7. Mais perto

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Ao acordar de manhã, Lily mal acreditava que tinha passado uma noite tão incrível e que finalmente estava com seu amado. Seu telefone vibrou ao lado da mesa de cabeceira, interrompendo a recente lembrança.

— Onde a senhorita está, Dona Lily? Liguei para o hotel em Dubai e me disseram que já tinha feito checkout... há uma semana!

— Mãe? — perguntou Lily só para ganhar tempo e pensar em uma resposta melhor.

— Sim, mocinha. Aonde você está? — disse brava.

— Eu precisava vir pra Paris ajudar o Zac com algumas coisas. — Talvez a desculpa colasse. Quem sabe?

— Zac? Até quando você vai ficar de babá desse rapaz? Você não acha que está na hora de deixá-lo encontrar seu caminho sozinho?

Enquanto Margot falava do outro lado da linha, Lily revirava os olhos, mas não se atrevia a rebater.

— Certo, mãe. Só mais alguns dias e eu estarei de volta. — Tentando ser paciente.

— Lily, você está dormindo com esse rapaz? Isso é muito inadequado, eu espero que você tenha consciência.

— Mãe, por favor. Eu já sou adulta e não moro mais debaixo do seu teto. Pode parar de me tratar como criança e ficar despreocupada. — Lily disse.

— O que eu vou dizer da minha filha? Que se envolveu com um artista de feira? Não me envergonhe!

— Mãe, chega! Não vou discutir isso com você. Conversamos quando eu voltar pra casa. — Desligou o telefone sem esperar que Margot se despedisse.

Com a agitação, Zac acordou e ouviu parte da conversa.

— Tudo bem? — Zac perguntou com voz anasalada de quem acabara de acordar.

Lily suspirou e respondeu:

— Sim, era minha mãe querendo mandar na minha vida, como sempre. Ela age como se eu ainda tivesse onze anos. Ter saído de casa não foi suficiente para ela entender que eu cresci e tenho minha vida agora.

Ele a abraçou, encostando a cabeça no peito dela, como se fosse voltar a dormir.

— Tão bom ter você aqui. — ele disse.

Lily estava tão contrariada com a ligação de sua mãe que ainda tinha a mente distante. Fez carinho no cabelo dele, pensando em como poderia se livrar daquelas cobranças o tempo inteiro. Começou a achar que voltar a sumir no mundo com a mochila nas costas não seria nada mal.

— Está com fome? Vamos naquele café que você gosta? — Ele tentou chamar sua atenção.

— Vamos. — Levantou-se da cama para se aprontar.

—Preciso conversar algo com você... Mas falamos no caminho, tudo bem? — ele disse enquanto terminava de prender o cabelo e catava a calça jeans no chão.

Lily estava não estava disposta a falar muito a caminho do café e Zac foi contando quase tudo o que tinha acontecido no período que ela esteve ausente. Depois que fizeram o pedido, Zac mais uma vez perguntou:

— Lily, está tudo bem? Eu preciso te contar algo, mas parece que você não está me ouvindo.

Ela acordou do transe que estava até então.

— Desculpa... mil desculpas! Ai, estou muito contrariada. Minha mãe consegue me tirar do sério. Por favor, me conte. Estou ouvindo. — Colocou o café sobre a mesa para dar total atenção.

Ele respirou fundo e procurou contar com serenidade o motivo de estar tenso por semanas.

— Vou precisar ficar aqui por mais tempo. Estou tendo a oportunidade de estudar e aprimorar o que já sei fazer, os convites não param de surgir e eu não gostaria perder essa chance.

Lily assentia lentamente com a cabeça ainda processando a informação.

— Ok... isso é muito bom pra você... — disse Lily pensando no desdobramento que aquela novidade teria.

— É bom pra mim, mas e a gente? — ele perguntou esperando que ela falasse sobre eles.

— Zac... olha, de verdade eu acho que você não pode deixar essa oportunidade passar. Eu vim aqui inicialmente para ajudar nos primeiros passos e agora você já consegue seguir sem minha ajuda. Mas não vou negar que voltei para ver você, porque gosto do que está acontecendo entre a gente. Não sei o que dizer sobre isso.

— Não conseguiríamos nos ver com tanta frequência. — ele disse.

— Ou talvez passássemos a nos ver todos os dias — Ela sorriu, mas Zac não acompanhou o raciocínio.

— Como assim? O que você quer dizer? — perguntou ele.

— Eu sei que é cedo, mas acho que a gente tem que refletir sobre o que queremos pra nós, nem que seja pelo momento. Eu amo meu trabalho, só não amo trabalhar naquela galeria com minha mãe. Há algum tempo estou considerando sair de Nova Iorque. — Lily contou.

— Então, espera. Você viria morar comigo? — perguntou surpreso e preocupado com o salto que eles dariam no namoro recém começado. Ninguém mais sabia sobre o relacionamento, nem eles mesmos tinham falado isso em voz alta.

Há um ano, eles nem se conheciam e agora estavam com receio de assumir um compromisso. Teriam de enfrentar o preconceito da família de Lily com a posição social de Zac, principalmente da mãe. Nos planos de Margot, sua filha não se casaria com qualquer um, imagine com uma artista que vendia quadros na rua.

— Acho não precisamos correr. Estamos nos conhecendo. É bom que cada um tenha seu cantinho. Vamos tentar fazer tudo devagar. — Lily tranquilizou Zac. Na verdade, ela se surpreendia com o que saia da sua boca, pois não havia planejado, tinha apenas em mente a recente vontade de sair de Nova Iorque.

— E qual o seu plano? — perguntou Zac.

— Eu não tenho um plano! Estou tentando organizar as ideias, mas antes de mais nada: Zac, quer namorar comigo?

Os dois caíram na risada. Lily não queria perder a oportunidade

***

Chegando no apartamento, Lily pendurou o casaco e jogou a bolsa no sofá, tirando as botas. O sorriso não saia do rosto, mesmo que o coração estivesse pesado pelo enfrentamento que teria com sua mãe. Ela sabia que não seria fácil!

— Que dia louco. Em poucas horas, o rumo da vida muda completamente. — ela disse.

— Mas eu ainda não respondi.

Ela se virou e jogou a bota na direção dele.

— Deixa de ser bobo! — ela falou.

— Você sabe que quero ficar com você.

— Vou começar a ver apartamentos por aqui antes de voltar pra casa. Quando vier da próxima vez, já vou para o meu cantinho.

Os dois passaram o resto do dia na cama assistindo filme, namorando e fazendo planos sobre a vinda de Lily pra Paris.

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