Capítulo XIV

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Ele está morto! Seu choro não ecoou, seu sorriso o mundo não conheceu, bem como, esses lindos olhos que jamais tive o prazer de conhecer, enfim louca vingança dessa ingrata morte, deveras me deixou e levou meu filho para junto de seu colo.

— Como me encontrou, titia?

— A senhora esconde-se bem — Adiantou-se — fora difícil, todavia a encontrei. — Orgulhou-se com a façanha.

— Chegaste em uma péssima hora! — Afastei-me — Com sua licença, dona Alberta. — Deixei e assenti que a mesma desejava dizer algo de grande importância, mas meu filho nasceu morto e não havia razão para fofocar com essa senhora e como me encontrou já não me interessa.

— Escute, querida — Contestou essa senhora trajada em sua roupa de luto — Um minuto de vossa atenção. — Implorou e logo estendeu a poltrona para que me assentasse e por consequente a escutasse.

— Não deveria estar de luto, minha tia. — Admito que fora rude — Ele era um bastardo e fruto de um adultério.

— Que nosso senhor lhe perdoe. — Uma voz distante revelou-se na sala que se iluminava pelas frias luzes de vela. — Eu a perdoei, — Disse orgulhoso — Vossa graça deveria tentar. — Sugeriu o cavalheiro vestido elegantemente, porém coberto com uma capa negra de veludo, ainda sim, desconhecido.

— Quem adentra em minha casa sem minha permissão, Timóteo? — Interroguei furiosa — Quem manda nessa casa? — Temo ter sido rude com o pobre jovem — Esqueceste que és meu escravo?

— Perdão, Vossa Graça! — Timóteo respondera cheio de medo — Juro que não foi minha intenção, magoá-la — Ele gaguejava — Todavia foram ordens... — Ele não pode finalizar, pois minha tia o defendeu.

— Eu permiti a entrada desse senhor. — Finalizou convicta de estar fazendo uma boa obra. — Está na hora de despir dessa raiva, Victoria. — Alertou a Sra. Aberta em meio as suas frágeis ironias.

— A senhora teve a audácia de deixar o Rio de Janeiro vir a Santos me perturbar com vossa santa e índole moral, dona Alberta? — Juro que perdi a paciência — Retire-se de minha casa e junte leve seu mascarado convidado. — Pedi em meio a muitos gritos de minha parte nada amorosa.

— Victoria Ferreira Alarcon. — O dito homem da capa negra revelou-se e surpreendeu-me, creio que a surpresa fora maior para mim do que para ele.

— Benjamim! — Respondi em meio a risos e lágrimas, querido diário ele está vivo e me encanta saber que o tempo fora bondoso com o mesmo. — Então era vós o homem de meus lamentos.

— Querida filha vós deveis a vida a esse bondoso cavalheiro. — Apresentou-se a Sra. Alberta.

Não entendo e muito menos compreendo porque ele está vivo, todavia refinado e provido de riqueza e como imagino deve estar alforriado há muitos anos, pois a glória da riqueza se pinta sobre seu novo modo de respirar. Benjamim é outro homem, diferente daquele homem, menino, que juntos adentramos no quilombo, bem o oposto do garoto medroso e cheio de sonhos que era caçado como uma fera pelo bárbaro senhor meu marido, George Ward.

Açúcar: Um Amor Real/ Livro 1 da série Açúcar.Onde histórias criam vida. Descubra agora