Na ida para casa, Estelar ficou maravilhada com a Torre T. Eram tantas coisas que a mesma fornecia que ela ficava toda eufórica.
- Nossa! Todos os terráqueos têm todas essas coisas?
- Na verdade, não. Como heróis, precisamos ter todas essas coisas. - Riu Ciborgue.
- É fabuloso! - Sorriu a estrangeira.
- Então, você era uma Princesa no seu planeta? - Ravena resolveu começar a puxar papo também e isso deixou a novata muito feliz.
- Sim! Mas eu acho que agora não precisa de tanta cerimônia comigo. Aqui sou normal. Ou quase. - Estelar disse, com um jeito todo meigo de ser.
- Fascinante. - Disse Ciborgue.
- Muito maneiro mesmo! - Mutano empolgou-se e queria saber mais.
- Creio que isso é um elogio. - A ruiva olhou para Mutano e sorriu. O verde assentiu com a cabeça.
Robin continuava desconfiado quanto à novata estrangeira e começou a examiná-la. Tomou um gole de café quente e levou a mão ao queixo, deixando os pensamentos correrem soltos.
- Estelar. - Chamou o líder.
- Sim?
- Vem comigo. Vamos fazer uns testes.
Sem hesitar, ela foi atrás. Porém, estava com medo que fosse algo que pudesse machucá-la. Mas podia não ser, já que esses terráqueos pareciam tão gentis.
Robin disse para ela deitar numa cama (não era bem uma cama, era um balcão que Ciborgue constrói coisas)e ficar quieta. A mesma assentiu, ainda confusa. Mas não queria perguntar nada.
- Por favor, isso vai doer? - Ela se deixou levar pelo medo. Robin e Ciborgue se olharam e depois olharam para ela.
- Não. Só vamos examinar você para ver se não é nenhum tipo de monstro. - Explicou o líder.
- Pra que desconfiar de mim? Eu não sou um monstro!
- É o que todos dizem. - Bufou o líder.
- Você pode ser meiguinha por fora. Mas vamos ver seu interior. - Disse Ciborgue, preparando o analisador.
- Vocês não entendem...
- Silêncio! Quem é que manda aqui? - Robin bateu na outra mesa, com raiva e chegou perto dela, muito bravo.
- V-você... Sinto muito.
- Vê se não me tira do sério. Estou avisando! - Robin disse, olhando para o chão, enquanto Ciborgue chegou perto dela para cochichar algo.
- Acredite: É bem fácil tirá-lo do sério.
- O que disse, sua lata de sardinha? - Robin ouviu mais ou menos e não gostou nada.
- Falei nada, chefia. - Riu Ciborgue, mas não tinha mais medo das ameaças do cabelo arrepiado.
Robin rosnou e isso fez Estelar pensar o porquê dele ser assim. Carência? Como tantos amigos? Solidão não havia de ser... Mas o que era?
Ela chegou a conclusão que era apenas falta de amor. Amor de quem? Dos pais? Amigos? Ou algo mais?
- Robin...
- Não fale comigo, esquisitona. - Falou ele, seco.
- Pode confiar em mim.
- Mas eu não confio. - Rebateu.
A alienígena, que se encontrava com os braços e pernas presos, suspirou.
- Tudo bem... Eu entendo... Traição dói. Já fui traída inúmeras vezes. Talvez eu seja apenas tola, trouxa de acreditar nos outros novamente... Muitas vezes é minha própria irmã que me usa... - Suspirou a alienígena. - Eu entendo que você não quer confiar em mim, por pensar que sou um monstro, ameaça... E por ser de outro planeta, acha que posso trair vocês e coisa assim... Tudo bem. Farei meu melhor.
- Estelar, eu...
- Robin, pode até não acreditar em mim... Mas eu... Confio em você.
- Mas como? - Ele arqueou uma sobrancelha.
- Sinto que é de confiança. E também um ótimo líder. - Ela deu um sorriso que só ela sabe dar e isso fez Robin ficar sem jeito diante daquela que queria tanto se manter longe.
- Obrigado por confiar em mim. E sim, sou um ótimo líder. - Ele escondeu a vergonha com narcisismo. Isso fez Ciborgue rir baixinho. Estelar sorriu.
- Ih, não é que a garota espacial conseguiu deixá-lo sem jeito? Ninguém nunca conseguiu isso. - Riu o metade robô.
- Nosso planeta está em constantes guerras desde que minha irmã está no comando. Ela só quer saber de ser poderosa. Não liga pra mim, pra família e amigos... Pra ela, só existe ela mesma. Por que o poder tem que subir na cabeça dela? - Uma lágrima escorreu dos olhos dela. - Não sou assim. Troco a fama, fortuna e poder por uma família, amor, carinho, paz e tranquilidade.
Robin se espantou com a tamanha sinceridade e espontaneidade da garota que achava esquisita. Ela não parecia mais perigosa. Talvez nunca tivesse sido. Mas pela preocupação com a equipe (e com ele próprio), ele achou melhor investigar a tamaraneana.
- Ela sempre disse que sou fraca, que luta melhor... Que é totalmente melhor que eu... Que não presto pra nada, sou inútil... - Ela agora estava soluçando. - A Terra é meu único refúgio. Eu sou mesmo uma boba. Sou inútil e fraca. Estou fugindo...
- Não se preocupe, aqui está segura. Deixaremos você ficar até que tudo se resolva. E qualquer coisa, podemos te ajudar com ela. - Ciborgue disse.
- Agradeço... - Fungou a ruiva.
- Você não é fraca, Estelar. Pelo contrário, é mais forte que parece. Parece inofensiva mas é muito poderosa. E tem um coração de ouro. Nunca deixe de ser assim. - Dessa vez, não foi o cérebro de Robin que o mandou falar. Foi o lado emocional, que há muito tempo andava desligado. Ele até falou com uma voz mais suave.
Tanto Estelar quanto Ciborgue se espantaram.
- O-obrigada... - A ruiva corou e desviou o olhar.
- Ciborgue, desliga isso. Não vou mais duvidar da capacidade dela. - Robin a libertou e olhou para Ciborgue com olhar sério.
- Tá, você quem manda. - Ciborgue deu de ombros e desligou. Nem queria fazer mesmo aquilo.
- Obrigada! Prometo não decepcionar vocês! Vou me comportar! - Estelar abraçou Robin com força e ele sentiu algo se agitando dentro dele. De novo. Parecia um choque elétrico. Sua pulsação aumentou e isso só acontecia quando estava muito zangado com um vilão e estava lutando.
- Eu sei que vai... - Ele de um meio sorriso, se apalpando.
"Sabia que no fundo você era bom... Que tinha um coração." - Estelar ficou a contemplá-lo mais um pouco. Ele desviou o olhar, por estar muito constrangido. Como deixou seu lado racional falhar? Emoções estragam tudo. Estragou da última vez que as usou. Essa seria a última vez que ele deixaria isso acontecer.
"Tão misteriosa quanto eu." - Pensou o mascarado.
"Senti um clima. Tomara que ela derreta esse coração de pedra dele." - Sorriu Ciborgue.
Os três foram para a sala central da Torre, e ficaram surpresos ao ver que Mutano havia pedido pizza.
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Entre Razões e Emoções
FanfictionRobin é sempre muito fechado e sempre age pela razão. Mas quem sabe uma certa alienígena possa balançar seu coração que há muito tempo andava desligado... Será uma luta de cérebro contra coração