Nova Iorque, 15 de janeiro de 2017
Após retornar de férias com a família na Noruega, Margot, uma senhora elegante por volta de seus 50 anos estava decidida a fazer sua única filha Lily envolver-se nas atividades da galeria de arte da família, localizada desde a década de 60 na Quinta Avenida. Margot havia descoberto diversos artistas independentes de Nova Iorque. Todos talentosos, mas que precisavam da ajuda de alguém com conhecimento no mundo das artes para promover o trabalho e levar suas obras às principais galerias do mundo. Margot sempre foi encorajada a incentivar o estudo e a apreciação das artes, por influência de seu pai, que havia sido embaixador da Noruega nos EUA por muitos anos. Assim que chegou ao país, a família Rasmussen encontrou na cidade o cenário perfeito para explorar a liberdade de expressão e não apenas admirar, mas também estimular a criação de novas obras. Em 1979, a jovem Margot mudou-se para Londres a fim de estudar na Royal Academy of Arts, também conhecida como Academia Real Inglesa, logo retornou à família que vivia há alguns anos na América, para usar o conhecimento recém-adquirido no exterior e contentamento de seu pai, passando a administrar a galeria.
Com Lily, Margot empenhou-se em dar a melhor formação e boas maneiras. Embora a mãe fosse extremamente refinada e elegante, também era difícil de lidar e um tanto arrogante, enquanto a filha era naturalmente mais gentil e educada e menos esnobe. Ao longo da vida, Margot frequentou somente lugares sofisticados e compromissos com a alta sociedade, devido às relações que seu pai mantinha em decorrência do trabalho. Lily desfrutava de todos os benefícios de uma família rica, mas desde o início da adolescência quis se aventurar em viagens menos glamourosas. Ao invés de ir à Paris nas férias, a menina queria visitar locais como Tailândia, Bolívia e Vietnã, completamente fora do circuito que seus pais haviam planejado. Eles tentaram segurá-la por um tempo, mas assim que Lily terminou a faculdade, saiu de casa para conhecer os países que queria levando somente uma mochila e muita ousadia.
Aos 27 anos, Lily voltou para Nova Iorque e pareceu ter sossegado, se interessar pelas atividades da galeria. Sua mãe queria que participasse mais ativamente da administração do negócio e cuidasse do relacionamento com patrocinadores, marchands e apreciadores de arte para continuar financiando artistas que tinham suas obras expostas na galeria. Isso deixou Margot quase satisfeita, não fosse pelo fato que Lily tinha começado a procurar apartamentos na cidade para morar sozinha. Aos olhos da mãe, não havia necessidade, já que a menina tinha tudo o que precisava, inclusive muitas mordomias que rejeitava. Diversas vezes dispensou o motorista para atravessar a cidade de metrô. Tudo o que Lily queria era resgatar um pouco daquela liberdade de quando viajara pelo mundo sozinha e livrar-se da imagem de menina mimada que poderiam ter.
No retorno das férias com a família, Lily tinha todos os seus pertences ainda empacotados no novo apartamento. A tarefa principal que tinha em mente para aquela semana de retorno ao trabalho, e que sua mãe ainda não sabia, era de selecionar novos pintores para expor seus trabalhos na galeria. O conceito para a mostra que aconteceria no mês seguinte era uma espécie de metalinguagem, onde a arte demonstrada teria de retratar outras artes: música, teatro, cinema, etc.
Numa manhã de domingo, Lily acordou inspirada para procurar itens antigos para decorar seu apartamento em um mercado de pulgas que acontecia sempre aos finais de semana em Manhattan, conhecido como Hell's Kitchen Flea Market. Fazia 4 graus naquela manhã e, mais que habituada ao tempo frio de Nova Iorque, Lily não exagerava nos agasalhos, principalmente porque estava empolgada com as compras para o seu cantinho. Sabendo que passaria boa parte da manhã andando para cima e para baixo pela feira, vestiu apenas uma calça combinando com a blusa listrada que ninguém veria por dentro de seu casaco verde militar e um cachecol xadrez. Abriu a mala que estava abandonada na sala desde o dia que chegou de viagem para resgatar o par de botas mais confortável que tinha. Seu novo corte de cabelo, agora mais curto, tornou sua rotina diária extremamente mais prática para se arrumar. Não era adepta da maquiagem elaborada e se limitava a usar filtro solar, blush, rímel e gloss, já que tinha pele perfeita e sardas que davam impressão de ser ainda mais jovem.
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Worlds apart
Hayran KurguLily é uma moça que tinha tudo pra ser mimada. Filha única em uma família rica, ao invés de se encantar com os benefícios de uma vida privilegiada, pegou a mochila e foi conhecer o mundo e admirar as artes à sua maneira. Assim conheceu Zachary, um s...