mesmo jeito sentindo seu cheiro que nunca me permitir esquecer. Eu o amo com todas as minhas forças e o amarei por muito tempo, e isso não posso negar. Sei que amar é fazer o impossível e o possível. É ser tudo na vida de alguém... Eu quero te-lo em minha vida e estou disposta a tentar mais uma vez.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ariella (A proposta) - 2° LIVRO
RomanceO LIVRO SERÁ REVISADO! Autora: Emily Silva Seja Consciente, PLÁGIO É CRIME. Obra registrada na Biblioteca Nacional. SEGUNDO LIVRO DE ARIELLA. # É necessário ler o primeiro livro "Entre Destinos", Ariella enfrenta uma reviravolta após decidir morar...