9 - Princesa Ceres

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    Quase todos do vilarejo haviam se juntado perto a frente das enormes muralhas do castelo para a despedida do rei Roberts. Era quase um festival de despedidas. A rainha Klary havia ordenados os criados e os guardas para que construíssem uma arquibancada de palete para que ela se sentasse ao topo e a vista de todos. Assim foi feito e ela estava em uma cadeira ao alto da arquibancada, olhando atenciosamente para todos os moradores de Palássious. Ela havia ordenado também para fazer uma segunda cadeira ao lado dela, onde sua filha, a princesa Ceres, pudesse se sentar a sua direita.
     O aglomero de moradores de Palássious pareciam discutir sobre a viagem do rei Roberts, uns diziam que ele nunca irá voltar, que estava fugindo da rainha, pois a bruxaria dela havia acabado, outros falavam que o rei estava indo a caminho da guerra para tomar outros reinos. Mas ninguém sabia realente o motivo, somente a rainha e a princesa. A princesa Ceres suspirava fortemente a cada teoria que ela ouvia dos moradores sussurrando.
   O tumulto era confuso, curiosos e preocupados. Uns cochichavam o que a rainha pretendia fazer assim que o rei estivesse fora? Todos já sabiam da fama dela, o quanto ela era terrivelmente malvada.
   Ceres estava belíssima. Usava um vestido de ceda fina, em uma cor bege claro, a calda do vestido ultrapassava os pés do salto. Os cabelos estavam presos a uma trança igual à da sua mãe ao seu lado. Ambas pareciam e muito na beleza. A princesa Ceres parecia uma versão mais nova da rainha, e um pouco mais desajeitada também, sua postura na cadeira era bastante crítico. A rainha usava a coroa de ouro em sua cabeça, onde havia pedras lindíssimas que circulavam ao redor da coroa. Ceres tossiu fazendo sua mãe piscar.
   - Sente-se direito, Ceres. – Sussurrou sua mãe ainda olhando atenciosamente para a multidão lá em baixo. Esticando o pescoço longo para ver se o rei ainda estava pronto.
   Ceres olhou para a mãe com um olhar sério, e enquanto corrigia a postura ela viu Hermes na multidão lá embaixo, abrindo passagem até chagar a uma fita vermelha que separava a multidão da trilha onde o rei iria passar daqui a pouco.
   Ele olhou para o palco onde a rainha e a princesa estava, Ceres sorriu para ele assim que os olhos se encontraram, ela acenou como uma criança sorridente, e Hermes acenou novamente sorrindo. Hermes era amigo dela, sempre foi. A rainha olhou para Ceres vendo-a alegre. A rainha lançou um olhar sério e em seguida seguiu o olhar da princesa até ver Hermes a frente da multidão sorrindo para sua filha.
   A rainha cerrou os olhos e contraiu o queixo em fúria, mas ainda em sua postura ereta e bela como sempre. Suas mãos estavam pousadas no colo do vestido preto, e ela não pode evitar cerra o pulso quando viu Hermes alegre. NÃO PERMITIREI QUE ELE TRANSFORME MINHA FILHA EM UMA PLEBÉIA COM ELE,  pensou a rainha.
    Hermes tirou os olhos da princesa e olhou para os lados procurando a irmã mais nova, Seline, e a viu perto da carroça junto com um garotinho do mesmo tamanho. Ele se afogou na multidão novamente indo atrás dela, e a princesa o perdeu de vista. Seu sorriso desapareceu.
   - Palássious é magnificamente movimentado, não é Ceres? – Disse a rainha olhando penetrante para a princesa.
   Ceres ainda procurando Hermes com os olhos respondeu.
   - Com certeza mãe. – Sua voz parecia distante.
   O céu estava cinza, em um formato que assustava a princesa, um tempo frio, gelado, cruel, como a sua mãe. Não havia pássaros voando como sempre e parecia que uma chuva se aproximava, o que preocupava Ceres e muito. Viajar a esse tempo pelas colinas e pelos vales distantes do reino poderia ser bastante perigoso, principalmente na chuva. Ela ouvira histórias que seu pai contava a ela sobre a noite da floresta sombria, onde, no limite da floresta, demônios ou fúrias perseguiam os homens e comiam os olhos... ela imaginou isso acontecendo ao seu pai... logo expulsou isso da cabeça.
  As muralhas que cercava os campos do castelo era surpreendentemente enorme, talvez uns 50 metros de altura. As muralhas percorriam em volta do campo, e do monumento de pedra e tijolos se tornando um círculo. Separando o castelo das casas pobres e do vilarejo fedido. Ceres quando pequena se perguntava o porquê de a floresta sombria ser proibida? Acontece que o seu pai havia dito que a floresta sempre esteve ali, a centenas de anos. Ele havia contado histórias quando ela era pequena, de que ameaças dos lados de fora pudesse penetrar o reino Palássious. Demônios, fúrias... ela nunca viu uma fúria ou um demônio. Por isso existiam os cavaleiros de prata.
   Os cavaleiros de prata eram aqueles que protegiam a muralha e o castelo. Eles tinham como a missão, de ficar todos os dias e noite em cima da muralha vigiando perigos do lado de fora, ou fazendo rondas por todo o vilarejo a noite, caso houvesse algum, eles poderiam avisar tocando a trombeta, que funcionava como um sinal de um perigo. Acontece que nenhum perigo até hoje nunca houve, apenas o ataque do rival reino Crenteaw, mesmo assim, eles eram pagos.
   Ceres sonhava ser um deles, ser uma cavaleira de prata, por isso treinava com espadas e caçava quase todos os dias com o seu cavalo branco. Queria está pronta para proteger seu reino, para usar o a armadura de prata, para usar a espada. Hermes também tinha esse sonho, todos diziam que se tornar um cavaleiro de prata era uma tarefa bem suicida, mesmo nenhum perigo no reino, ou ataques de outros reinos, eles eram bastante corajosos. E Ceres sonhava ser corajosa, mas assim que se tornava um cavaleiro de prata, nunca mais poderia voltar atrás, teria que servir somente ao rei, seu pai, até o fim da morte. Já os guardas normais, eram apenas guardas que mantinha o vilarejo seguro.
   Ceres levantou o pescoço e viu os cavaleiros de prata a cima das muralhas de seu castelo confundíveis as nuvens, eram um grupo de dez pessoas, alguns estavam sentados sem medo de cair, outros em pé segurando espadas. Todos eles usavam amaduras de prata e capas que iam até as canelas. Todas roupas equipadas com vários tipos de armas que pudesse se imaginar. Não aqueles vestidos finos e delicados com criados a sua disposição, eles eram livres para fazer o que quiserem ali.
   Ceres sentiu uma pontada de inveja deles, eram tão divertidos, eles sorriam e brincavam. Enquanto eles protegiam o reino, e ela queria estar com eles, uma verdadeira guerreira, uma corajosa Ceres.

AS CRÔNICAS DOS HERDEIROS DE HARTERF - A espada de geloOnde histórias criam vida. Descubra agora