Capítulo IX

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"Aos meus olhos, com glória, George Ward, barão de Liverpool

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"Aos meus olhos, com glória, George Ward, barão de Liverpool."


Então minha querida e doce Victoria continua a sonhar e, sobretudo, encantasse com essa vertigem que são os contos de fadas. Querido é amável diário ou quão lindo são suas páginas das quais o leve toque amarelado são uma, sutil pincelada do tempo que aos poucos corrói vossa tímida existência. Sinceramente suas palavras, querida esposa, causam me nojo e me pergunto como pode a mesma ter conquistado o coração de um duque, em verdade, tanto vós como meu inestimável primo foram feitos um para outro, visto que, ambos exalam o ridículo aroma do amor.

Aquele decrepito velho a quem chamam de Gonçalo Ferreira, pai da sofrida e amada duquesa deixou esse mundo ainda tardiamente e jamais negarei que o mofo cobria sua pele e de modo algum sinto arrependimento e se pudesse o mataria, melhor, queimaria novamente e vosso fedor transborda incenso para minhas narinas. Me julguem, me odeiem, me condenem, porém, nunca afirmem que sou hipócrita, pois com lástima desse título não sou merecedor.

A vida é como um grande jardim e no meio dessa fortaleza sobressai um galante labirinto, muitas são suas entradas, entretanto, a saída é arrebatadora e muitas vezes te leva a lugar nenhum, contudo, as tentações serão inúmeras, mas uma flor que resiste a árduo rigor do inverno é digna de ser posta entre as orelhas da divina princesa que junto de vosso frescor o levara ao paraíso. Outrora, eu sou o jardineiro, e sendo assim me qualifico como ceifeiro que dará jus a vossa nobre ou não tanto assim a medíocre vida que tens em suas mãos.

A erva que cresce nesse campo é danosa, suas terras lembram um mar de inúmeros demônios, essa gente me enoja e de Victoria almejo vosso brilho, vosso ouro, vosso açúcar, vossa glória e morrer será seu destino, assim está escrito, assim ousou ordenar o destino.

— Está tudo ao meu gosto? — Indaguei a bela negra que me seduz como uma fera no cio.

— Sim, caro barão. — Confirmou a negra Joana inundada em pecado e tamanha beleza.

— Ouça com muita atenção, negrinha! — Segurei seu rosto como quem doma uma égua e da mesma o medo profanou aos céus e tão cegamente ela me excitou. — Se falhares, juro que a morte mesma desejara, contudo, não alcançará.

— Tenha paciência, Sr. George, pois a srta. Aurora acompanha a duquesa, não há como haver erros. — Garantiu a negra toda tremula como se o terror da noite abraçasse vossa alma.

Aurora Ferreira, uma bela dama e futura Sra. Franco, deveras seu sucesso depende de minha glória, pois sem esse louco barão essa mulher, esse filhote, aprendiz de cascavel chegara a lugar nenhum. Uma pequena caixa lilás a víbora do Egito entregou a Victoria, seu conteúdo rompia o ar e levemente saboreei o doce do chocolate que adormecia sobre aquele vulgo presente entregue nas mãos da duquesa.

— Afasta-se, Sr. barão! — Com um leve tapa Aurora impediu-me de quitar um desses fantásticos bombons. — Eles foram feitos para a duquesa e acabaram de chegar da Suíça, meu caro George. Então: retire suas abomináveis mãos desses chocolates. — Frisou a falsa Aurora.

Ela perde o prazer de conquistar o mundo, afinal, o teatro combina com Aurora e admito ela me convenceu.

— Com vossa licença, querida prima. — Enfatizou a dama de satanás. — Aprecie esse elixir dos deuses, eles simbolizam meu agradecimento por ter-me salvo daquele infeliz naufrágio.

— Aprecie comigo, — Sugeriu Victoria — junte se a nós.

— Obrigada! — Sorrira a peste do apocalipse. — Necessito de ar puro, recomendo que dívida essa delicia com o barão. — Informou Aurora logo se retirando.

Aquele olhar de compaixão quase me comovia e se não conhece a mulher a qual tenho como esposa, render-me-ia aos seus pés. Entretanto, jamais irei fraquejar a sua ternura e nem mesmo seus belos olhos cor-de-mel iram fazer-me mudar minha fiel sentença. Victoria está condenada e o exílio será a morte, pois remédio não há para tamanha ferida.

— Permite? — Roubaria um bombom, mas creio que Victoria não deseja repartir.

— Eles não lhe pertencem, caro marido. — Disse Victoria transbordada em orgulho.

— Necessito ar puro e lamento não encontrar nessas paredes. — Respondeu à duquesa de Madrid.

— Como vossa graça desejar.

— A mata pode ser perigosa — Gritei.

— O barão insinua algo? — Questionou-me a mesma mirando seu quente olhar sobre meu gélido coração, deveras assim me senti pela primeira vez em muitos anos.

 Tempo é uma virtude e apreciar esse momento requer certa paciência e, no momento, a duquesa compartilha suas intimidades com a baleia do mediterrâneo, a simpática Germana dona de uma única e admirável beleza que os cegos ousaram resistir devido ao tamanho de vossa grandeza.

— Beba comigo, Sr. George.

Aurora! Acreditei que essa mulher estivesse longe, porventura enganei-me e agora o contemplo sentada sobre a mesa da biblioteca tendo uma garrafa de conhaque sobre suas mãos.

O cabelo quase preso, um louro admirado de longe tendo pequenos fios soltos sobre as orelhas. Não me engana, outros homens sim, mas esse olhar de piedade converte-se em fraqueza, lábios tão macios como algodão, doce, igualmente ao doce e puro dos doces, beijar é uma ordem, recusar, um tremendo pecado da qual não estou disposto a cometer. Esse vestido com ganas arranquei, e o par de seios o brilho de meus olhos conquistou, abandonar esse deleite não faz parte do roteiro, ingerir esse licor é um desejo, é um prazer, de fato, Aurora é o melhor dos vinhos se a mesma assim se comparasse, tão quente e eficaz que o vinho do Porto é vinagre se comparado a vós.

Querido diário esse tinteiro que molha suas páginas edita a verdade que sua dona teima em relatar. Naquela manhã me banhei nas águas da paixão, a demora de Victoria e Germana me preocuparam e quando anoite nos céus denunciou sua chegada o pior pressenti, mas na companhia de Modesto, Tião e dos homens do Coronel Barbosa a vossa procura varremos os campos que circundam esse paraíso. Alegremente as encontramos, não tão bem, lamento, Germana, todavia amarrada, e a pobre, e indefesa duquesa prostrada ao chão, redimindo-se. O último suspiro era inevitável, a duquesa morreria, visto que, de vossa perfeita boca uma amada quantidade de sangue manchava seu lindo vestido.

Me comoveste, chorei e diante do padre sua morte encomendamos e prometo que os responsáveis serão castigados. Querido e amado diário o lugar onde minha esposa derrama suas queixas e da qual hoje o último capítulo é descrito por esse homem que tanto lhe ama.

 Querido e amado diário o lugar onde minha esposa derrama suas queixas e da qual hoje o último capítulo é descrito por esse homem que tanto lhe ama

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Açúcar: Um Amor Real/ Livro 1 da série Açúcar.Onde histórias criam vida. Descubra agora