Crenteaw continha mais de três tavernas, clubes e bares, isso fora o puteiro onde belíssimas donzelas ficavam nuas e prontas para distribuir prazeres. Mas o príncipe Lucian Mour gostava de frequentar a Taverna Melior. Onde lá dentro era meio apertado. Havia mesas feito de madeira quadradas em duas fileiras e o balcão onde os bárbaros do reino se encontrava para desfrutar das cervejas horrorosas que o bar dispunha. Lucian sorria como um bêbado segurando uma garrafa de vidro na mão. Ali continha Rum. Estava sentado em um dos bancos do balcão com os cotovelos ralados repousado em cima. Ele trajava camiseta larga da cor do barro que escorria pelas ruas de seu reino, e calça de caça justa. Lucian herdara sua aparência da mãe. Diferente de seu meio irmão príncipe Hermon Carsy, ele continha os cabelos meio alisados, os cachos eram maiores, e sua cor era mais escura dos outros, se não o mais escuro dos seis irmãos. Os lábios carnudos e olhos negros que herdara da mãe, rainha Mary. Apesar de ser um príncipe, não se parecia e nem agia como tal. Seu pai Lorde Ribeiro havia se separado de sua mãe e levado seus dois irmãos de sangue puro, irmãos que brincou durante a infância, deixando somente Cisy Mour, a irmã mais velha de todos.
- Fúrias? - Perguntou para um homem ao lado, ele passou a garrafa de Rum para a outra mão e levou aos lábios carnudos. - Nunca ouvir falar, acredito que sejam lendas. - Comentou de boca repleta de Rum.
O homem com quem conversava ao lado era o camponês Sozé, da rua Balioris, ele era baixo, bem idoso e mal continha os três dentes da frente. Ele sorriu mostrando a boca banguela.
- Claro que são histórias, meu príncipe. - Disse o homem com a voz aguda.
Lucian repousou a garrafa na bancada e olhou para ela com os olhos zonzos.
- Eu já disse que não quero que me dirige a realeza. - Disse ele. - Não precisa de tanta formalidade comigo. - Riu desajeitado, e olhou para o idoso ao lado. - Infelizmente sou príncipe porque carrego o sangue de minha mãe, somente dela.
O velho franziu a cara enrugada.
- Não gosta de seu pai... digo, não gosta do rei?Lucian sorriu de lado, os olhos ainda sonolentos.
- Eu o aprecio como tal, mas não aprecio de carregar o fardo da realiza comigo só porque é meu padrasto.
- Para muito esse fardo é proeza. - Revelou o idoso.
Lucian revirou os olhos bebum e soltou um arroto mal-educado. Riu do próprio mal feito e voltou a encarar o idoso ao seu lado.- Não carrego o sobrenome real dos Carsy, por que minha mãe se casou com meu pai antes de se tornar rainha, por isso não sou um Carsy. Já os meus meios irmãos carregam, pois quando ela se casou com Aliot Ariel, ela já era rainha. – Lucian disse entorpecido, logo sorriu. – Era isso que queria saber?
O velho sorriu.
- Era uma regra importante?
Lucian revirou os olhos.
- Podemos voltar ao assunto das fúrias? - Sugeriu.
O idoso tossiu como um animal atingido por uma flecha na garganta.
- Como o senhor disse, são apenas histórias.
- Minha avó, mãe de minha mãe teria ouvidos para essas histórias, posso ser pirracento, mas dou a ouvidos. - Lucian disse um pouco sem rosto.
- Como queira, meu príncipe. - Cedeu o idoso. - São seres caídos. Fúrias da noite, meu senhor. Quando desobedecem às ordens dos céus e dos três Deuses, esses têm a queda, o céu abre em um buraco negro e se enche de relâmpagos e raios abomináveis, logo a fúria cai, com suas longas asas rasgando o céu e atingindo a atmosfera. Geralmente são duas vezes do tamanho de um nobre comum, mas quando atingem o solo desse mundo... - O velho se aproximou mais perto de Lucian. - Eles se tornam pequenos e perdem suas asas antes chamadas de iluminados. - Sussurrou por sua vez.
Lucian não pareceu crível e nem estarrecido como o idoso esperava, ele tomou mais um gole do Rum em seguida pousou o vidro no balcão.
- Acha que devo ter medo deles? Digo, dessa tal de Fúrias?
- O senhor está considerando acreditar? - Perguntou o velho com uma expressão que encheu seu rosto de faces.
Lucian sorriu de lado, os grossos lábios escuros molhados de Rum.
- Supondo, é claro. - Deu de ombros. - Nem sei o que pensar. – Ele levantou as duas mãos. - Estou quase bêbado. - Gargalhou como um louco.
O velho sorriu esperto, logo disse:
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AS CRÔNICAS DOS HERDEIROS DE HARTERF - A espada de gelo
FantasyINCANDESCENT DARKINESS A crônica de fantasia, mistério e intriga que oferece um romance e uma aventura que clama uma futura guerra que assombrará a todos desse mundo! A ESPADA DE GELO Depois de séculos, Whogthon se tornou o país mais sangrento que e...