Passadas duas semanas, a segunda exposição chegava ao fim e Lily saiu da galeria um pouco mais cedo para fazer as malas e organizar suas coisas para voltar a Nova Iorque no dia seguinte. Embora fosse viajar no fim da tarde, quis se adiantar porque não tinha arrumado sequer a bagagem de mão.
Zac só se deu conta depois de algum tempo, quando precisou falar com um cliente e não a encontrava de jeito nenhum para ajudá-lo com o francês. Justamente esse último cliente tinha uma proposta a fazer. O problema de comunicação foi resolvido com a ajuda de uma das funcionárias da galeria.
Ele voltou para o apartamento tão animado para contar as novidades que acabou esquecendo que aquela seria a última noite deles dois juntos. Entrou no apartamento empolgado dizendo:
— Lily! Lily!
— No quarto, Zac. — ela gritou.
Na mesma hora, parecia ter levado um banho de água fria. Parou na porta e lembrou.
— Ah, esqueci que você vai embora amanhã...
— Sim. — Achou adorável sua reação. — Vou amanhã à tarde. Topa sair hoje?
— Claro. Vou onde você escolher e te conto o que aconteceu lá na galeria.
Eles saíram para jantar, mas não demoraram muito. Os dois estavam bastante cansados após aquelas semanas de trabalho.
De volta ao apartamento, Zac aproveitou o momento no elevador para falar:
— Então, depois do convite de hoje, vou precisar ficar pelo menos mais um mês por aqui. Você volta?
— Posso tentar. Você sabe, não consigo ficar tanto tempo fora enquanto minha mãe não está lá para cuidar da galeria.
Sem falar nada, ele se aproximou, abriu os braços e a abraçou. Lily só queria ficar ali, rindo sozinha sem que ele visse e sentindo seu perfume no casaco. O momento foi interrompido pelo plin do elevador. Mas ele não queria largar, seguiu pelo corredor de mãos dadas. Quando Lily abriu a porta, ele tratou de fechá-la e a encostou na parede, fazendo o coração disparar..
— Lily, eu acho que você sabe o que está acontecendo entre a gente. Eu não tenho estado em um relacionamento há muito tempo e não quero te pressionar, mas... não sei, acho que a gente não deveria perder isso. Desculpa falar essas coisas antes de você ir embora.
Lily ficou sem palavras parada ali, tendo a passagem bloqueada pelo seu braço. Apenas abaixou a cabeça e riu.
— Você não vai parar, né?! — ela disse, desviando o olhar dele.
— Você quer que eu pare? — ela não conseguiu responder.
Então ele pôs as mãos em volta de seu rosto e a beijou. Não tinha cabimento que ela recusasse, afinal era o que ela mais pensava nos últimos meses. Entregou-se naqueles segundos e quando se deu conta, ao abrir os olhos, estava com as mãos sobre o peito dele, saindo de um transe e riram um para o outro.
— Eu odeio você! — disse sorrindo, empurrando-o de leve no ombro, fazendo se afastar um pouco dela.
— Por quê? — Ele a seguiu em direção à sala.
— Faz ideia de como vou me sentir deixando você aqui depois de me contar isso... Você é um cara bem difícil de ler.
— O fato de você ir embora me fez entender que precisava falar porque não queria te perder. Vai que você volta pra Nova Iorque e conhece um riquinho por lá. Essa é pode ser minha única chance. — ele falou, fazendo-se de vítima.
— Para! Eu não gosto desse tipo. Pra falar a verdade, eu demorei a me posicionar sobre isso com a minha mãe. Ela estava sempre querendo me arranjar com alguém, só que os caras eram tão bestinhas que eu não conseguia conversar mais do que cinco minutos. Sempre era filho de alguém importante na cidade, com muita grana, graduado nas melhores universidades e tal.
— E eu sou só isso aqui. — disse ele.
— Zac, sério. Você precisa trabalhar isso na sua cabeça. Você é um dos caras mais brilhantes e talentosos que eu já conheci. Se me interesso por você, é pelo que tem aqui e aqui. — ela falou colocando o dedo na cabeça e no peito dele.
— Duvido. Você está falando isso pra me agradar.
— Está bem! Eu não vou passar a noite aqui te elogiando. — ela disse tirando os sapatos, sentada no sofá.
— Eu estava pronto pra ouvir. Que droga! — disse ele, passando um braço em volta dela.
— Eu ainda não te perdoei por ter bancado o durão. Você está invadindo meu espaço pessoal. — Tentou fugir do beijo e não conseguiu.
O tempo passou e eles não perceberam de tão envolvidos que estavam. Lily se deu conta que não conseguiria passar muito tempo sem que aqueles beijos evoluíssem para algo mais.
— Zac, acho que a gente devia parar por aqui. Eu já fiz isso antes e... Não sei, tenho medo de estragar tudo.
Ele não disse nada, só continuou olhando para ela sem saber esconder como ficou desapontado. Não que quisesse tirar proveito da situação, mas queria deixar rolar e não esperava esse freio.
Lily levantou e foi em direção ao quarto, deixando o rapaz desamparado no sofá. Ao fechar a porta, ajeitou o cabelo atrás da orelha, parecendo hesitante e disse:
— Quer saber? Que se dane!
E voltou para o sofá, jogando-se em cima dele para se perder nos beijos. Ao acordar no meio da madrugada, ainda deitada no sofá com o braço dele por cima dela, olhou para as roupas no chão e riu para si mesma sabendo que não ia se arrepender de nada que tinha acontecido ali, nem por nenhum minuto.
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Worlds apart
FanfictionLily é uma moça que tinha tudo pra ser mimada. Filha única em uma família rica, ao invés de se encantar com os benefícios de uma vida privilegiada, pegou a mochila e foi conhecer o mundo e admirar as artes à sua maneira. Assim conheceu Zachary, um s...