Sentimentos

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- Eu acho que a Terra é um dos melhores lugares para se viver! – Comentou Estelar, enquanto rodopiava pela sala.

- É, nunca vivi em outro planeta... – Robin disse, cruzando os braços.

A inocente alienígena achou que o garoto prodígio estava brincando e começou a rir.

- Ei, não era pra rir. Não foi piada.

- Mas você é tão engraçado, Robin! – Disse a ruiva, ainda rindo.

- Engraçado? Eu? Tem certeza? – Robin estava pasmo por estar ouvindo tudo daquela "desconhecida".

- Tenho, sim. Mesmo fechado, consegue ter senso de humor. Que nem a amiga Ravena.

- Quem disse que sou sua amiga? – Ravena apareceu do nada, assustando todos, menos Estelar, que sorria de orelha a orelha.

- EU! – A alien deu um belo abraço em Ravena, que tentou se desvencilhar mas não conseguiu. – Minha melhor amiga terráquea!

Ciborgue sorriu e Robin mesmo carrancudo, não pode deixar de rir dessa também.

- Cara... O Robin é engraçado? – Mutano colocou as mãos na cabeça. – Mas essa função é minha! Eu sou o engraçadinho!

- Corta essa, cara. Não precisa só ter um engraçado. – Ciborgue disse, olhando com uma cara estranha para Robin, que subitamente ficou sem jeito.

- Não sou engraçado. Mas se a Estelar acha...

- Ela parece ver graça em tudo. Mesmo em um planeta hostil. – O metade robô concluiu.

- Ela é diferente deles. – Robin suspirou, querendo mudar de assunto.

- Eu acho que ele não era tão hostil quanto é agora. – Mutano disse, indo pegar a pizza e indo para o sofá.

- Enfim... Vamos comer! Boo-yah! – Comemorou o garoto robô, pegando um pedaço.

- Pizza? Eu acho que já ouvi falar. – Estelar disse, pegando um pedaço.

- É a melhor coisa do mundo! Vai adorar. – Mutano disse, lambendo os dedos.

Estelar deu a primeira mordida.

- O GOSTO É FABULOSO! – Exclamou. – Tem mais?

Todos se espantaram.

- Hã... Claro. – Ravena disse, usando seus poderes para trazer outra.

- Ah, cara. Essa tem carne. – O metamorfo verde fez um bico e cruzou os braços.

- Amigo Mutano não come carne? – Perguntou a inocente Estelar.

- Não, ele é vegetariano. – Disse Robin.

- Quer dizer que só como vegetais. – Explicou-se Mutano, fazendo careta para Ciborgue que estava devorando toda a carne.

- Não sei se no seu planeta existe isso... – Robin comentou.

- Existe sim. E eu conheço dos outros planetas. – Explicou Estelar.

- Bom, experimenta a boa e velha carne terráquea. – Ciborgue deu um sorriso, só para provocar Mutano, que ainda estava emburrado.

Na mesma hora que a garota ruiva foi pegar um pedaço, Robin também foi e eles iam pegar o mesmo pedaço. As mãos deles se tocaram e eles logo tiraram por conta do leve choque que levaram.

Tanto Robin quanto Estelar estavam sem jeito.

- Já que nenhum dos dois quer... – Ciborgue piscou. – Vem com o papai! – E pegou o pedaço que ambos iam comer.

Estelar sorriu de canto para Robin, mesmo sem jeito. Robin sentiu algo estranho em si. Acontecia sempre que Estelar estava perto, mas ele não sabia o que era. Nunca havia acontecido isso. Ele não se permitia sentir nada. Não se permitia se divertir. Mas parece que Estelar estava fazendo algo com ele que nem ele próprio sabia. E olha ele alegava que sabia de tudo (era o que ele dizia). Era algo tão estranho mas era caloroso.

Estelar também não estava entendendo direito. Aquela troca de olhares, aqueles sorrisos tímidos, o toque... Ela sentia-se calorosa também. Jamais sentiu-se assim, tão bem, tão viva. Ultimamente, só havia acontecido coisas terríveis em Tamaran e agora, chegando na Terra, vendo as pessoas gentis... Conhecendo um rapaz que podia parecer frio, mas que no fundo tinha coração... Sem contar que ele era muito bonito.

- Amigos, dá para abrir a janela? – Pediu a menina ruiva.

- Ué, por que? – Perguntou Mutano, com a boca cheia de pizza (não era a de carne, era de brócolis).

- Está tão quente aqui... – Ela abanou o rosto com a mão, sentindo que o rosto estava quente. E de fato, ele estava bem vermelho. Mesmo em sua pele levemente alaranjada, ficava evidente.

- Eu acho que perdi a fome. – Robin levantou num pulo do sofá e iria treinar (como sempre). Ele perdera a fome pois uma estranha sensação de náusea percorreu seu estômago. Nunca havia acontecido nada assim, nem quando ele ficou lutando durante horas e nem sequer pensara em comer.

- Eu também. Estou satisfeita. Obrigada. – Reverenciou a tamaraneana.

- Hã... ok. – Ciborgue estava sem entender muito, mas continuou comendo.

Ela foi para o terraço, observar Robin lá embaixo, lutando contra bonecos de feno. Testando sua força, agilidade e rapidez. Ela apoiou as mãos no queixo e continuou admirando aquele ser humano tão fechado, tão misterioso... Nem se deu conta que estava suspirando.

Ninguém em Tamaran era muito gentil. Eram todos brutos, mesmo fêmeas. Ela era quase uma exceção. Por isso, sentiu-se em casa quando chegou na Terra. Parecia que o lugar dela era ali e não em Tamaran. Ela queria viver pra sempre dos amigos.

Quando foram gentis com ela, ela sentiu-se bem recepcionada e amada. Se sua própria irmã não gostava dela, tudo bem. Ela teria amigos bem melhores que ela, mesmo sendo parentes.

Ela tinha achado Robin interessante desde o momento em que colocara os olhos nele. Ele podia ser carrancudo e sério, mas sabia ser gentil e no fundo tinha um coração. Ele só precisava separar trabalho das demais coisas. Ele sempre dizia que era herói e nada mais. Já estava na hora de ser algo mais. Ele precisava de um descanso. Precisava de alguém.

Estelar sabia disso e sabia exatamente quem seria essa pessoa. Ou quem supostamente deveria ser.

Ele podia ser parecido no começo com os tamaraneanos, com poucas palavras, mais ação do que palavras (ou quase), mas no fundo, ele era apenas um garotinho que amava lutar, que adorava salvar as pessoas e chutar vilões. Ela não sabia o que era, mas havia sim, algo diferente em Robin.

Com pensamentos confusos, Estelar percebeu que aquelas sensações só podiam significar uma coisa: amor. Para os tamaraneanos, podia ser sinal de fraqueza. Mas para ela não. Ela gostava de sentir-se leve, mesmo que nunca tivesse sentido de verdade.

"Eu não sei o que fez eu me apaixonar por você, Robin... Mas vou descobrir." – Pensou ela, enquanto ainda admirava Robin dando chutes na cara dos bonecos e suspirando enquanto via o sol se pôr. Era uma maravilhosa visão.

Ela tinha algo diferente dos demais de seu povo. Coração. Afeto. Carinho. Tinha prazer por coisas simples. Mas será que seria tão simples se aproximar de um cara que só a queria à distância? Sabia que não, mas precisava mudá-lo. Robin precisava de ajuda e Estelar sabia disso. Ela adorava ajudar todo mundo então achava que se encaixaria bem nessa coisa de heroína.

Entre Razões e EmoçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora