23| Então essa é a verdade?

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Senti meu corpo pesar e percebi que eu estava acordando. Com esforço, abri lentamente meus olhos, levantando meu tronco e me apoiando na mão direita.

Minha cabeça doía, assim como meu corpo, e meus olhos pareciam estar grudados, de tão difícil que era mantê-los abertos e focados.

Senti uma sensação estranha e percebi que estava em uma cama de solteiro. Olhei para o lado e Yoongi não estava lá.

Voltei a olhar para frente, para entender onde eu estava. Aquele era o meu quarto. A única luz que clareava o ambiente entrava pelas aberturas das persianas na janela.

Fui movendo meus olhos, observando ao meu redor, e comecei a me lembrar dos fatos da noite anterior: a bagunça denunciava a realidade.

O quarto estava uma zona! Folhas jogadas no chão com rabiscos e textos, papéis amassados por todo lugar, o lixo estava virado, a escrivaninha estava cheia de coisas típicas de papelaria amontoadas, a cama estava totalmente torta, e os lençóis e cobertores estavam no chão. Além disso, haviam também garrafas de bebidas vazias ou pela metade jogadas pelo chão e escrivaninha, fora o prato com resto de pizza congelada de caixa.

Vendo cada item que havia ali, fui. levada às lembranças da noite anterior.

Havia 3 dias que me isolei do mundo. Não queria mais nada. Sobrevivia de comida congelada e bebidas alcoólicas, tentativas em vão de conseguir esquecer os problemas e ficar feliz, mesmo que por pouco tempo.

Na verdade, nem comer eu queria, mas uma vez que olhava para as caixas de pizza congeladas desistia da abstinência. E além disso, eu não podia simplesmente morrer de fome. Por mais que não comesse muito, não resistia a pelo menos uma refeição ao dia.

A garota "inocente e pura", que não bebia nem uma gota de álcool, perdeu-se nas garrafas de whisky e vodka, trazendo o mal estar.

A raiva, o estresse, o desespero e a depressão haviam lhe trazido a destruição. Seu quarto estava destruído pela bagunça, seu corpo estava destruído pelo álcool e falta de cuidados, e seu coração estava destruído pela tristeza.

O emprego? Havia desaparecido, sem dar satisfações, e não voltou ao local, tampouco atendido à ligações ou respondido emails.

Não se importava mais. Nunca esteve satisfeita com o trabalho que exercia, escolhido às pressas, na época de vestibular, simplesmente, porque não haviam mais opções que lhe garantissem uma vida fixa: salário mensal fixo, mercado de trabalho fácil de encontrar, aprovação dos outros.

Provavelmente, já estava na rua.

A garota que dependia da internet, sempre conectada, sabendo das atualidades, desligou-se totalmente das redes sociais, jornais, notícias, TV. Mudou todas as suas fotos, algumas com significados, outras, somente uma tela preta. No lugar de seu nome colocou pontos ou símbolos.

A esperança de que seus amigos notassem a situação e a ajudassem, ao menos perguntando se ela estava bem, havia morrido.

Que amigos? Os que achava que tinha, abandonaram-a, sem mais nem menos, sem justificativa alguma, sem explicar qualquer coisa, e seguiram em frente. Mudaram. Encontraram outras pessoas. Fariam, com os novos encarregados, o mesmo que fizeram com ela?

Os pais? Ela não dava sinais de vida desde então. Talvez estivessem preocupados. A culpa era um sentimento que a tomava por causa disso, mas, quando um coração é estraçalhado, a recuperação é árdua.

E, além do mais, eles nunca realmente perceberam seus problemas, suas dificuldades, suas incertezas. Deviam estar achando que estava tudo bem.

Obviamente, ela não namorava. Não tinha crush, não conseguia acreditar em ninguém e via defeito em todos.

RUN ♡ myg [em revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora