Meu Passado Me Condena

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Quando os dois se separaram do abraço, Estelar ficou olhando fixamente para Robin (não dá pra dizer que olhou nos olhos, né?).

- Está na hora de você saber a verdade. Isso nem contei para os outros.

- Estou ouvindo. – Estelar disse, sentando-se ao lado dele, na grama mesmo.

Ele começou a contar e Estelar não o interrompera nenhuma vez. Cada coisa que ele contava, ela se admirava. Então era por isso que ele era desse jeito. Mas ele não devia guardar para si, certo?

- Eu entendo que você sofreu sozinho. Mas por que não contou isso pra ninguém? Ajudaria a desabafar... – Disse ela, numa voz macia e reconfortante.

Bom, pelo menos era para ser.

- Contar pra quem? – Robin se exaltou. – Ninguém queria me ouvir! Eu estaria perdido se o Bruce não me adotasse!

Estelar se assustou.

- Naquela hora, eu não podia mais confiar em ninguém. Por isso parei de me apegar. Só aos meus amigos. Mas a máscara "me esconde".

- Está seguro conosco. – Disse a doce alienígena. – Confie em nós.

- Sim... Vocês são de confiança.

- Por que contou isso para mim antes deles?

Robin coçou a nuca. Por que contou seu maior segredo, seu passado, sua história para aquela que queria ver de longe ou nem isso? Ele não devia se aproximar. Caso criasse muito afeto, os inimigos poderiam usá-la de fraqueza pra ele. Por isso, ele não devia se importar.

Naquela hora de fraqueza, qualquer ajuda era bem-vinda. Mas não era qualquer uma. Era Estelar. Ela tinha lindos olhos, um cabelo majestoso e macio, um perfume de morango, coração bondoso e alma gentil. Ele não queria feri-la e para o bem dela, era melhor que se afastasse dele.

- Sei lá... – Mentiu. – Eu acho que confio em você agora.

Estelar abriu um sorriso.

- Glorioso! – Ela deu um gritinho.

Com aquele sorriso, Robin não resistiu de retribuir.

- Vai contar aos outros o que aconteceu aqui? – Robin indagou, depois de um pequeno silêncio e de perceber que a noite já tinha caído e os dois estavam apenas sendo iluminados pelas luzes da Torre.

- Acho que é melhor não... – Decidiu a alien. – Pode ser nosso segredo.

- Tudo bem. Eles também merecem saber a verdade. – Robin apenas deu de ombros.

Quando Robin estava indo para voltar para a Torre, Estelar segurou seu braço.

- Espera... – Pediu ela e soltando o braço dele. – Mostre seu rosto. Mostre como você realmente é.

Robin engoliu em seco. Não estava pronto para isso e ainda mais, mostrar para ela. Era muito perigoso.

- N-não estou pronto... E-eu não posso...

- Sabia. – Suspirou uma alienígena triste.

Robin olhou para ela neste instante.

- Sabia que não confiava em mim de verdade.

Vários flashes voltaram a aparecer na mente de Robin, o que o deixou muito confuso e até zonzo. Mostrar para Estelar não deveria fazer mal, certo?

- Ok... Só uma olhadinha. – Ele concordou, mas fez sinal para Estelar ficar quieta.

Ela assentiu. Ele tocou a máscara. Estelar podia sentir cada batida do coração e estava um poço de curiosidade.

Seria o maior segredo de todos.

Quando Robin tirou a máscara, ainda estava com os olhos fechados. Os dois estavam perto de onde refletia luz, pois seria melhor para poder ver.

Lentamente, ele foi abrindo os olhos e revelou belos olhos azuis. Agora Estelar estava o encarando, maravilhada. Seu coração nem estava mais batendo, estava sambando.

- R-Robin...

- Esse sou eu de verdade. Dick Grayson. – Falou ele, sério.

- Agora entendi porquê você usa máscara. – Murmurou ela, se segurando para não se aproximar demais dele.

- Bom, agora que já viu...

- Não, espera. Deixa eu ficar olhando para eles um pouco mais... – Ela pediu e ali ficou.

Ele finalmente podia olhar para ela, sem máscara. Ela podia olhar os lindos olhos dele. E assim, os dois estavam se olhando nos olhos, que de ambos brilhava. Pelo impulso, começaram a se aproximar. Mas então...

- Opa! – Robin se esquivou. – Temos que voltar! Eles devem estar preocupados.

Estelar suspirou, triste. Mas depois se animou, ao ver o rosto dele um pouco melhor.

- Claro. E se eles perguntarem, conte a verdade. Seu coração ficará leve, vai ver.

- Com você, ele já ficou, Estelar.

Agora foi o coração dela que começou a se debater dentro do peito. Como assim?

- Digo... Eu desabafei, você me ouviu... Sabe, amigos fazem isso.

- Amiga? Eu sou sua amiga? – Os olhos de esmeralda dela brilhavam intensamente, causando quase uma falta de ar para Robin.

- É-é... Acho que sim. – Sem jeito, ele coçou a nuca. Estava tentando uma amizade com a garota que queria longe? Mas não podia mais viver de passado. Mas ainda assim, não queria entregar-se as emoções e enfraquecer nas lutas.

Ela sorriu.

- Que maravilha!

Robin estava muito corado e não estava pronto para olhá-la novamente. Seu cérebro e seu coração estavam tendo uma briga e Robin estava mais confuso do que nunca. O que de verdade devia fazer?

Entre Razões e EmoçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora