Epílogo

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 É chegada a minha hora

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É chegada a minha hora...

Abro meu coração e redijo esses pensamentos, talvez meu fim esteja próximo ou talvez seja uma infinita e doce loucura. Na verdade, a tristeza já circula em meu triste e calejado coração e gostaria de voltar no tempo e reescrever a história da minha vida, contudo, aceito esse final e futuramente possa em outra vida ser grata com um novo final e nesse, assim, seja calorosamente feliz.

No momento tenho que aceitar o que sempre soube, George Ward, o senhor meu marido jamais demostrou sinal de compaixão, entendo e acredito que o destino não nós favoreceu e tragicamente nos conhecemos através da fúria e da morte.

Que essa menina que vós narra e divide convosco esses míseros pensamentos não foi nem uma santa, é verdade, para inocente a Srta. Victoria não serve e outrora até mereceu tal castigo, embora, entre traições e paixões o castigo perfeito seja a morte.

E, nesse curto e breve intervalo entrego meu amor e abraço com bravura o que o destino me reservou.

— Victoria! Victoria! Victoria! — Aquele bravo e simpático príncipe clamava e respirava minha morte.

Como ousei e como logrei ser tão corajosa? Hilário! Porém, ver que o calor brincava de ficar e fugir com o frio fazia-me uma mulher frágil e, tragicamente uma criança, enfim, era o perfeito regalo dessa turbulenta combinação.

Quanto tiros o bárbaro e demente Miguel disparou pouco me importa, eu sei, eram todos para Pedro, mas essa garota decidiu ser seu escudo, no fim, tudo que tive na vida não fizera sentindo algum até aquele momento, pois, somente naquele exato segundo soube qual era o verdadeiro proposito de minha existência.

Eu dei e não me arrependo e aos poucos a vida surripiava de meu corpo e quando caia ao chão uma imensa paz que tanto procurei, logo, conquistava.

— Socorro! Essa mulher precisa viver, ela não pode e não deve morrer. — A voz era de Pedro. Ora! Por favor, deixe-me morrer e assim a paz que tanto almejo conquistar.

A morte me visitava e aproveitava para zombar de minha trágica falta de sorte e presentear-me com a partida de Aurora. Vosmecê está brincando, nem mesmo a beira de partir contigo encontro descanso!

Pobre Aurora buscou tanto a felicidade e da mesma maneira como a mim não encontrou, teve fortuna e tudo que o dinheiro proporcionou, mas igualmente como eu não teve felicidade.

O bilhete conquistado por Aurora viera através de um drink envenenado, o famoso brinde estava predestinado a sua rival Isabel, entretanto, a cobra provou do próprio castigo e com mau colheu mil vezes mau.

Os olhos abri e o gosto amargo de sangue tomava conta de meu paladar, claro, estava morrendo e tinha como companhia a princesa e o choro do príncipe a cabeceira da velha cama de carvalho, sem forças assenti que a agonia da partida me atormentaria por um bom e longo bocado de horas.

— Vosmecê é uma heroína e graças a vos estou vivo. — Declarou o príncipe com olhos inundados de intensas lágrimas. — Estou completamente apaixonado por vos.

Gostaria de rir com suas palavras, mas forças me faltavam e sorrir roubava-me um grande punhado de vida.

— Eu, eu, eu, eu, eu...

As palavras sumiam, elas desapareciam e dolorosamente tudo se apagava. Estou partindo e dessa vida levo comigo somente boas lembranças, foram poucas, mas foram as melhores que vivi e alegro em levar essa em especial.

— Por favor, não desista! Lute por sua vida! — Suplicou tendo o calor de sua mão agarrando minhas gélidas e ensanguentada mãos. Todavia, é chegada a minha hora e lamento, mas negarei vosso real pedido.

— Não me abandone. — As palavras soaram como música e não entendo como tive força para proferir tamanha súplica.

— Jamais! Estamos aqui e deste lugar não sairemos. — Confessou a princesa. — Não é verdade, Pedro? — Perguntou e tão logo segurou na mão de seu marido que se prostrava em lágrimas a beira de meu leito de morte.

A vida é como um teatro e nós somos os protagonistas e infelizmente saímos de cena quando o roteirista ordena, enfim, espero que ele venha e aqueça esse magoado e atrevido coração.

— Vosmecê! — Com pausas profanei e avistei aquele que um dia arrebatou meu coração.

Meus olhos brilharam e senti que minha alma em seus olhos, paz definitivamente encontrava.

— Vosmecê é meu grande amor. Por acaso esqueceste? — Indagou Benjamim — Só não compreendo como podes ser tão boba e louca de se jogar na frente de um disparo do covarde Miguel.

— Fora por amor. — Disse pausadamente — E, por amor, faria tudo de novo.

Minhas palavras o magoaram, porém, Benjamim foi um grande e tórrido perfeito amor, mas no presente meu coração pertence a um aventureiro da paixão e orgulhoso em sua fama, Pedro é meu presente e no futuro a morte me entrego sem arrependimento.

— Não discuta, Sr. Benjamim, apenas atreva-se me presentear com sua alegre companhia. — Fora um pedido e não uma ordem.

Os olhos fechei e a tranquilidade varreu meu espírito, e logo, caminhei por lugares desconhecidos, contudo maravilhosos. Sim! Naquela mesma noite em que uma fina garoa regava o solo, eu, já não passava de pó e ao pó retornei e na história de um velho livro empoeirado minha vida fora novamente contada. E, para os mortais: Victoria Ward Alarcon nomeada por sua majestade o rei Dom João VI jaz marquesa do Rio de Janeiro.

 E, para os mortais: Victoria Ward Alarcon nomeada por sua majestade o rei Dom João VI jaz marquesa do Rio de Janeiro

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Açúcar: Um Amor Real/ Livro 1 da série Açúcar.Onde histórias criam vida. Descubra agora